AT&T diz que
"respeita privacidade dos clientes"; segundo New York Times, contrato
foi feito de forma voluntária
Opera Mundi, São
Paulo
A CIA (central de
inteligência dos EUA) paga US$ 10 milhões por ano à gigante multinacional de
telecomunicações e telefonia AT&T em assistência para investigações de
contraterrorismo no exterior, disponibilizando assim seu vasto banco de dados
de gravações telefônicas, incluindo os cidadãos norte-americanos que ligavam
para o exterior. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (07/11) pelo
jornal The New York Times, que conversou sob sigilo com funcionários do
governo.
De acordo com o jornal, a cooperação é feita por meio de um contrato voluntário, sem determinação judicial. A empresa, tampouco, teria sofrido qualquer tipo de intimidação.
Pelo esquema, a CIA fornece à empresa números telefônicos de suspeitos de terrorismo localizados no exterior. A AT&T, por sua vez, acessa seu banco de dados e fornece o historico de chamadas que ajudaria a identificar contatos e associados. A companhia detém um grande arquivo de dados telefônicos, tanto domésticos, quanto estrangeiros que não se limitam a dados de seus assinantes.
As revelações voltam a abrir o debate sobre os laços entre agências de inteligência e empresas de telecomunicações para fins de espionagem. E também mostram que outras agências além da NSA (Agência de Segurança Nacional dos EUA) utilizam-se de metadados para investigações.
A CIA, no entanto,
está proibida de espionar atividades de norte-americanos no país, o que a
obriga a implementar salvaguardas, segundo os agentes. A agência não quis
confirmar a veracidade da informação ao jornal, mas afirma que sua coleta de
informações respeita as leis de privacidade, e está “expressamente proibida” de
coletar informações de cidadãos norte-americanos no país.
A maior parte dos registros coletados pela empresa é de contatos de estrangeiros com estrangeiros, mas quando um de seus interlocutores está em território norte-americano ela não revela a respectiva identidade. Nesses casos, a CIA encaminha os números protegidos ao FBI (polícia federal norte-americana), que por sua vez intima a companhia a fornecer a informação sem censura.
Procurada pelo jornal, a AT&T não confirmou a informação, se limitando a dizer, através de seu porta-voz, Matt Siegel, afirmando que a empresa respeita a privacidade de seus clientes e que trabalha "com afinco para protegê-la, garantindo o cumprimento da lei sob todos os aspectos. Não comentamos questões relacionadas à segurança nacional”.
O escândalo de espionagem envolvendo as agências de inteligência norte-americanas teve início em junho, quando o ex-consultor da NSA Edward Snowden repassou aos jornais The Washington Post e The Guardian documentos secretos que indicavam que a agência tinha acesso secreto a gravações telefônicas e da internet de milhões de usuários nos Estados Unidos. Posteriormente, descobriu-se que o alcance era ainda maior, sendo que até governos e chefes de Estado foram alvo de espionagem sem que houvesse qualquer ligação destes com suspeitas de terrorismo.
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