João Lemos Esteves
– Expresso, opinião
E Pais Jorge lá teve o bom senso de se demitir. Após a humilhação do briefing ao lado com Pedro Lomba e Leitão Amaro, Pais Jorge foi empurrado do Governo (embora a vontade de Passos Coelho, que é sempre muito lento a perceber o que se passa politicamente em seu redor), emitindo um comunicado verdadeiramente delirante sobre a comunicação social e as campanhas de linchamento público. O Sr. Pais Jorge deveria ter a lucidez de perceber que havia um nítido conflito de interesses entre a sua actividade passada no Citigroup e a sua nomeação para Secretário de Estado do Tesouro - caso fosse uma pessoa minimamente lúcida, deveria declinar o convite de Maria Albuquerque e Passos Coelho. O Governo, na pessoa de Passos Coelho, deveria ter a inteligência política mínima e o decoro de não convidar para uma pasta tão sensível em época de austeridade alguém que beneficiou dos esquemas nada transparentes (para ser simpático!) de ocultação da dívida pública do Governo José Sócrates! É que, mais uma vez na vida política portuguesa, a bota não joga com a perdigota: então Passos Coelho culpa sistematicamente o Governo PS de José Sócrates pela política financeira desastrosa e promete fazer diferente. No entanto, para essa política diferente de Passos Coelho, o Primeiro-Ministro vai buscar gente que "vendeu" os serviços financeiros e jurídicos ao Primeiro-ministro mais lunático que Portugal já teve! Não pode o PSD acusar o PS de ceder aos grandes interesses financeiros durante a sua governação e depois, não só ceder, como também incluir os representantes desses interesses no elenco governativo! É (mais) uma mancha na credibilidade deste Governo, que já se percebeu que não tem e não terá força política para implementar qualquer política estrutural que seja - por culpa própria exclusivamente! O mais impressionante é constatar que Passos Coelho e sua companhia não percebem que episódios destes são absolutamente destrutivos para a percepção que a opinião pública tem do Governo e da sua capacidade para enfrentar os graves problemas de Portugal. Bem pode falar Passos Coelho e Poiares Maduro de novo ciclo político - a fraqueza política deste Governo continua presente e nítida, ficando-se com a sensação que não conseguirá sequer cumprir a legislatura....
E Pais Jorge lá teve o bom senso de se demitir. Após a humilhação do briefing ao lado com Pedro Lomba e Leitão Amaro, Pais Jorge foi empurrado do Governo (embora a vontade de Passos Coelho, que é sempre muito lento a perceber o que se passa politicamente em seu redor), emitindo um comunicado verdadeiramente delirante sobre a comunicação social e as campanhas de linchamento público. O Sr. Pais Jorge deveria ter a lucidez de perceber que havia um nítido conflito de interesses entre a sua actividade passada no Citigroup e a sua nomeação para Secretário de Estado do Tesouro - caso fosse uma pessoa minimamente lúcida, deveria declinar o convite de Maria Albuquerque e Passos Coelho. O Governo, na pessoa de Passos Coelho, deveria ter a inteligência política mínima e o decoro de não convidar para uma pasta tão sensível em época de austeridade alguém que beneficiou dos esquemas nada transparentes (para ser simpático!) de ocultação da dívida pública do Governo José Sócrates! É que, mais uma vez na vida política portuguesa, a bota não joga com a perdigota: então Passos Coelho culpa sistematicamente o Governo PS de José Sócrates pela política financeira desastrosa e promete fazer diferente. No entanto, para essa política diferente de Passos Coelho, o Primeiro-Ministro vai buscar gente que "vendeu" os serviços financeiros e jurídicos ao Primeiro-ministro mais lunático que Portugal já teve! Não pode o PSD acusar o PS de ceder aos grandes interesses financeiros durante a sua governação e depois, não só ceder, como também incluir os representantes desses interesses no elenco governativo! É (mais) uma mancha na credibilidade deste Governo, que já se percebeu que não tem e não terá força política para implementar qualquer política estrutural que seja - por culpa própria exclusivamente! O mais impressionante é constatar que Passos Coelho e sua companhia não percebem que episódios destes são absolutamente destrutivos para a percepção que a opinião pública tem do Governo e da sua capacidade para enfrentar os graves problemas de Portugal. Bem pode falar Passos Coelho e Poiares Maduro de novo ciclo político - a fraqueza política deste Governo continua presente e nítida, ficando-se com a sensação que não conseguirá sequer cumprir a legislatura....
Dito isto, a
demissão de Pais Jorge não resolveu problema nenhum - apenas o disfarçará
durante alguns dias. O dossiê "swaps" vai continuar na ordem do dia e
a ferir o Governo Passos Coelho. É que a ligação principal aos contratos, a
responsável política por todo este filme em primeira linha é Maria Luís Albuquerque
- e essa, segundo Passos Coelho, é intocável. Vai continuar até ao fim da linha
política de Passos Coelho: primeiro, porque Passos Coelho não quer demitir do
Governo uma sua grande amiga, como já fez com Miguel Relvas; depois, porque é
uma assunção implícita de culpa e reconhecimento de incompetência política
atroz um mesmo Governo demitir duas vezes o seu Ministro das Finanças! Seria
recuar aos tempos do Guterrismo! Contudo, a não demissão de Maria Luís
Albuquerque inviabiliza à partida qualquer hipótese de êxito do Governo Passos
Coelho: o "fantasma" swap e CitiGroup vai persistir, vai perseguir o
percurso político da Ministra das Finanças. De forma avassaladora e brutal!
Maria Luís Albuquerque está de tal forma fragilizada que Paulo Portas, Poiares
Maduro e Pedro Lomba a impediram de escolher um Secretário de Estado do
Tesouro! Portanto, o braço direito da Ministra vai ser escolhido a três - o que
significa que mesmo dentro do executivo já poucos, muito poucos, confiam na
Ministra...Pode esta senhora ser o rosto da credibilidade das finanças públicas
nacionais? Exigir aos portugueses sacrifícios, impondo uma política de
austeridade? Não pode! Passos Coelho está, pois, com um dilema em que qualquer
solução que escolha sairá perdedor, será negativa para a sua força política.
Agora, qual é o mal menor? O mal menor, neste momento, substituir Maria Luís
Albuquerque! Ou então a própria Ministra deveria ter a humildade democrática e
o sentido patriótico de colocar o seu lugar à disposição!
Sugestão de
leitura:
O novo livro de
Pedro Adão e SIlva, "Agora", publicado pela Matéria-prima edições. Um
bpom livro de reflexões sobre vários temas da vida política e social portuguesa
- destaco o capítulo sobre o papel dos tribunais na vida política e as críticas
á judicialização da política. António José Seguro, líder do seu Partido e seu
amigo, deveria ouvi-lo....
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