domingo, 11 de agosto de 2013

Moçambique é um caso problemático no que toca à corrupção, diz pesquisa

 

 
Segundo um estudo da Transparência Internacional, publicado esta terça-feira (09.07.), oito dos dez países com maior volume de suborno do mundo são africanos. Moçambique é o único dos PALOP que consta no documento.
 
53% da população mundial não confiam na transparência das instituições que os representam e acreditam que a corrupção tem vindo a agravar-se desde o início da crise financeira e económica global. De acordo com o Barómetro Global da Corrupção 2013, publicado pela organização independente Transparência Internacional, 51% dos entrevistados consideram que os partidos políticos são os mais corrompidos, 31% acreditam ser a polícia e 24% destacam o Poder Judiciário como o menos transparente – justamente as instituições que se deveriam dedicar à erradicação da corrupção.

O estudo mostra que a situação piorou em 83 países, comparativamente com os dois anos anteriores, e que apenas melhorou em 13 estados, revelando ainda que 27% dos inquiridos admitiram terem pago subornos a membros de serviços públicos ou privados no último ano, valores que não revelam qualquer melhoria relativa às pesquisas de anos anteriores.

"Moçambique é um caso preocupante"
 
A Transparência Internacional estabelece uma relação entre pobreza e corrupção ao indicar que oito dos dez países com taxas de pagamento de subornos mais elevadas são países africanos. Uma das principais inquietações para Chantal Uwimana, diretora do departamento africano da organização, é o facto de “uma em cada quatro pessoas afirmar que continua a sentir-se obrigada a pagar luvas”, o que, segundo Uwimana, “permanece uma preocupação”. Ao mesmo tempo, “temos cada vez mais cidadãos comuns, jovens, mulheres e homens, a envolver-se na luta contra a corrupção, jovens determinados a lutar para que a situação não se mantenha como está”.

Segundo o documento, os níveis de corrupção em Moçambique subiram na perspetiva dos moçambicanos. Segundo Baltazar Fael, do Centro de Integridade Pública, CIP, “não se pode dizer que o país não esteja a fazer nada para combater a corrupção”, mas, por outro lado, “há um vazio nas políticas públicas de luta contra [o fenómeno]”. De acordo com o pesquisador, “a estratégia de combate à corrupção anterior terminou e, neste momento, o país ainda não tem uma nova estratégia” que a substitua.

Medo impede denúncia
 
Diante destes números, quase metade dos inquiridos acrescentou que denunciar um caso de corrupção não resulta em nenhuma punição, enquanto que 35% das pessoas ouvidas afirmaram não o fazerem por terem "medo das consequências". Em Moçambique, a descrença no aparelho judicial e policial também é elevada e, para Baltazar Fael, “sobretudo as polícias de trânsito e das alfândegas aparecem no topo”, assim como “o aparelho judicial não é de confiar, porque, muitas vezes, o executivo acaba por influenciar aquilo que é a atuação do judicial”.

Entre os países que apresentaram perspetivas otimistas encontram-se, entre outros, o Azerbeijão, o Sudão, o Sudão do Sul, o Cambodja, as Ilhas Fiji, a Geórgia e o Ruanda, entre os piores, a Argélia, o Líbano, a Nigéria, a Tunísia e Vanuatu.
 

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