Pequim, 30 out
(Lusa) - A polícia chinesa associou hoje o "ataque terrorista" de
segunda-feira na Praça Tiananmen, que matou cinco pessoas e feriu mais de
trinta, a "extremistas religiosos" do Xinjiang, região de maioria
muçulmana do noroeste da China.
Dentro da viatura
utilizada naquele "premeditado ataque terrorista" e nas residências
dos cinco suspeitos entretanto detidos a polícia encontrou facas, barras de
ferro e bandeiras com slogans "extremistas religiosos", disse a
Televisão Central da China (CCTV).
O ataque ocorreu na
segunda-feira cerca do meio-dia (hora local) quando um jipe abalroou a multidão
que se encontrava no topo norte da Praça Tiananmen e a seguir se incendiou,
causando a morte dos três passageiros que seguiam no veículo e de dois turistas.
"Usmen Hasan,
a mãe (Kuwanhan Reyim) e a mulher (Gulkiz Gini) conduziram um jipe com
matrícula do Xinjiang contra a multidão, matando duas pessoas e ferindo outras
quarenta", disse um porta-voz do Departamento de Segurança Publica de
Pequim.
Os três ocupantes
do jipe "morreram depois de terem incendiado o veículo com gasolina,
indicou o porta-voz.
Pelos nomes, os
ocupantes do veículo - assim como os cinco suspeitos detidos (Husanjan Wuxur,
Gulnar Tuhtiniyaz, Yusup Umarniyaz, Bujanat Abdukadir e Yusup Ahmat) - parecem
ser uigures, a maior etnia do Xinjiang, de religião muçulmana e cultura
turcófona, segundo a mesma fonte.
Situada no centro
de Pequim, a Praça Tiananmen, com cerca de 40 hectares, é um dos espaços
públicos politicamente mais sensíveis e vigiados da capital chinesa. Trata-se
também de uma das principais atrações turísticas do país e foi o palco das
manifestações pró-democracia da primavera de 1989, esmagadas pelo exército.
"O ataque
terrorista de segunda-feira foi perpetrado no coração de Pequim", disse um
repórter da CCTV.
Há três semanas, a
imprensa chinesa anunciou que 139 pessoas foram detidas no Xinjiang por
advogarem a "jihad" (guerra sagrada) através da Internet.
Em junho passado,
um outro "ataque terrorista" atribuído a "extremistas religiosos"
causou 24 mortos. Foi o mais violento incidente registado no Xinjiang desde os
tumultos do verão de 2009 em Urumqi, a capital da região, que mataram 197
pessoas.
O Xinjiang, um
vasto território de maioria islâmica, rico em petróleo e recursos minerais,
confina com o Afeganistão, Paquistão e três ex-repúblicas muçulmanas da Ásia
Central.
Os uigures
constituem 45% dos cerca de 25 milhões de habitantes do Xinjiang.
Algumas
organizações que advogam a "jihad" no Xinjiang estão ligadas à
Al-Qaida e os seus membros receberam treino militar no vizinho Afeganistão,
afirmam as autoridades chinesas.
AC // VM - Lusa
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