Há "polícias e
estrangeiros" envolvidos na onda de raptos, diz a presidente da Liga dos Direitos
Humanos de Moçambique.
Manuela Goucha Soares - Expresso
A antiga
primeira-dama de Moçambique, Graça Machel denuncia o clima de terror que se
vive no país e diz que os centros urbanos estão a viver "um ambiente de
grande tensão, enorme insegurança, medo e terror".
Em declarações ao
jornal moçambicano "O País", Graça Machel diz que as autoridades
moçambicanas são incapazes de responder com eficácia à onda de raptos. "Os
cidadãos não sentem e não vêem de uma maneira clara e directa um posicionamento
do Governo. Os cidadãos não se encontram na forma como o Estado está a
responder aos raptos", disse Graça Machel a "O País".
Ativista pelos
direitos humanos, Graça Machel, casou em 1976 com Samora Machel, primeiro
Presidente de Moçambique. Em 1986, Samora morreu num acidente aéreo. Em 1998,
Graça casou Nelson Mandela.
"Marcha pela
paz e contra os raptos"
Maputo foi hoje
palco de uma marcha que reuniu "milhares de pessoas numa manifestação
pacífica, em protesto contra a onda de raptos e o espetro da guerra que ameaça
Moçambique, acusando o Governo de estar 'mudo' e a polícia de 'corrupção',
noticia a agência Lusa.
"Além da
polícia, estrangeiros estão envolvidos nos raptos que mexem com o país",
disse a presidente da Liga dos Direitos Humanos, Alice Mabote, citada por
"O País".
"Sabes qual é
a quantidade de gente traficante que entra no aeroporto? Há muitos destes
envolvidos nos raptos, e não são pessoas quaisquer", acrescentou Alice
Mabote.
Pela primeira vez,
os moçambicanos marcharam contra o Governo. Temos um líder-chefe que deve
cuidar de cada um de nós. Não deve existir nenhuma diferença no tratamento de
cada moçambicano que nós possamos ser, gritou Mohamed Asif, um dos
organizadores da marcha.
A "Marcha pela
paz e contra os raptos" foi organizada pela Liga dos Direitos Humanos, em
conjunto com outras organizações da sociedade civil e confissões religiosas,
numa reação à onda de raptos e ao clima de instabilidade político-militar que
Moçambique atravessa.
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Expresso
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