Tiago Mota Saraiva –
Jornal i, opinião
Quando atravessamos
o país em plena campanha autárquica violentam-nos os olhos, a paciência e o
território as exasperantemente repetitivas frases dos marketeers de serviço.
Não havendo espaço nesta coluna para uma exaustiva elencagem de mensagens que
procuram vender candidatos como a última e mais suculenta abóbora do quintal,
resta-me uma outra observação sobre alguns outdoors de campanha.
Parece que não haverá autarquia em que não exista pelo menos um candidato a abusar do verde claro. Se é certo que o preto fúnebre com que o candidato do PS à CM de Almada se apresenta não lhe augura grande sucesso, a repetição dos que se vendem ao lado de um “verde esperança” revela o frágil Pantone da criatividade. Em Lisboa, António Costa e Fernando Seara copiam-se no verde. Mas na capital os “criativos” não se ficam por aqui, repetindo-se ao apresentar nos primeiros outdoors o candidato a presidente da junta a par do candidato a presidente da câmara, apadrinhados por uma duvidosa fotomontagem.
Outra das características sobejamente comentada é a tentativa de candidatos do PSD/CDS de esconderem o seu vínculo partidário. Um exemplo maior é o do actual presidente da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António, Luís Gomes, recandidato pelo PSD, que se apresenta ao povo como “Um presidente que é nosso”, purgando dos cartazes a incómoda sigla do partido.
Por fim há as campanhas pensadas para cidadãos com dificuldades de leitura ou de compreensão de frases com mais de duas ou três palavras. Neste aspecto, a faustosa campanha com que Carlos Carreiras inunda Cascais é um bom exemplo. “Todos”, “Somos Cascais” e “Viva Cascais” é a mensagem política com que o actual presidente pretende manter o lugar.
Mas esta história não é apenas a da austeridade criativa que tem vindo a ser muito bem paga, normalmente, depois da eleição. É a história de candidatos que se escondem da política.
Escreve ao sábado
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