Base secreta de
vigilância da Internet no Médio Oriente
O projecto está a ser montado pelo
GCHQ britânico
Duncan Campbell,
Oliver Wright, James Cusick, Kim Sengupta [*]
A Grã-Bretanha
dirige uma estação secreta de monitoramento da Internet no Médio Oriente, para
interceptar e processar vastas quantidades de emails, chamadas telefónicas e
tráfego web por conta de agências de inteligência ocidentais, soube The
Independent.
A estação é capaz de "picar" e extrair dados dos cabos submarinos de fibra óptica que atravessam toda a região.
A informação é então processada para inteligência e passada ao GCHQ (Government Communications Headquarters) em Cheltenham e partilhada com a National Security Agency (NSA) nos Estados Unidos. O governo afirma que a estação é um elemento chave na "guerra ao terror" do Ocidente e proporciona um sistema vital de "advertência antecipada" de ataques potenciais em todo o mundo.
The Independent não está a revelar a localização precisa da estação mas informações acerca das suas actividades estavam contidas nos documentos obtidos da NSA por Edward Snowden. Reportagens do jornal The Guardian acerca destes documentos provocaram nos últimos meses uma disputa com o governo, com peritos em segurança do GCHQ a supervisionarem a destruição dos discos duros contendo os dados.
A instalação do Médio Oriente é encarada como particularmente valiosa pelos britânicos e americanos porque pode dar acesso a cabos submarinos que atravessam toda a região. Todas as mensagens e dados passados para diante e para trás nos cabos são copiados em "buffers" de armazenagem em computador e a seguir peneiradas à procura de elementos com interesse especial.
A informação acerca do projecto estava contida em 50 mil documentos GCHQ que o sr. Snowden descarregou durante o ano de 2012. Muitos deles vieram de um sítio de informação interna estilo Wikipedia chamado GC-Wiki. Ao contrário da Wikipedia pública, o wiki do GCHQ tinha geralmente a classificação Top Secret ou superior.
Esta revelação chega no momento em que a Metropolitan Police anunciou que estava a lançar uma investigação de terrorismo quanto ao material encontrado no computador de David Miranda, o parceiro brasileiro do jornalista Glenn Greenwasd, de The Guardian – o qual está no centro da controvérsia Snowden.
A Scotland Yard disse que o material examinado até agora no computador do sr. Miranda era "altamente sensível", cuja revelação "podia por vidas em risco".
The Independent entende que The Guardian concordou com o pedido do governo de não publicar qualquer material contido nos documentos Snowden que pudessem prejudicar a segurança nacional.
Além disso, ao destruir um computador contendo uma cópia dos ficheiros Snowden, o editor do jornal, Alan Rusbridger, concordou em restringir as reportagens do jornal com base naqueles documentos.
O governo também pediu que o jornal não publicasse pormenores de como empresas telecoms britânicas, incluindo BT e Vodafone, estavam secretamente a colaborar com o GCHQ para interceptar a vasta maioria de todo o tráfego internet entrando no país. O jornal teve pormenores do programa altamente controverso e secreto durante mais de um mês. Mas apenas publicou informação sobre o esquema – o qual envolvia pagar às companhias para "picarem" nos cabos de fibra óptica que entram na Grã-Bretanha – após as alegações aparecidas no jornal alemão Süddeutsche Zeitung. Uma porta-voz do Guardian recusou-se a comentar acerca de qualquer acordo com o governo.
Uma alta fonte de Whitehall [rua onde está a sede do governo britânico] disse: "Concordámos com The Guardian em que as nossas discussões com eles permaneceriam confidenciais".
Mas há temores no governo de que o sr. Greenwald – o qual ainda tem acesso aos ficheiros – possa tentar divulgar informação danosa.
Após a detenção do sr. Miranda ele disse: "Serei muito mais agressivo nas minhas reportagens a partir de agora. Vou publicar muitos mais documentos. Tenho muitos mais documentos do sistema de espionagem da Inglaterra. Penso que eles lamentarão o que fizeram".
Uma das áreas de preocupação em Whitehall é que pormenores da base de espionagem no Médio Oriente identificativos da sua localização possam entrar no domínio público.
