Críticas ao
programa "Mais Médicos" têm origem em divergências partidárias, e não
nas necessidades da população
Suzanne Serruya,
Montevidéu – Opera Mundi
Ando sem paciência
porque esta discussão é claramente política e partidária e muitos médicos estão
portando-se de maneira tão ridícula que fico sem terreno para argumentar com
fatos, números, dados, enfim, para debater como é salutar. Ademais, o posicionamento
da mídia e das representações médicas é totalmente pela defesa da saúde como
mercado, lucros e interesses privados.
Sempre fico feliz quando, trabalhando nos países da região, digo que sou brasileira e recebo um sorriso. Em geral, além das nossas belezas naturais, falam de futebol. O Brasil exporta jogadores para o mundo e eles são recebidos como heróis por suas qualidades.
Desde sempre a presença de médicos para os mais pobres é um problema. Mundial. Em lugares de crises, nos lugares inóspitos, para população rural ou indígena, e é um problema difícil de resolver porque precisa de gente, gente com compromissos e valores, mais do que qualquer outra coisa. Nos países prioritários que venho trabalhando na região das Américas, os cubanos, entre os médicos estrangeiros, são os mais respeitados. A parte de concordar ou não com o regime político, as pessoas reconhecem que suas capacidades técnicas e compromisso são de excelência.
Como exemplo, cito a ajuda cubana ao Haiti. Principalmente depois do terremoto, chegaram milhões de dólares, vários países mandaram médicos, mas eles reconhecem que onde os estrangeiros fizeram diferença foi onde ESTÃO ainda agora os cubanos, porque os dólares estão sumindo e a ajuda internacional também, mas os cubanos estão lá trabalhando e ajudando este país que muito ainda necessita.
Sempre fico feliz quando, trabalhando nos países da região, digo que sou brasileira e recebo um sorriso. Em geral, além das nossas belezas naturais, falam de futebol. O Brasil exporta jogadores para o mundo e eles são recebidos como heróis por suas qualidades.
Desde sempre a presença de médicos para os mais pobres é um problema. Mundial. Em lugares de crises, nos lugares inóspitos, para população rural ou indígena, e é um problema difícil de resolver porque precisa de gente, gente com compromissos e valores, mais do que qualquer outra coisa. Nos países prioritários que venho trabalhando na região das Américas, os cubanos, entre os médicos estrangeiros, são os mais respeitados. A parte de concordar ou não com o regime político, as pessoas reconhecem que suas capacidades técnicas e compromisso são de excelência.
Como exemplo, cito a ajuda cubana ao Haiti. Principalmente depois do terremoto, chegaram milhões de dólares, vários países mandaram médicos, mas eles reconhecem que onde os estrangeiros fizeram diferença foi onde ESTÃO ainda agora os cubanos, porque os dólares estão sumindo e a ajuda internacional também, mas os cubanos estão lá trabalhando e ajudando este país que muito ainda necessita.
Centralizar nos
cubanos me feriu desde o inicio, mas o comentário racista e inclassificável
desta menina [a jornalista que disse que médicas cubanas tinham cara de
empregada doméstica], representante do pior que tem na nossa sociedade, me
revolta. Por que a mídia elogiou em 99% ou não deu bola? Por que até agora
ninguém acusou os prefeitos e os governadores que pediram os médicos? Por que
só o ministro Alexandre Padilha é publicamente açoitado? Ninguém acha que a
discussão deve envolver os responsáveis locais ou isso já não interessa na
discussão?
E, afinal, alguém
perguntou ou a mídia divulgou algo dos interessados? Alguém que passa no
Facebook para dizer estas barbaridades conhece estes municípios? Conhece as
pessoas? Sabe o que é promoção da saúde? Sabe o que significa a atenção
primaria? NAO!!!! É simplesmente achismo, preconceito e política partidária
contra o ministro que teve peito para enfrentar este problema. O mundo tão
necessitado de saúde e esta gente egoísta reclamando de maneira tão xenofóbica.
Vergonha do país. Orgulho de alguns brasileiros.
Para terminar, os médicos, e é uma vergonha quase permanente, todos os dias são denunciados: é dedo de silicone, médico que não levanta para ver a paciente morrer, médico que assina e não trabalha e o número crescente de queixas judiciais de má pratica. Mas quando vi a foto do médico cubano vaiado em Fortaleza, fiquei orgulhosa. De ser médica e ter exemplos como ele.
Esta discussão, que podia ter servido aos médicos e ao país, mostrou que estamos imaturos.
Espero que os cubanos e os outros estrangeiros nos desculpem. Este país não é xenófobo e, apesar de muitos preconceituosos, a maioria dos brasileiros e os que mais precisam agradecerão a estes homens e mulheres, médicos.
* Suzanne Serruya é Assessora Regional da OPAS/OMS para as Américas
Para terminar, os médicos, e é uma vergonha quase permanente, todos os dias são denunciados: é dedo de silicone, médico que não levanta para ver a paciente morrer, médico que assina e não trabalha e o número crescente de queixas judiciais de má pratica. Mas quando vi a foto do médico cubano vaiado em Fortaleza, fiquei orgulhosa. De ser médica e ter exemplos como ele.
Esta discussão, que podia ter servido aos médicos e ao país, mostrou que estamos imaturos.
Espero que os cubanos e os outros estrangeiros nos desculpem. Este país não é xenófobo e, apesar de muitos preconceituosos, a maioria dos brasileiros e os que mais precisam agradecerão a estes homens e mulheres, médicos.
* Suzanne Serruya é Assessora Regional da OPAS/OMS para as Américas
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