Luís Rainha –
Jornal i, opinião
Um cidadão
norte-americano revelou aos compatriotas que um vasto programa de espionagem da
administração Obama vasculha todas as suas comunicações. Confirmou ainda que
governos, empresas e indivíduos europeus gozam do mesmo grau de privacidade
face a este omnívoro Big Brother (só mesmo a impagável Maria de Belém para
lamentar a falta de escutas a Portugal, sintoma da nossa irrelevância).
E como agradeceu a
Europa ao homem que denunciou o crime? Colocando-se ao lado dos seus
perseguidores e tudo fazendo para lhe dificultar a vida. Chegando ao extremo de
forçar o avião de um chefe de Estado a aterrar na Áustria, revistando-o depois
em busca de um gambozino: Edward Snowden não viajava lá. O governo de Portugal
embarcou sem hesitar nesta operação de pirataria aérea, negando os nossos
aeroportos a Evo Morales.
Só mesmo por
estarmos entretidos na altura com mais uma cabriola de Paulo Portas, o sociopata
inimputável, é que isto não se transformou logo num escândalo nacional (espero
eu). Aliás, o nosso ainda ministro dos Negócios Estrangeiros nem sequer teve a
coragem de admitir o que fez, ao contrário dos espanhóis, que não recorreram à
desculpa cobarde dos “motivos técnicos” e agora até se mostram dispostos a
pedir perdão.
Repito: ajudámos a
desviar e a sequestrar o avião de um chefe de Estado. Poderia tal suceder a
Obama ou sequer a Cavaco? Mas aposto que vamos continuar a crer que “eles”, lá
no outro lado do mundo, é que são pouco democráticos e adeptos de métodos
totalitários.
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