quinta-feira, 5 de setembro de 2013

OBAMA RECEBE APOIO DE COMISSÃO DO SENADO PARA ATACAR SÍRIA

 


O presidente americano, Barack Obama, deu nesta quarta-feira um passo em direção ao seu objetivo de punir o regime do presidente sírio, Bashar al-Assad, após obter o apoio de uma comissão do Senado para atacar a Síria, enquanto Damasco indicou que não se renderá.
 
A Comissão de Relações Exteriores do Senado americano aprovou nesta quarta um projeto do presidente Barack Obama para uma operação militar contra o regime sírio, abrindo a porta para que os senadores debatam a medida na segunda-feira.
 
Os membros da comissão deram o seu apoio a uma "intervenção limitada" na Síria, com dez votos a favor e sete contra. Essa ação teria uma duração máxima de 60 dias, com a possibilidade de ser ampliada para 90, sem a mobilização de tropas.
 
Um grupo de democratas e republicanos se opôs.
 
Construindo uma coalizão
 
Enquanto isso, o secretário de Estado americano, John Kerry, assegurava à Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Representantes que Washington está construindo uma coalizão internacional para uma intervenção militar.
 
"Estamos construindo (uma coalizão) com outros países, entre eles a Liga Árabe", declarou. Alguns países "expressaram sua vontade de agir", disse o chefe da diplomacia americana, citando "Arábia Saudita, Emirados (Árabes Unidos), os catarianos, os turcos e os franceses", acrescentou.
 
Kerry disse ainda que os países árabes se ofereceram para ajudar nos custos de uma intervenção americana.
 
"Sobre se os países árabes ofereceram arcar com os custos e ajudar (na intervenção), a resposta categórica é 'sim', elas ofereceram. Essa oferta está sobre a mesa".
 
Síria responderá
 
Na capital síria, o vice-ministro das Relações Exteriores, Faiçal Moqdad, afirmou que "o regime sírio não se curvará às ameaças de um ataque de Ocidente, mesmo se houver uma Terceira Guerra Mundial".
 
Moqdad assegurou que "a Síria tomou todas as medidas para responder a uma agressão" e que havia "mobilizado seus aliados", como Rússia e Irã.
 
Ele também aproveitou para ameaçar a França, que se compromete a apoiar uma ofensiva americana.
 
"Se a França quiser apoiar a Al-Qaeda e a Irmandade Muçulmana, como apoiou no Egito e em outras regiões do mundo, fracassará na Síria", frisou.
 
Obama pede que mundo não se cale diante da "barbárie"
 
Em visita a Estocolmo, Obama voltou a manifestar sua confiança no apoio do Congresso. Ele se reunirá na quinta e na sexta-feira com seus homólogos de França e China e com o primeiro-ministro japonês em São Petersburgo, onde participará da cúpula do G20.
 
"A comunidade internacional não pode ficar calada" diante da "barbárie" da Síria, afirmou Obama.
 
Ele prometeu que na Síria não se repetirão os erros cometidos no Iraque. "Sou alguém que se opôs à guerra no Iraque. E não estou interessado em repetir o erro de basear as decisões em relatórios de inteligência errados".
 
"Certamente, nós discutimos a respeito da violência intolerável que é infligida aos sírios pelo regime de Assad, incluindo o terrível recurso a armas químicas há duas semanas", declarou Obama em coletiva de imprensa com o chefe de Governo sueco, Fredrik Reinfeldt.
 
Ao ser perguntado sobre a "linha vermelha" à qual havia se referido em agosto de 2012 ao falar sobre os ataques químicos, Obama disse que "o mundo todo" havia fixado esse limite.
 
"Não é a minha credibilidade que está em jogo. A credibilidade da comunidade internacional está em jogo, e a credibilidade dos Estados Unidos e do Congresso está em jogo", insistiu o presidente.
 
Putin pede ação dentro do Conselho de Segurança
 
Aliado do presidente Assad, o presidente russo, Vladimir Putin, considerou que, se o Congresso americano autorizar ataques, os Estados Unidos "estarão permitindo uma agressão, porque tudo que está fora do marco do Conselho de Segurança das Nações Unidas é uma agressão, a menos que seja em legítima defesa".
 
Ele já havia exigido "provas convincentes" do uso de armas químicas, mas adotando um discurso mais conciliador na véspera da abertura da cúpula do G20 na Rússia.
 
Putin também confirmou que a Rússia tinha enviado alguns elementos do sistema de mísseis S300 para a Síria, mas esclareceu que, no momento, as entregas estão suspensas.
 
A pertinência de uma intervenção, defendida pelo presidente francês, François Hollande, está sendo discutida nesta quarta-feira no Parlamento francês.
 
"Não reagir" militarmente na Síria seria como "fechar a porta para uma solução política ao conflito", declarou o primeiro-ministro francês Jean-Marc Ayrault na abertura dos debates.
 
O conflito não dá trégua
 
Enquanto isso, no terreno, os combates prosseguem. Rebeldes islamitas se apoderaram nesta quarta-feira de um posto militar na entrada da cidade cristã de Malula (norte), enquanto quase toda a Síria ficou privada sem elétrica depois de um ataque contra uma linha de alta tensão no centro do país.
 
A Coalizão contra as Bombas de Fragmentação, que reúne 350 organizações da sociedade civil de 90 países, denunciou nesta quarta-feira em um relatório o uso "massivo" de armas desse tipo por parte do regime de Assad.
 
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) calcula que o número de refugiados sírios já supere dois milhões de pessoas, duas vezes mais do que há um ano. Se forem incluídos os deslocados internos, chega-se a um total de seis milhões de pessoas.
 
AFP
 

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