quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Portugal: PRECISA-SE ELETRICISTAS

 

Carla Romualdo - Aventar
 
No país onde se paga a electricidade mais cara da Europa, a EDP cortou hoje, com o apoio da polícia, o fornecimento de electricidade no bairro do Lagarteiro, um dos bairros mais pobres do Porto. Dezenas de moradores com facturas em atraso, muitos deles considerados pelos serviços sociais da Junta de Campanhã como em situação de “emergência social”, ficaram sem luz, sem aquecimento, sem fogão para cozinhar, porque não podem pagar o que a EDP exige. Entre eles, havia gente com crianças pequenas e até, como mostra a reportagem da RTP, um deficiente motor que, a partir de hoje, deixa de poder recarregar a cadeira de rodas eléctrica.
 
“Electricidade mais cara da Europa” não é figura de estilo nem recurso demagógico. É isto: ver quadro em cima.
 
E se mais detalhes quiserem conhecer, recomendo-vos este estudo elaborado pela consultora finlandesa VaasaETT, e onde fui buscar o anterior gráfico. E a EDP não se debate, como sabem, com dificuldades que ponham em risco a sua subsistência, antes reparte lucros milionários a uma elite de gestores e accionistas. Por tudo isto, o que hoje se viu, com a cumplicidade do Governo, é mais um acto indigno num país em que se perdoam os grandes corruptos, fecha-se os olhos a quem se esquece de declarar milhões no IRS, despejam-se milhões para tapar os buracos da ganância de meia dúzia de banqueiros, e se trata com mão de ferro os mais pobres.
 
O que é legal nem sempre é justo. O que a EDP fez hoje, sendo legal, é um atentado à dignidade humana. Quando a lei é injusta, a desobediência impõe-se. Por isso, se esta noite a luz for resposta ilegalmente em cada casa onde a EDP a cortou, e se de cada vez que for cortada novas mãos conectem esses cabos, estaremos perante uma acção justa e solidária e quem a executar estará apenas a assegurar o acesso a um direito que é de todos.
 
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