Balneário Público
Estamos a poucas
horas da apresentação e debate do Orçamento de Estado na Assembleia da
República. Até lá nada se sabe sobre o seu conteúdo. Melhor dito: sabe-se muito
pouco. Convenhamos que há sempre quem saiba um pouco mais que outros cidadãos.
Um amigo ou uma amiga que tenha oportunidade de o conhecer por ser essa a sua
função profissional sempre pode deixar escapar algumas informações na
cavaqueira amena entre duas chávenas de chá. Existem os que têm a sorte ou o
azar de ficar a saber um pouco mais sobre os martírios que este OE vai trazer
aos portugueses. Por exemplo: o que o vice-ministro Paulo Portas disse ontem na
conferência de imprensa foram meias-verdades e algumas mentiras. O OE engaja o
esbulho de muito mais pensionistas que aqueles referidos por Paulo Portas. Os
aumentos em Janeiro nos transportes vai tornar ainda mais incomportável as
deslocações dos portugueses. Aumentam bens e serviços de primeira necessidade
como nunca aumentaram. Caso da energia elétrica, do gás e da água canalizada.
No caso de Lisboa a EPAL tem de ser suficientemente lucrativa para que venha a
render muito mais na venda que está planeada e, garantem-me, vai avante. É a
privatização das águas de Lisboa. O que até nem é novidade. Em compensação os
cortes nos rendimentos dos portugueses vão doer bastante. Os salários vão
baixar. E muito. Todos vão dar por isso de modo aflitivo. Este já é um rol de
terror para os portugueses mas vem lá muito mais. Reproduzo: “O ano de 2014 vai
ficar para a história como o ano mais insuportável para os portugueses. Até
agora os sacríficios dos portugueses têm sido uma brincadeira, comparado com o
que vai ser exigido em 2014. Em 2015 logo se verá, mas há eleições legislativas
e pode prever-se que acontecerá algum alívio social e geral para iludir-nos
nessa ocasião.” Apetece gritar por socorro. Ou, tirem-nos deste filme de
terror. Porca de vida. Pelo sabido e pelo que se intui este Orçamento de Estado
vai liquidar os portugueses e Portugal. A não ser que em determinados aspetos
viole a Constituição da República e alguns itens sejam “chumbados”. Mas nem por
isso devem contar com o veto de Cavaco Silva porque para ele é perfeitamente
exequível o constante e os objetivos deste OE. Ele já o conhece e deu o seu
“sim, senhor primeiro-ministro, sim senhores da troika”. Vem aí o OE do estouro
de Portugal. Evidentemente que a maioria no parlamento, do PSD e do CDS, vai
aprovar o OE – como macaquinhos amestrados. Enquanto isso o PS vai opor-se e
votará contra, sabendo que da sua oposição nenhuma influência produzirá. A CDU
e o BE farão o mesmo que o PS e aumentam a coleção de frustração pela falta de
força no parlamento e na sociedade portuguesa. É a democracia. Melhor dito: é
este modelo de democracia que já nem é democracia. Um estouro via ao
empobrecimento quase generalizado.
Graça Pádua
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