Notícias ao Minuto
- Lusa
O Estado
moçambicano deve intervir contra ritos de iniciação que atentam contra os
direitos das mulheres, combatendo os casamentos prematuros e o abandono escolar
forçado entre as jovens, avisou hoje a Liga das Mulheres da África Austral
(WLSA).
A necessidade de
uma mudança na abordagem da sociedade moçambicana aos ritos de iniciação é uma
das reivindicações da pesquisa "Ritos de Iniciação e Construção das
Identidades Sociais" elaborado pela WLSA, hoje divulgada.
Falando aos
jornalistas em Maputo sobre os resultados da pesquisa, à margem de um encontro
sobre o documento, a coordenadora de pesquisa da WLSA, Conceição Osório,
afirmou que o estudo observou uma transformação na atitude dos jovens perante
os ritos de iniciação, um costume em muitas comunidades para sinalizar a
transição para a vida adulta.
Nas zonas rurais
moçambicanas, os jovens são muitas vezes retirados da escola para serem
colocados em isolamento, onde aprendem valores como a obediência, ou submissão,
no caso das mulheres.
"Constatámos
que nas zonas rurais há resistência, nós trazemos a voz dos que dizem que 'eu
não quero isso para a minha vida'. Falámos com muitas raparigas que negaram o
casamento prematuro e usaram estratégias de fuga a essa imposição", disse
Conceição Osório.
O alargamento da
rede escolar e o consequente acesso de mais jovens aos estudos, bem como o
acesso aos meios de comunicação social têm promovido a consciência de liberdade
dos jovens em relação a práticas repressivas dos seus direitos, assinalou a
coordenadora de pesquisa da WLSA.
De acordo com
Conceição Osório, o estudo mostrou que muitos jovens das zonas de Moçambique
onde os ritos de iniciação são comuns têm questionado a prática, desafiando o
medo e até os castigos físicos usados pelas comunidades na mobilização dos
jovens em idade de serem sujeitos aos ritos.
A WLSA exortou o
Estado moçambicano a atuar contra atitudes que violam os direitos dos jovens,
principalmente das mulheres, impedindo, principalmente, os casamentos
prematuros e o abandono escolar forçado.
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