Apoiantes em Lisboa
pedem regresso pacífico de "Cadogo" à Guiné-Bissau
Deutsche Welle
Apoiantes de Carlos
Gomes Júnior defenderam o regresso do ex-primeiro-ministro a Bissau como
candidato às eleições presidenciais de novembro, independentemente das
suspeitas criminais ou processos judiciais.
Um grupo de
guineenses em Portugal e França reuniu-se num apelo às Nações Unidas com o
intuito de garantir segurança e transparência durante a realização do ato
eleitoral agendado para 24 de novembro, na Guiné-Bissau, solicitando o
destacamento de uma força internacional de paz e segurança para a capital.
O “Movimento Cadogo
Presidente” anunciou, no sábado (17.08), em Lisboa que vai enviar nos próximos
dias uma carta aberta a Ban Ki-moon, secretário-geral das Nações Unidas, a
pedir que sejam garantidas condições de segurança propícias à realização
transparente das próximas eleições na Guiné-Bissau.
O apelo é
extensível à União Europeia (UE), à União Africana (UA), à Comunidade Económica
dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e à Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP).
Marcha pela
Guiné-Bissau em Lisboa
Segundo os
apoiantes, estas organizações devem “garantir a segurança de regresso a todos
os políticos que forçosamente foram obrigados a exilar-se", diz Seko Na
Dabó, um dos rostos na coordenação do referido Movimento que envolve cidadãos
guineenses radicados em Portugal e em França. Segundo ele, os políticos
exilados devem regressar "para exercer as suas profissões na pátria que os
viu nascer, sem exceção, seja Carlos Gomes Júnior, sejam todos os outros
políticos que queiram voltar”.
O Movimento
pretende exaltar a necessidade da Guiné-Bissau voltar à estabilidade e, entre
outras ações, está prevista uma marcha na capital portuguesa cuja data ainda
não é conhecida.
“Para entregar a
carta aberta junto de um representante da CEDEAO, aqui em Portugal, na
embaixada da Nigéria. Queremos que ele seja o porta-voz desta carta”,
justificou o mesmo apoiante.
Os apoiantes
consideram que "Cadogo", nome pelo qual Carlos Gomes Júnior é
conhecido na Guiné-Bissau, é uma pessoa idónea capaz de levar o país a cumprir
o programa de desenvolvimento e progresso idealizado por Amílcar Cabral.
Ministério Público
guineense com processo aberto
O regresso do
ex-primeiro-ministro, anunciado recentemente pelo próprio, está ensombrado com
o anúncio do Ministério Público guineense. As autoridades do país pretendem
interrogar Gomes Júnior assim que ele regresse a Bissau, por suspeita de
envolvimento em vários crimes, entre os quais no assassinato de “Nino” Vieira,
Tagmé Na Waie, Hélder Proença e Baciro Dabó.
De acordo com o
jurista Arlindo Ferreira, nenhuma lei impede os candidatos de participarem num
ato eleitoral só pelo facto de existirem indícios ou suspeitas de crime.
“A
Procuradoria-geral da República da Guiné Bissau não acusou formalmente o
candidato Carlos Gomes Júnior e mesmo que houvesse acusação, isso não é um
fator impeditivo”, frisa Arlindo Ferreira. “A lei guineense só impede a
candidatura quando um político ou um candidato presidencial tenha sido
condenado com a pena efetiva de prisão. Não é o caso em concreto”, acrescentou.
O advogado afirma
que, à luz da lei, Carlos Júnior pode concorrer com toda a legitimidade às
próximas eleições presidenciais. No entanto, como cidadão guineense, Arlindo
Ferreira receia eventuais riscos com o regresso de “Cadogo”, depois das
advertências feitas ao primeiro-ministro deposto pelas autoridades militares e
de transição.
O jurista reconhece
que a segurança do ex-primeiro-ministro não é um tema pacífico e apela a um
entendimento com os olhos postos no futuro da Guiné-Bissau, caso contrário as
próximas eleições serão, nas palavras do jurista, um “ato falhado.”
