África 21, com agência
"Moçambique
não pode ser hipotecado a cidadãos que não querem olhar para a realidade
moçambicana de forma construtiva. A Renamo não pode ditar ao Governo para
concordar ou não com suas iniciativas. Isto revela falta de seriedade",
diz chefe da delegação governamental às conversações com a Renamo.
Maputo - O Governo
moçambicano diz que tudo fará para que o processo eleitoral tenha lugar nas
datas previstas. José Pacheco, ministro da Agricultura, que chefia a delegação
do Governo no diálogo com a Renamo, ao reafirmar esta posição, segunda-feira
(19), em Maputo, no final da 17ª ronda de conversações, disse que as eleições
terão lugar independentemente da vontade da Renamo.
Pacheco revelou que
as partes fizeram antes uma espécie de retrospectiva das matérias discutidas
nas rondas anteriores, para depois se avançar para a discussão na especialidade
das questões sobre a paridade nos órgãos eleitorais.
Durante a
discussão, segundo Pacheco, a Renamo voltou a insistir num acordo político.
"Moçambique
não pode ser hipotecado a cidadãos que não querem olhar para a realidade
moçambicana de forma construtiva. A Renamo não pode ditar ao Governo para
concordar ou não com suas iniciativas. Isto revela falta de seriedade",
disse Pacheco.
Face e este
posicionamento, o Governo reiterou que a Renamo deverá enviar as suas propostas
à Assmbleia da República ou então remeter os pontos em discórdia para um
encontro entre o Presidente da República, Armando Guebuza, e o líder da Renamo,
Afonso Dhlakama.
"A Renamo acha
que o Governo tem que adoptar de forma incondicional as suas propostas
esquecendo que os problemas não se resolvem violando as leis", disse José
Pacheco.
Pacheco realçou que
esta proposta é claramente da iniciativa da Renamo e esta tem o direito de
propô-la e remete-la a sessão extraordinária da AR.
A delegação do
Governo voltou a insistir na necessidade da Renamo assinar as actas de
anetriores reuniões e avançar para a discussão sobre o desarmamento dos seus
militantes, mas a delegação do maior partido da oposição disse que só assinaria
as actas depois de esgotada a matéria eleitoral e que o desarmamento só
entraria quando estivesse em debate a questão sobre as Forças de Defesa e
Segurança.
O Governo, segundo
Pacheco, está disposto a enquadrar os elementos militarizados da Renamo no
quadro da polícia de acordo com as qualificações de cada um deles.
"Fazendo um
balanço sobre o diálogo, notamos que há evolução, mas precisa-se muito
mais", disse Pacheco, adiantando que falta bom senso da parte da Renamo.
Por seu turno,
Saimone Macuiane, chefe de delegação da Renamo, disse que a representação do
seu partido veio ao diálogo com o espirito de ver a questão do pacote eleitoral
ultrapassada, para se resolver o que chamou de crise política eleitoral,
"mas que, infelizmente, o impasse prevalece pelo facto de o Governo não
aceitar o acordo político".
Segundo Macuiane,
só um acordo político é que vai permitir a realização de eleições justas,
equilibradas, em pé de igualdade e isenção, porque a Renamo quer o mesmo número
de membros nos órgãos eleitorais para todos os partidos políticos.
Este posicionamento
marca uma mudança, pois, antes, a Renamo defendia a paridade nos órgãos
eleitorais dos membros do seu partido e do partido no poder (Frelimo) apenas.
"Se o Governo
tem consciência de que não ganha as eleições nas mesas de voto porque não
concorda com a nossa proposta. Ela ajuda a encontrar um espaço para que todos
concorram em pé de igualdade", disse Macuiane.
Macuiane apontou
ainda ser impossível o alcance da paz em Moçambique sem o Governo e a Renamo se
entenderem.
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