Henrique Monteiro –
Expresso, opinião
Ficou para a
história como sendo verdade e a cena de um filme imortalizou a situação:
enquanto o Titanic se afundava, os violinos da orquestra do imponente salão de
baile do paquete continuavam a valsa, impávidos, serenos.
Por algum motivo
esta cena ocorre-me quando leio no Expresso que o Tribunal Constitucional funcionará a meio-gás para
decidir uma das mais - senão a mais - importantes leis para o futuro do país: a
que diz respeito à requalificação da Função Pública. O mesmo, aliás, acontece
com outra lei menos importante, mas muito significativa: a das candidaturas
autárquicas.
Podemos ter sobre
as leis em causa a opinião que preferirmos. Mas há uma opinião que, penso, o
país comunga: o Tribunal - a ser verdade o que se diz na notícia - não está à
altura das suas responsabilidades.
Pessoalmente
interrompi duas vezes (que me lembre) as férias por um imperativo de
consciência: aquando do incêndio do Chiado e no dia 11 de setembro de 2001. Em
nenhuns dos casos a minha ação era indispensável, em nenhum dos casos me
chamaram. Mas em qualquer dos casos, todos os jornalistas eram poucos para
tentar contar o que se passou com o maior rigor possível. Para estar presente
no centro da informação.
Os nossos juízes,
pelos vistos, preferem outra forma de ser. É mais distendida. Pagam-lhes para
julgar e têm direito a férias. Sete deles chegam bem para o trabalho que
costuma ser de 13; e quatro podem fazer maioria e alterar a vida do país.
Nada, mas mesmo
nada, lhes altera as rotinas. São como os violinistas do Titanic...
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