sábado, 24 de agosto de 2013

EUA/Escutas. Agência de Segurança pagou a gigantes da internet, diz Guardian

 

Jornal i - Lusa
 
A Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos da América (NSA) pagou milhões de dólares a grandes empresas da internet, como a Yahoo, Google, Microsoft e Facebook, para compensar os custos associados aos pedidos de vigilância informática.
 
Segundo o jornal The Guardian, que cita novos documentos fornecidos pelo ex-analista da CIA Edward Snowden, isto prova pela primeira vez a vinculação entre estas empresas de internet e os programas de espionagem norte-americanos.
 
Estes custos adicionais resultaram de novas exigências do Tribunal Fisa, tribunal federal que define e autoriza as operações de vigilância, criado ao abrigo da Lei de Vigilância e Inteligência Estrangeira, e que, em 2011, declarou o programa inconstitucional.
 
A suspensão foi decidida depois de se saber que a NSA intercetava milhares de e-mails, em violação da privacidade de pessoas sem qualquer relação com terrorismo, e obrigou a agência a mudar a forma de recolher informação eletrónica.
 
Depois disso, a agência começou a solicitar que o Tribunal Fisa assinasse “certificados” anuais para garantir um quadro jurídico para estas operações de vigilância, sendo estes renovados temporariamente.
 
“Os problemas do ano passado tiveram como resultado várias extensões das datas de vencimento dos certificados, o que custou milhões de dólares aos prestadores do programa de vigilância para implementar cada uma das extensões seguintes, custos esses a cargo das Operações de Recursos Especiais", refere um dos documentos internos da NSA datados no final de 2012.
 
Snowden explicou ao jornal britânico que este corpo das Operações de Recursos Especiais é “a joia da coroa”, uma vez que coordena todos os programas de espionagem que se baseiam nas “alianças corporativas” com empresas de telecomunicações e servidores da internet que permitem o acesso a dados de comunicações.
 
Quando questionado acerca do papel da empresa nestes programas de vigilância, um porta-voz da Yahoo explicou que “as leis federais exigem que o Governo norte-americano reembolse as empresas de todos os gastos realizados para responder a todos os procedimentos legais obrigatórios impostos pelo Governo”
 
“Solicitámos estes reembolsos de acordo com a lei”, disse o porta-voz, sem, no entanto, esclarecer qual o papel e participação da Yahoo nestes programas.
 
O Facebook, também através do seu porta-voz, indicou que “nunca recebeu uma compensação em relação ao pedido de cedência de dados por parte do Governo”.
 
A Microsoft e a Google não se pronunciaram a este respeito, segundo o mesmo diário.
 
O jornal britânico disse hoje que está a trabalhar em conjunto com o jornal New York Times nos documentos obtidos por Edward Snowden devido à "intensa pressão" do Governo britânico.
 
Isto acontece depois do companheiro do jornalista Glenn Greenwald, do diário The Guardian, que divulgou as revelações sobre programas de espionagem eletrónica, ter sido detido pela polícia britânica ao abrigo da legislação contra o terrorismo.
 
O mesmo jornal disse que foi forçado pelo Governo britânico a destruir os documentos fornecidos por Edward Snowden, ameaçando com um processo judicial e afirmou que “num clima de intensa pressão por parte do Governo britânico, o The Guardian vai trabalhar com o parceiro norte-americano nos documentos fornecidos por Edward Snowden”.
 
O The Guardian e o The New York Times já tinham colaborado um com o outro em 2010, no escândalo das escutas telefónicas do jornal de Rupert Murdoch, o News of the World.
 
O diário britânico afirmou que nos Estados Unidos da América os jornalistas estão protegidos pela Primeira Emenda da Constituição que garante a liberdade de expressão e, na prática, impede o Estado de "censura prévia".
 
Não houve uma reação imediata do Governo britânico nem do “New York Times”.
 

Sem comentários:

Mais lidas da semana