EUA espionaram
Vaticano e Jorge Bergoglio, diz revista italiana. Local onde o hoje papa
Francisco ficou durante conclave que o elegeu pontífice teria sido monitorado
pelos norte-americanos
A Agência Nacional
de Segurança dos EUA (NSA) espionou as conversas telefônicas na Cidade do
Vaticano e também as ocorridas na residência onde o então cardeal argentino
Jorge Bergoglio ficou hospedado antes do conclave que o elegeu papa, segundo o
próximo número da publicação italiana Panorama, que será publicada na próxima
sexta-feira (01/11).
Segundo a
publicação, que usa como base documentos vazados pelo ex-técnico da CIA Edward
Snowden, “muitas” das 46 milhões de ligações telefônicas interceptadas na Itália
se localizavam na Cidade do Vaticano. É, pelo menos, o quinto país europeu a
ser afetado pelas escutas norte-americanas, depois de Alemanha, França, Espanha
e os próprios italianos.
A revista se baseia
em dados coletados entre 10 de dezembro de 2012 e 8 de janeiro de 2013, mas
“suspeita-se”, diz a Panorama, que ainda havia espionagem após a renúncia do
então papa Bento XVI, que aconteceu em 28 de fevereiro. A publicação acrescenta
que a espionagem ocorreu durante todo o conclave para escolha do novo
pontífice.
Entre as conversas
escutadas estavam – acrescenta a revista – as que se produziam na Domus
Internationalis Paolo VI de Roma, a residência que o então arcebispo de Buenos
Aires, Bergoglio, ficou hospedado antes do começo do conclave que elegeu o papa
em 13 de março de 2013.
A publicação lembra
que o nome do agora papa Francisco já tinha surgido nos documentos filtrados
pelo portal Wikileaks de Julian Assange. O site revelava despachos dos serviços
secretos americanos nos quais se falava de Bergoglio como um dos papáveis no
conclave de 2005, assim como outros documentos datados em 2007 que relatavam
sua “má relação” na Argentina com o então presidente Nestor Kirchner
(2003-2007).
Além disso, entre
os espionados estaria o presidente do Banco do Vaticano, o alemão Ernst von
Freyberg, que foi nomeado em fevereiro de 2013 por Bento XVI.
A revista Panoram
explica que as chamadas captadas no Vaticano foram arquivadas sob quatro
classificações: “Leadership intentions” (Intenções de liderança), “Threats to
financial system” (Ameaças ao sistema financeiro), “Foreign Policy Objectives”
(Objetivos de política externa) e “Human Rights” (Direitos Humanos).
Perguntado sobre
esta informação, o porta-voz do escritório de imprensa do Vaticano, Federico
Lombardi, afirmou que não tem informação sobre este assunto e acrescentou que
não têm “nenhuma preocupação a respeito”.
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