A operação de colecta de dados faz parte de um projecto internet de £1000 milhões [€860 milhões] que ainda está a ser montado pelo GCHQ. Faz parte do sistema de vigilância e monitorização, com o nome de código "Tempora", cujo objectivo mais vasto é a intercepção global de comunicações digitais, tais como emails e mensagens de texto.
Através de três sítios, as comunicações – incluindo chamadas telefónicas – são rastreadas tanto por antenas (dishes) de satélite como pela picagem de cabos submarinos de fibra óptica.
O acesso ao tráfego do Médio Oriente tornou-se crítico para agências de inteligência estado-unidenses e britânicas após o 11/Set. A sede de Maryland da NSA e o Departamento da Defesa em Washington têm pressionado por maior cooperação e partilha de tecnologia entre agências dos EUA e Reino Unido.
A estação do Médio Oriente foi estabelecida sob uma autorização assinada pelo então secretário dos Negócios Estrangeiros David Miliband, que permitiu à GCHQ monitorar e armazenar para análise dados que passam através das redes de cabos de fibra óptica que ligam a internet em todo o mundo.
O certificado autorizava o GCHQ a colectar informação acerca de "intenções políticas de potências estrangeiras", terrorismo, proliferação, mercenários e companhias militares privadas, assim como fraude financeira grave.
Contudo, os certificados são reemitidos a cada seis meses e podem ser mudados pelos ministros à vontade. Responsáveis do GCHQ são então livres para visar qualquer um que esteja além-mar ou a comunicar-se de além-mar sem outras verificações ou controles se pensarem que caem dentro dos termos de um certificado em vigor.
O orçamento preciso para esta dispendiosa tecnologia encoberta é encarado como melindroso pelo Ministério da Defesa e o Foreign Office.
Contudo, a escala da operação no Médio Oriente e a utilização crescente pelo GCHQ da tecnologia submarina para interceptar comunicações bem como a alta capacidade dos cabos, sugere um investimento substancial.
Fontes de inteligência negaram que o objectivo seja uma colecta universal de todas as comunicações, insistindo em que a operação é destinada a segurança, terror e crime organizado.
A estação é capaz de "picar" e extrair dados dos cabos submarinos de fibra óptica que atravessam toda a região.
A informação é então processada para inteligência e passada ao GCHQ (Government Communications Headquarters) em Cheltenham e partilhada com a National Security Agency (NSA) nos Estados Unidos. O governo afirma que a estação é um elemento chave na "guerra ao terror" do Ocidente e proporciona um sistema vital de "advertência antecipada" de ataques potenciais em todo o mundo.
The Independent não está a revelar a localização precisa da estação mas informações acerca das suas actividades estavam contidas nos documentos obtidos da NSA por Edward Snowden. Reportagens do jornal The Guardian acerca destes documentos provocaram nos últimos meses uma disputa com o governo, com peritos em segurança do GCHQ a supervisionarem a destruição dos discos duros contendo os dados.
A instalação do Médio Oriente é encarada como particularmente valiosa pelos britânicos e americanos porque pode dar acesso a cabos submarinos que atravessam toda a região. Todas as mensagens e dados passados para diante e para trás nos cabos são copiados em "buffers" de armazenagem em computador e a seguir peneiradas à procura de elementos com interesse especial.
A informação acerca do projecto estava contida em 50 mil documentos GCHQ que o sr. Snowden descarregou durante o ano de 2012. Muitos deles vieram de um sítio de informação interna estilo Wikipedia chamado GC-Wiki. Ao contrário da Wikipedia pública, o wiki do GCHQ tinha geralmente a classificação Top Secret ou superior.
Esta revelação chega no momento em que a Metropolitan Police anunciou que estava a lançar uma investigação de terrorismo quanto ao material encontrado no computador de David Miranda, o parceiro brasileiro do jornalista Glenn Greenwasd, de The Guardian – o qual está no centro da controvérsia Snowden.
A Scotland Yard disse que o material examinado até agora no computador do sr. Miranda era "altamente sensível", cuja revelação "podia por vidas em risco".
