Um dos mais
respeitados cientistas do País, Manuel Sobrinho Simões, é corrosivo no que aos
comentários que versam o Executivo de Pedro Passos Coelho, diz respeito. Numa
entrevista publicada na edição desta sexta-feira do jornal Público, Sobrinho
Simões acusa o Governo de "rebentar com tudo".
"Este Governo
fez uma ruptura, que não foi só com a ciência", começa por observar Manuel
Sobrinho Simões numa entrevista concedida ao Público, marcada uma tónica
discursiva contundente no que concerne à acção do Executivo de Passos Coelho.
E, prossegue, "fez uma espécie de destruição criativa: rebentou com tudo,
esperando que, das cinzas, nasça algo de novo. Na ciência não nasce".
Para o conceituado
cientista, as perdas que o País tem vindo a sofrer com a austeridade são já
incalculáveis. "Perdemos muita gente. E perdemos esperança",
assinalando também que a proposta de Orçamento do Estado para 2014 "é
péssima, porque corta de forma cega".
"Não reforça
as instituições que merecem e deviam ser premiadas", critica o cientista, reportando-se
ao diploma que define o rumo que o País irá tomar no próximo ano.
À pergunta sobre
se, no fundo, está a ser aplicada à ciência a cartilha do empreendedorismo,
Sobrinho Simões responde: "A ciência, antes de mais nada, precisa de um
tecido de suporte. O empreendedorismo é criminoso, porque tem estimulado
perversões", acrescentando que "os estímulos deste tipo podem acabar
por ser um convite ao chico-espertismo".
O cientista
manifesta ainda "muito medo de que aguentemos menos do que aquilo que as
pessoas pensam", quando questionado sobre a capacidade de resistência do
País ao desinvestimento na ciência.
Notícias ao Minuto
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