Autoria: João Carlos
(Lisboa) - Edição: Nuno de Noronha/António Rocha
"Cadogo"
vai enfrentar a justiça quando regressar a Bissau
Deutsche Welle
As autoridades
judiciais da Guiné-Bissau anunciaram que a Justiça do país aguarda o regresso
do antigo primeiro-ministro para ser interrogado sobre vários assassinatos
ocorridos durante as suas duas legislaturas.
Carlos Gomes
Júnior, exilado em Portugal desde 2012, deverá ser chamado às instâncias
judiciais assim que chegar a Bissau, por ser considerado suspeito em alguns
assassinatos ocorridos no país entre 2005 e o ano passado, garantiu à imprensa
o Procurador-Geral da República, Abdú Mané.
“Existem suspeitas fundadas do seu envolvimento no assassinato de Tagmé Na Waiég e do ex-presidente do Governo. E existem outros processos de gestão danosa”, informou o Procurador-Geral.
“Existem suspeitas fundadas do seu envolvimento no assassinato de Tagmé Na Waiég e do ex-presidente do Governo. E existem outros processos de gestão danosa”, informou o Procurador-Geral.
Carlos Gomes
Júnior, antigo primeiro-ministro, foi deposto num golpe militar em abril de
2012 e exilou-se em Portugal, onde anunciou no início do mês passado que
pretende regressar à Guiné-Bissau e candidatar-se a Presidente da República nas
eleições marcadas para 24 de novembro.
Morte de Hélder
Proença e Iaia Dabó na origem dos processos
Abdú Mané afirmou que a decisão de levar Cadogo, como é conhecido Carlos Gomes Júnior no país, à barra da Justiça guineense não está relacionada com perseguição política.
“Iaia Dabó foi barbaramente assassinado nas portas do Ministério do Interior. Isto é perseguição política? A morte de Hélder Proença não pode ser investigada? A morte de Baciro Dabó não pode ser investigada? As pessoas querem ou não combater a impunidade?”, questiona o Procurador-Geral da República.
Abdú Mané afirmou que a decisão de levar Cadogo, como é conhecido Carlos Gomes Júnior no país, à barra da Justiça guineense não está relacionada com perseguição política.
“Iaia Dabó foi barbaramente assassinado nas portas do Ministério do Interior. Isto é perseguição política? A morte de Hélder Proença não pode ser investigada? A morte de Baciro Dabó não pode ser investigada? As pessoas querem ou não combater a impunidade?”, questiona o Procurador-Geral da República.
Em outubro de 2012,
o Ministério Público da Guiné-Bissau enviou às autoridades portuguesas uma
carta rogatória pedindo que Carlos Gomes Júnior viajasse até Bissau para ser
ouvido no âmbito do processo da morte de Hélder Proença, assassinado em 2009.
Apesar de notificado em Lisboa, o político guineense nunca se dispôs a responder em Bissau, por considerar não estarem reunidas todas as condições de segurança.
Apesar de notificado em Lisboa, o político guineense nunca se dispôs a responder em Bissau, por considerar não estarem reunidas todas as condições de segurança.
Autoridades
aguardam regresso de "Cadogo"
Questionado sobre o tema, o presidente de transição, Serifo Nhamadjo, pede apenas que a lei seja cumprida no país.
“Não se pode coabitar num procedimento democrático com um sistema de ditadura. O cumprimento da lei é imperioso”, comentou.
Questionado sobre o tema, o presidente de transição, Serifo Nhamadjo, pede apenas que a lei seja cumprida no país.
“Não se pode coabitar num procedimento democrático com um sistema de ditadura. O cumprimento da lei é imperioso”, comentou.
Segundo Saido
Baldé, depois da primeira carta rogatória, foi enviada uma segunda nota, a
pedido do Ministério Público, para saber o porquê da demora do
primeiro-ministro deposto em comparecer ao interrogatório. As autoridades de
Bissau continuam à espera de uma resposta.
De acordo com as
autoridades judiciais, o primeiro-ministro deposto deverá ser interrogado pelo
Ministério Público assim que regressar ao país.
Autoria: Braima
Darame (Bissau) - Edição; Nuno de Noronha/António Rocha
*Título PG
Sem comentários:
Enviar um comentário