quarta-feira, 10 de julho de 2013

PIRATARIA AÉREA



Luís Rainha – Jornal i, opinião

Um cidadão norte-americano revelou aos compatriotas que um vasto programa de espionagem da administração Obama vasculha todas as suas comunicações. Confirmou ainda que governos, empresas e indivíduos europeus gozam do mesmo grau de privacidade face a este omnívoro Big Brother (só mesmo a impagável Maria de Belém para lamentar a falta de escutas a Portugal, sintoma da nossa irrelevância).

E como agradeceu a Europa ao homem que denunciou o crime? Colocando-se ao lado dos seus perseguidores e tudo fazendo para lhe dificultar a vida. Chegando ao extremo de forçar o avião de um chefe de Estado a aterrar na Áustria, revistando-o depois em busca de um gambozino: Edward Snowden não viajava lá. O governo de Portugal embarcou sem hesitar nesta operação de pirataria aérea, negando os nossos aeroportos a Evo Morales.

Só mesmo por estarmos entretidos na altura com mais uma cabriola de Paulo Portas, o sociopata inimputável, é que isto não se transformou logo num escândalo nacional (espero eu). Aliás, o nosso ainda ministro dos Negócios Estrangeiros nem sequer teve a coragem de admitir o que fez, ao contrário dos espanhóis, que não recorreram à desculpa cobarde dos “motivos técnicos” e agora até se mostram dispostos a pedir perdão.

Repito: ajudámos a desviar e a sequestrar o avião de um chefe de Estado. Poderia tal suceder a Obama ou sequer a Cavaco? Mas aposto que vamos continuar a crer que “eles”, lá no outro lado do mundo, é que são pouco democráticos e adeptos de métodos totalitários.

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