The Independent entende que The Guardian concordou com o pedido do governo de não publicar qualquer material contido nos documentos Snowden que pudessem prejudicar a segurança nacional.
Além disso, ao destruir um computador contendo uma cópia dos ficheiros Snowden, o editor do jornal, Alan Rusbridger, concordou em restringir as reportagens do jornal com base naqueles documentos.
O governo também pediu que o jornal não publicasse pormenores de como empresas telecoms britânicas, incluindo BT e Vodafone, estavam secretamente a colaborar com o GCHQ para interceptar a vasta maioria de todo o tráfego internet entrando no país. O jornal teve pormenores do programa altamente controverso e secreto durante mais de um mês. Mas apenas publicou informação sobre o esquema – o qual envolvia pagar às companhias para "picarem" nos cabos de fibra óptica que entram na Grã-Bretanha – após as alegações aparecidas no jornal alemão Süddeutsche Zeitung. Uma porta-voz do Guardian recusou-se a comentar acerca de qualquer acordo com o governo.
Uma alta fonte de Whitehall [rua onde está a sede do governo britânico] disse: "Concordámos com The Guardian em que as nossas discussões com eles permaneceriam confidenciais".
Mas há temores no governo de que o sr. Greenwald – o qual ainda tem acesso aos ficheiros – possa tentar divulgar informação danosa.
Após a detenção do sr. Miranda ele disse: "Serei muito mais agressivo nas minhas reportagens a partir de agora. Vou publicar muitos mais documentos. Tenho muitos mais documentos do sistema de espionagem da Inglaterra. Penso que eles lamentarão o que fizeram".
Uma das áreas de preocupação em Whitehall é que pormenores da base de espionagem no Médio Oriente identificativos da sua localização possam entrar no domínio público.
A operação de colecta de dados faz parte de um projecto internet de £1000 milhões [€860 milhões] que ainda está a ser montado pelo GCHQ. Faz parte do sistema de vigilância e monitorização, com o nome de código "Tempora", cujo objectivo mais vasto é a intercepção global de comunicações digitais, tais como emails e mensagens de texto.
Através de três sítios, as comunicações – incluindo chamadas telefónicas – são rastreadas tanto por antenas (dishes) de satélite como pela picagem de cabos submarinos de fibra óptica.
O acesso ao tráfego do Médio Oriente tornou-se crítico para agências de inteligência estado-unidenses e britânicas após o 11/Set. A sede de Maryland da NSA e o Departamento da Defesa em Washington têm pressionado por maior cooperação e partilha de tecnologia entre agências dos EUA e Reino Unido.
A estação do Médio Oriente foi estabelecida sob uma autorização assinada pelo então secretário dos Negócios Estrangeiros David Miliband, que permitiu à GCHQ monitorar e armazenar para análise dados que passam através das redes de cabos de fibra óptica que ligam a internet em todo o mundo.
O certificado autorizava o GCHQ a colectar informação acerca de "intenções políticas de potências estrangeiras", terrorismo, proliferação, mercenários e companhias militares privadas, assim como fraude financeira grave.
Contudo, os certificados são reemitidos a cada seis meses e podem ser mudados pelos ministros à vontade. Responsáveis do GCHQ são então livres para visar qualquer um que esteja além-mar ou a comunicar-se de além-mar sem outras verificações ou controles se pensarem que caem dentro dos termos de um certificado em vigor.
O orçamento preciso para esta dispendiosa tecnologia encoberta é encarado como melindroso pelo Ministério da Defesa e o Foreign Office.
Contudo, a escala da operação no Médio Oriente e a utilização crescente pelo GCHQ da tecnologia submarina para interceptar comunicações bem como a alta capacidade dos cabos, sugere um investimento substancial.
Fontes de inteligência negaram que o objectivo seja uma colecta universal de todas as comunicações, insistindo em que a operação é destinada a segurança, terror e crime organizado.
23/Agosto/2013
[*] Jornalistas de The Independent.
O original encontra-se em www.independent.co.uk/...
Esta notícia encontra-se em http://resistir.info/
O original encontra-se em www.independent.co.uk/...
Esta notícia encontra-se em http://resistir.info/
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