Bissau, 24 ago - O
primeiro-ministro do governo de transição na Guiné-Bissau, Rui de Barros,
reconheceu hoje que os régulos, autoridades tradicionais, fazem falta ao poder
central na gestão dos assuntos das populações, a nível local.
No discurso de
encerramento do 2.º Fórum Nacional de Régulos, que juntou mais de 140 chefes
locais de todos os cantos da Guiné-Bissau, Rui de Barros disse que o governo, o
Estado e o país "têm a ganhar" com os régulos ao seu lado.
Autoridades
tradicionais com amplos poderes durante a época colonial, os régulos deixaram
de ter qualquer capacidade de intervenção com a independência do país, facto
que os próprios consideram ser prejudicial para o equilíbrio social na
Guiné-Bissau.
Durante dois dias e
por iniciativa do Ministério da Administração do Território e Poder Local estes
chefes locais estiveram a analisar o projeto dos estatutos pelos quais vão
passar a orientar-se no seu relacionamento com o poder político e as
populações.
Os estatutos, já
aprovados pelos régulos, devem ser agora submetidos ao Conselho de Ministros e
posteriormente à Assembleia Nacional Popular para que sejam adotados como lei.
Ao responder aos
apelos do régulo Augusto Negado Fernandes, que falou em nome dos restantes, o
primeiro-ministro de transição prometeu que o governo irá analisar os novos
estatutos dos régulos numa das próximas reuniões do Conselho de Ministros.
"Vamos tudo
fazer para que os vossos estatutos sejam rapidamente aprovados", disse Rui
de Barros, enumerando as contribuições que o governo espera receber na gestão
dos assuntos das populações.
Segundo o
primeiro-ministro, o régulo não poderá ser confundido com autoridade do Estado
e nem fazer justiça, mas poderá ajudar o governo local na divulgação de leis,
decisões, campanhas de saúde, entre outras iniciativas.
"É um parceiro
privilegiado" do Governo, destacou.
"O régulo deve
sensibilizar a população a pagar imposto, por exemplo, a combater a
desflorestação ou ainda na luta contra o casamento forçado ou precoce", observou
Rui de Barros.
A manutenção da paz
social, da unidade nacional e de um clima de tranquilidade durante as próximas
eleições gerais de 24 de novembro são outras das tarefas em que o
primeiro-ministro quer ver os régulos empenhados.
MB // VC - Lusa
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