Esquerda.net – 17.08.2012
A degradação das
condições de vida da população, resultante das medidas de austeridade impostas
pela troika e pelo governo português, contribui, tal como aconteceu na Grécia,
para o aumento do número de suicídios.
Em 2011,
registaram-se mais 110 suicídios do que em 2010, segundo o Instituto de
Medicina Legal (IML). Os 1208 casos registados no ano passado, que correspondem
a três suicídios por dia, e os 490 casos confirmados até julho deste ano,
estão, contudo, longe de representar a real dimensão deste fenómeno, já que
“muitas vezes o Ministério Público dispensa a autópsia quando tem suspeitas
fundadas de que não houve crime”, conforme esclarece Duarte Nuno Vieira,
presidente do IML.
Ainda que assuma
que “ainda não se pode, dada a fragilidade dos dados, avaliar a relação entre a
crise social e o aumento do suicídio”, o presidente da Associação Portuguesa de
Suicidologia, José Carlos Santos, citado pelo jornal Sol, admite que “será
expectável um aumento do número de casos, dado o número dos fatores de risco –
nomeadamente, o desemprego, a taxa de pobreza, a instabilidade social e a
diminuição dos apoios sociais”.
Esta tendência é,
aliás, confirmada pelo aumento do número de chamadas relativas a comportamentos
suicidas recebidas pelos psicólogos do INEM entre janeiro e julho de 2012.
Durante este período, estes técnicos receberam 904 contactos de pessoas que
planeavam ou tentaram matar-se, o que representa um aumento de 27% face ao
mesmo período de 2011 e constitui o número mais alto desde a criação do centro
de Apoio Psicológico e de Intervenção em Crise (CAPIC) do INEM, em 2004.
Mário Pereira,
coordenador do CAPIC, adiantou, em declarações ao jornal Sol, que, “embora não
explique tudo”, a crise “agudizou problemas e vulnerabilidades já existentes”.
"Muitas famílias admitem que não conseguem fazer face às despesas nem
alimentar os filhos”, avançou ainda Mário Pereira.
Grécia também
registou aumento do número de suicídios
Se antes da crise
financeira, em 2009, a Grécia tinha uma das mais baixas taxas de suicídio do
mundo, mediante a imposição, por parte da troika e do governo grego, de duras
medidas de austeridade, este país registou um aumento de 40 por cento nos
suicídios no primeiro semestre de 2010, de acordo com o Ministério da Saúde.
Ainda que não
existam, à data, estatísticas oficiais sobre o ano de 2011, vários
especialistas alertam para o facto de a taxa de suicídios ter duplicado na Grécia.
Os casos mais
recentes de suicídios públicos, como por exemplo o caso do farmacêutico
septuagenário Dimitris Christoulas, que pôs fim à própria vida na praça
Syntagma por não querer “deixar dívidas” aos seus filhos, espelha bem esta
realidade.
Foto de Marta
Vieira Pereira, Flickr
Seis reclusos
suicidaram-se desde janeiro deste ano
Lusa – 25.08.2013
Seis reclusos
suicidaram-se nas prisões portuguesas desde o início deste ano até 20 de
agosto, menos 10 casos do que os registados em 2012, segundo dados da
Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP).
De 01 de janeiro
até 31 de dezembro de 2012, 16 presos colocaram termo à vida nos
estabelecimentos prisionais do país.
No mesmo período, a
DGRSP contabilizou 14 evasões, com 23 evadidos, estando ainda a monte
presentemente quatro reclusos.
Até 20 de agosto,
ocorreram quatro evasões, tendo os quatro presos evadidos sido todos
recapturados.
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