segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Primeiro-ministro de Timor-Leste chora ao ver más condições de quartéis na Guiné-Bissau

 


Bissau, 07 out (Lusa) - O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, chorou hoje ao constatar as más condições de alguns quartéis do exército guineense, no dia em que trocou o fato civil por uma farda militar.
 
O primeiro-ministro timorense está a cumprir o terceiro de quatro dias de visita oficial à Guiné-Bissau e hoje foi acompanhado pelo general António Indjai, chefe do Estado-Maior General das Forcas Armadas guineense, líder do golpe de Estado realizado pelos militares em 12 de abril de 2012.
 
O contacto com as chefias militares guineenses acontece um dia depois de o governante e antigo líder da resistência timorense ter pedido aos políticos e militares da Guiné-Bissau, num discurso no Palácio da Presidência, para acabarem com golpes de Estado e conflitos internos que estão a arrastar o país para a miséria.
 
Hoje, a realidade dos quartéis deixou-o abalado.
 
"Fui militar, não posso compreender como é possível que aqui vivam e trabalhem militares", disse Xanana Gusmão aos jornalistas, tomado em lágrimas, e sem entrar em detalhes".
 
"Vesti-me assim [com farda militar] para poder estar mais à vontade com os meus camaradas", observou Xanana Gusmão, ao chegar ao quartel do Estado-Maior General, onde foi recebido por uma parada constituída pelas chefias militares guineenses.
 
Após cumprimentar os presentes com continência e um firme aperto de mão, Xanana Gusmão depositou uma coroa de flores no mausoléu de Amílcar Cabral (pai da independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde) e percorreu depois, demoradamente, todas as dependências do Estado-Maior.
 
Sempre na companhia do general António Indjai, o primeiro-ministro de Timor-Leste entrou na cozinha, onde conversou com as cozinheiras, entrou nas camaratas dos soldados e ainda nos gabinetes dos chefes militares.
 
De seguida, e já no gabinete do líder militar guineense, Xanana Gusmão entregou algumas lembranças a Indjai, nomeadamente panos tradicionais, estatuetas e livros de Timor-Leste.
 
"Peço que todos os chefes militares deste vosso país leiam este livro", recomendou Gusmão, ao entregar ao general um exemplar de um livro sobre a história da resistência timorense.
 
O primeiro-ministro timorense, que se fazia transportar na mesma viatura que António Indjai, visitou depois o quartel do exército no bairro de Bra, onde também entrou em todas casernas.
 
No final, em breves declarações aos jornalistas, Xanana Gusmão começou por questionar as condições em que os militares guineenses vivem e trabalham, mas foi levado por lágrimas.
 
"Peço paciência aos meus camaradas das Forças Armadas da Guiné-Bissau. Dias melhores virão", afirmou Xanana Gusmão.
 
O primeiro-ministro timorense encontra-se reunido com as chefias militares num hotel de Bissau desde as 14:20 (15:20 em Lisboa).
 
MB/LFO // JMR – Lusa
 
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