Deutsche Welle
A Comissão de
Combate às Drogas na África Ocidental está preocupada com o aumento do consumo
de droga na Guiné-Bissau, considerada placa giratória de estupefacientes da
América Latina para a Europa e América do Norte.
Liderada pelo
antigo Presidente da Nigéria Olusegun Obasanjo, uma delegação da missão
terminou esta terça-feira (20.08) a sua visita de três dias ao país. No balanço
desta primeira deslocação à Guiné-Bissau, a Comissão sobre o Impacto do Tráfico
de Drogas na Governação, Segurança e no Desenvolvimento da África Ocidental
considerou que, nos últimos anos, o transbordo de narcóticos da América Latina
através da África Ocidental, nomeadamente da Guiné-Bissau, para a Europa e
América de Norte aumentou significativamente.
Grupos de crime
organizado estão a operar em solo guineense para garantir a passagem segura de
carregamentos de droga pela região e o consumo local destas drogas é já uma
realidade no território guineense, adiantou Christine Kafondo, ativista do
Burkina Faso em defesa de causas relacionadas com a saúde pública.
“Depois dos
diferentes testemunhos e pontos de vista que nos foram avançados, podemos
concluir unanimemente que existe um problema de droga aqui na Guiné-Bissau”,
revelou a ativista.
A missão não apresentou
números relativamente ao uso de estupefacientes no país, mas conclui “que
existem desafios reais, nomeadamente a fragilidade das infraestruturas e das
instituições”, disse Christine Kafondo. A delegação internacional pediu ainda
“que o país demonstre determinação e vontade política para lutar contra este
flagelo".
Recomendações de
Obasanjo
A Comissão de
Combate às Drogas na África Ocidental é formada por um grupo de personalidades
provenientes do mundo da política, da sociedade civil, da saúde, segurança e da
área judicial. Em conferência de imprensa em Bissau, o antigo chefe de Estado
nigeriano apontou cinco recomendações para as autoridades guineenses seguirem,
uma vez que os problemas foram diagnosticados no país.
“Este é um problema
conhecido pelo Estado e pelos membros do gabinete. E, como dizem os médicos, o
diagnóstico já foi feito, o que quer dizer que estamos prontos para chegar a
uma solução, para começar o tratamento. E a solução passa exatamente pela
vontade política”, sublinhou Obasanjo.
A comissão instou
ainda as autoridades do país para redobrarem esforços no sentido de combater
firmemente o tráfico de droga que mina o desenvolvimento e desestabiliza por
completo um país frágil como a Guiné-Bissau.
Recomendou ainda
que o país receba assistência especial da comunidade internacional e que
promova estratégias de combate à droga de âmbito regional, com outros países da
África Ocidental.
Problema envolve
políticos e militares
Observadores
relataram à comissão que se reuniu com as forças vivas do país que o problema
da Guiné-Bissau é extremamente preocupante ao ponto de várias figuras políticas
e militares estarem envolvidos no tráfico de drogas.
Em abril passado,
uma brigada de combate ao tráfico de droga dos Estados Unidos capturou o antigo
chefe da marinha guineense Bubo Na Tchuto, acusando-o de tráfico de drogas.
Washington manifestou também a intenção de deter o atual chefe das Forças
Armadas da Guiné-Bissau, António Indjai, que rejeita todas as acusações.
A Comissão de
Combate às Drogas na África Ocidental ainda está a analisar os problemas do
tráfico e da dependência, a fim de entregar um relatório oficial e
recomendações políticas abrangentes no final deste ano.
Autoria: Braima
Darame (Bissau) – Edição: Madalena Sampaio/António Rocha
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