Verdade (mz)
Na sexta-feira
passada (22), a Polícia da República de Moçambique (PRM) em Gúruè, na província
da Zambézia voltou a recorrer, desnecessariamente, à força, e matou a tiro dois
adolescentes, dos quais um rapaz de 15 anos de idade e uma menina de 17 anos, que
acompanhavam um grupo de cidadãos que contestavam a vitória supostamente
fabricada do candidato da Frelimo, Janguir Ussene, nas eleições da última
quarta-feira (20). É naquela autarquia, onde a população já havia prometido não
votar na Frelimo, assim como em Mocuba, após o término da contagem de votos o
MDM e os seus candidatos constam como vencedores e os munícipes estavam atentos
a esses resultados ao mesmo tempo que já contavam vitória a favor do partido de
Daviz Simango.
Entretanto, algum
malabarismo dos órgãos de administração eleitoral viciou os votos colocando-os
a favor da Frelimo, um partido com 50 anos de existência e que, de há tempos
para cá tem sido fortemente contestada pelos seus membros e simpatizantes,
sobretudo desde 2004, altura em que Armando Guebuza se tornou Presidente da
República e da mesma formação política.
Na sequência da
contestação dos citadinos de Gúruè - sem recurso a nenhuma violência -, contra
os resultados do último escrutínio, a PRM disparou contra cidadãos desarmados,
tendo acabado com duas vidas inocentes. Um agente da Polícia ficou gravemente
ferido, pois na altura em que pretendia disparar, a população, já enfurecida,
com a morte dos dois adolescentes, conseguiu dominar o homem, apoderou-se da
sua arma e o agrediu fisicamente.
Refira-se que
aquando da apresentação pública de Janguir Ussene, após as eleições internas da
Frelimo, em Agosto deste ano, ele foi rejeitado publicamente pelos residentes e
estes prometeram não votar nele nem no seu partido caso concorresse no
escrutínio passado. Ao que tudo indica, a população sabia o que estava a dizer
e cumpriu a sua promessa.
No município de
Gúruè vive-se um ambiente de cortar à faca. Há um reforço maior da Força de
Intervenção Rápida (FIR) que sai de Cuamba. A missão desses agentes com fama de
maltratar indivíduos e sem modos para reprimir as tensões sociais é andar de
casa em casa com o intuito de identificar membros e simpatizantes do MDM para
maltratá-los. Neste momento, existem muitas pessoas a abandonarem as casas
residência porque temem represálias. Há informações de que o próprio candidato
da Frelimo, Janguir Ussene, pediu para renunciar ao cargo porque ninguém
contava com o ambiente que se vive localmente. Aliás, ele reconhece que em
nenhum momento ganhou as eleições realizadas no dia 20 deste mês, por isso,
prefere demitir-se. Ele e um comerciante e quer tocar a vida para frente.
Contudo, a Frelimo não lhe deixa fazer isso.
Agora, Janguir
Ussene anda com escolta e a sua família está a abandonar as casas. Apesar do
medo dos homens da FIR à paisana que circulam pela autarquia, por sua vez, a
população está a “caçar” o pessoal da Frelimo e familiares também para fazer
justiça. Instalou-se uma turbulência em Gúruè.
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