Ricardo
M Santos -
Aventar
A direita mais
reaccionária sempre teve um problema com a Ponte 25 de Abril. Foi assim em 1994
e é assim em 2013. Não é de estranhar, uma vez que, de cara lavada com as mãos
igualmente sujas, os rostos do poder são os mesmos.
E aqui aproveito
para alfinetar os abstencionistas das últimas eleições, que acham que não votar
é solução para qualquer coisa. Não é. Se fosse, com os níveis da abstenção que
temos em Portugal, vivíamos num paraíso. Voltemos à ponte, que o SSI – nomeado
pelo Governo e não pela AR, como devia ser – considerará, talvez, frágil, não sei. Em 1994, o brilhante cavaquista Dias
Loureiro era então ministro da Administração Interna e mandou a GNR avançar
contra os manifestantes.
Talvez a ponte seja
um marco na história do bando cavaquista, que nunca perdoou a alteração do nome
escolhido no pós-fascismo. Talvez o problema seja a falta de um patrocinador
sonante que possa “elevar a capacidade empreendedora de Portugal na organização
de grandes eventos desportivos”. E nós somos tão bons nisso, basta olhar para
os estádios de Aveiro, Algarve, Coimbra e Leiria. Não sei, sinceramente, não
sei.
Sei que a CGTP marcou duas marchas de protesto, uma na Ponte 25 de Abril e
outra na Ponte do Infante. Pelos vistos, o SSI não gosta que se ande a pé na 25
de Abril mas não há problema na Ponte do Infante. Está bem que a malta aqui no
norte é mais rija e com certeza que a nossa ponte foi construída com granito do
mais puro, tendo as pedras sido carregadas alegremente, qual Obélix e os seus menires,
mas há, objectivamente, uma intenção política de restringir o direito de
manifestação, num local que o cavaquismo não esquece e não perdoa.
Ora, se faltassem
motivos – que não faltam – para que o povo se manifeste, aqui está mais um: a
possibilidade de afrontar de novo Cavaco e lembrar o que o cadáver de Belém tem
de pior.
Pelos vistos, Rui
Pereira, ex-MAI do PS de Sócrates, também acha que isto de manifes na ponte é
coisa para ser perigosa, desde que não seja de sapatilhas e calções. E
isto é capaz de dizer alguma coisa sobre o PS. Mais não seja, em relação ao
último governo do PS.
O medo do governo é
que a ponte se erga como uma barragem ao que a corja quer fazer ao que resta do
país. No dia 19 de Outubro, sairemos às pontes e, pé ante pé, de braço dado,
avançaremos rumo a um futuro melhor para fazer cair aquela gente com estrondo,
para que provem um bocadinho do abismo para onde nos empurraram. A ponte será
uma barragem para travar os ataques ao que resta da Constituição. Para defender
o SNS, a Escola Pública, as pensões e reformas, o direito ao emprego com
direitos. Por mim, atravessaremos, a pont’a pé.
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