A violação dos
direitos humanos é uma "realidade cada vez mais rara" nos países
lusófonos, com a violência doméstica a liderar a lista de preocupações, disse
hoje o presidente do Observatório Lusófono para os Direitos Humanos (OLDH),
Waldimir Brito.
Em declarações à
Lusa em Braga, à margem de um colóquio sobre a situação do respeito pelos
direitos humanos, aquele responsável afirmou que os governos dos países
lusófonos estão "atentos e sensíveis" à questão do respeito pelos
direitos do Homem e que têm "empreendido um grande combate" no
sentido de "sensibilizar e educar" as populações.
Waldimir Brito
apontou a Guiné-Bissau como o país "mais preocupante" e mostrou-se
apreensivo quanto ao desrespeito pelos direitos do Homem em Moçambique, caso o
país enfrente um conflito político-militar.
"A
generalidade dos países da lusofonia tem apresentado progressos no respeito
pelos Direitos Humanos. Isto espelha-se nos vários relatórios oficiais e de
organizações não-governamentais que têm sido elaborados", afirmou.
Ainda assim, o
desrespeito pelos Direitos Humanos "é uma realidade" embora
"cada vez mais rara" e para a qual os governos daqueles países têm
tido atenção.
"De um modo
geral, é uma questão a que estes países estão atentos. Por exemplo o combate e
proibição da mutilação genital feminina, combate às violações, tem havido um
grande esforço para proteger as mulheres, seja através de legislação seja
através da educação das populações", disse.
No entanto, segundo
Waldimir Brito, "a violência doméstica é a questão que mais
preocupa", isto porque, disse, "é ainda uma questão cultural".
Dos países da
lusofonia, aquele em que mais casos de violação dos Direitos Humanos se têm
verificado é a Guiné-Bissau, "fruto da instabilidade
político-militar".
O OLDH teve também
relatos de casos de tortura no Brasil e em alguns dos países de África mas,
esclareceu, "são casos pontuais, ligados à criminalidade e não casos de
tortura institucional".
Mas "os direitos
humanos não se resumem à tortura, são também a garantia do acesso à Saúde, à
Educação, a agua potável, higiene, proteção de crianças e velhos e nestes
campos ainda há muito por fazer, mesmo em Portugal".
Waldimir Brito
manifestou-se ainda preocupado com o desenvolvimento da instabilidade política
sentida em Moçambique.
"Se o conflito
(entre o governo e a Renamo) perdurar e houver um incremento armado, Moçambique
vai ter problemas graves na área do desrespeito pelos direitos humanos",
alertou.
Isto porque
"sempre que há um conflito político-militar há sempre violação dos
direitos humanos, nomeadamente o direito à vida, integridade física, falta de
acesso à saúde, deslocação maciça de população, violações de mulheres sempre
inerentes a conflitos armados, falta de proteção para as crianças".
O responsável
lembrou ainda a importância da estabilidade económica no quadro do respeito
pelos direitos humanos.
"O
desenvolvimento económico de um país é fundamental para colmatar necessidades
existentes pelo que é preciso combater esse desrespeito também do ponto de
vista económico. Quanto mais civilizado for um país, mais culto for um país,
mais respeita os direitos humanos", finalizou.
JYCR // JMR – Lusa –
Foto José Sena Goulão
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