Bissau, 07 out
(Lusa) - O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, chorou hoje ao
constatar as más condições de alguns quartéis do exército guineense, no dia em
que trocou o fato civil por uma farda militar.
O primeiro-ministro
timorense está a cumprir o terceiro de quatro dias de visita oficial à
Guiné-Bissau e hoje foi acompanhado pelo general António Indjai, chefe do Estado-Maior
General das Forcas Armadas guineense, líder do golpe de Estado realizado pelos
militares em 12 de abril de 2012.
O contacto com as
chefias militares guineenses acontece um dia depois de o governante e antigo
líder da resistência timorense ter pedido aos políticos e militares da
Guiné-Bissau, num discurso no Palácio da Presidência, para acabarem com golpes
de Estado e conflitos internos que estão a arrastar o país para a miséria.
Hoje, a realidade
dos quartéis deixou-o abalado.
"Fui militar,
não posso compreender como é possível que aqui vivam e trabalhem
militares", disse Xanana Gusmão aos jornalistas, tomado em lágrimas, e sem
entrar em detalhes".
"Vesti-me
assim [com farda militar] para poder estar mais à vontade com os meus
camaradas", observou Xanana Gusmão, ao chegar ao quartel do Estado-Maior
General, onde foi recebido por uma parada constituída pelas chefias militares
guineenses.
Após cumprimentar
os presentes com continência e um firme aperto de mão, Xanana Gusmão depositou
uma coroa de flores no mausoléu de Amílcar Cabral (pai da independência da
Guiné-Bissau e Cabo Verde) e percorreu depois, demoradamente, todas as
dependências do Estado-Maior.
Sempre na companhia
do general António Indjai, o primeiro-ministro de Timor-Leste entrou na cozinha,
onde conversou com as cozinheiras, entrou nas camaratas dos soldados e ainda
nos gabinetes dos chefes militares.
De seguida, e já no
gabinete do líder militar guineense, Xanana Gusmão entregou algumas lembranças
a Indjai, nomeadamente panos tradicionais, estatuetas e livros de Timor-Leste.
"Peço que
todos os chefes militares deste vosso país leiam este livro", recomendou
Gusmão, ao entregar ao general um exemplar de um livro sobre a história da
resistência timorense.
O primeiro-ministro
timorense, que se fazia transportar na mesma viatura que António Indjai,
visitou depois o quartel do exército no bairro de Bra, onde também entrou em
todas casernas.
No final, em breves
declarações aos jornalistas, Xanana Gusmão começou por questionar as condições em
que os militares guineenses vivem e trabalham, mas foi levado por lágrimas.
"Peço
paciência aos meus camaradas das Forças Armadas da Guiné-Bissau. Dias melhores
virão", afirmou Xanana Gusmão.
O primeiro-ministro
timorense encontra-se reunido com as chefias militares num hotel de Bissau
desde as 14:20 (15:20 em Lisboa).
MB/LFO // JMR –
Lusa
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