O CONTORCIONISMO DO
PT BRASILEIRO
O contorcionismo do PT brasileiro diante das manifestações que atravessam o país é visível. Ele tenta cooptar as manifestações, como se estas não fossem também contra o seu governo. Ao mesmo tempo, vai prometendo medidas paliativas mas que não ponham em causa o dogma neoliberal. Isso ficou patente no discurso de 21 de Junho da presidente Dilma Roussef, em cadeia nacional de TV. A presidente nem sequer pôs em causa a privatização selvagem dos transportes públicos de passageiros nas principais cidades brasileiras. O seu "plano nacional de mobilidade" aparentemente não será para reverter essa actividade aos poderes públicos. Os lucros dos capitalistas donos das empresas de "ônibus" têm de ser garantidos, mesmo que para isso o governo do PT tenha de lhes dar alguns subsídios a fim de reduzir tarifas e baixar a tensão social. A presidente, no seu discurso, tão pouco fez qualquer auto-crítica quanto aos gastos monstruosos do seu governo com campeonatos do jogo da bola. Na verdade, entre o PT e o PSDB brasileiros existe tanta diferença como entre o PS e o PSD portugueses — ou seja, pouca ou nenhuma. (em Resistir.info)
A
institucionalização e a hegemonia reformista no Foro de São Paulo
PCB
O Foro de São
Paulo, do qual o PCB é membro fundador, a cada ano aprofunda seu processo de
institucionalização e de perda de identidade.
A posse de Lula em
2002, foi o momento de inflexão. Já descaracterizado e degenerado
ideologicamente, o PT hegemoniza de forma incontestável o Foro de São Paulo e o
coloca a serviço do projeto de desenvolvimento do capitalismo brasileiro, com o
objetivo estratégico de uma integração latino-americana sob hegemonia
brasileira, para fazer do país uma potência mundial.
O Foro de São Paulo
transformou-se em correia de transmissão do capitalismo brasileiro que,
valendo-se da morte de Chávez, aparelha e expande o MERCOSUL (uma integração de
mercados), para ocupar mais espaços e engolir e enterrar a ALBA, a integração
soberana, solidária e complementar de Nossa América.
Tentando afirmar o
Foro como braço regional do neodesenvolvimentismo brasileiro, o PT passa a
privilegiar os processos eleitorais em detrimento das lutas de massas,
procurando em cada país contribuir política e materialmente para a eleição de
governos alinhados com a hegemonia brasileira. Isto significou a
descaracterização do Foro de São Paulo, nascido como uma articulação
anti-imperialista com caráter anti-capitalista.
Nessa guinada,
gradativamente foi sendo anulado o protagonismo de organizações revolucionárias
e privilegiou-se uma ampliação quantitativa, heterogênea, policlassista, com
ênfase em partidos social-democratas e social-liberais, chegando ao ponto de o
Foro ser integrado hoje por partidos antagônicos e adversários em seus países.
O papel principal passou a ser dos partidos que participam de governos e os que
podem se tornar governo, o que significa garantia de contratos para empresas
brasileiras.
Uma vez tendo se
fortalecido na América Latina, o Foro de São Paulo agora tem o objetivo de se internacionalizar
como uma alternativa mundial reformista, inclusive em contraposição ao
movimento comunista internacional.
Apesar dessa
análise, o PCB está presente neste evento, para lutar contra a hegemonia
reformista, dialogando com as forças políticas com as quais temos afinidades,
contribuindo modestamente para uma necessária articulação revolucionária
latino-americana. A nosso juízo, os reformistas, mais do que nunca, são grandes
inimigos da revolução socialista, pois iludem os trabalhadores e os desmobilizam,
facilitando o trabalho do capital.
Documento do Comitê
Central do PCB ao Fórum de São Paulo
O original
encontra-se em pcb.org.br/...
Este documento
encontra-se em http://resistir.info/
*Título PG
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