Deutsche Welle
Em Moçambique
multiplicam-se, até à data sem resultado, os apelos pela paz. Desta vez são os
partidos extraparlamentares que pedem ao Governo e a RENAMO uma solução
negociada do conflito.
Os partidos
políticos na oposição mas sem representação no Parlamento moçambicano pretendem
ser incluídos nestas negociações, juntamente com outros setores negociais. O
apelo é feito no momento em que aumentam os conflitos violentos entre o maior
partido da oposição, Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e o Governo.
Segundo a edição online do jornal moçambicano o País, na madrugada de
quarta-feira (06.11) homens armados atacaram o posto policial da região de
Canda, no posto administrativo de Nhamadzi, na Gorongosa, a norte da província.
O ataque não causou vítimas. Na mesma localidade foi assaltado um posto de
saúde.
Perante o cenário
de crescente violência, o Partido de Ampliação Social, PASOMO, considera ainda
que o exército moçambicano se deve retirar da zona centro do país, para
permitir que o líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, regresse ao diálogo. O
presidente do PASOMO, Francisco Campira, disse à DW África ser impensável que os
cidadãos moçambicanos se sintam limitados a circular dentro do seu próprio
país: “Do Rio Save até a Gorongosa estão mais de 3000 homens. Para um cidadão
se deslocar do sul para a região centro ou o norte, é preciso viajar em coluna
militar. E circular na zona de Gorongosa é extremamente difícil”.
Intervenção da
comunidade internacional
Francisco Campira acrescenta
que, enquanto o líder da RENAMO se encontrar sitiado em Sofala, será impossível
o país encontrar um caminho para o diálogo: “Se a RENAMO; que é um partido
armado, é pisada pela FRELIMO (partido no poder), o que vai ser de nós partidos
que não temos armas?” Campira receia que outros partidos da oposição possam vir
a sofrer perseguições: “O que é que vai ser de nós. Vamos ser espancados pela
FRELIMO? Vamos ser presos? Vão ser mortos os nossos membros? Vão ser
intimidados?”
Contactados pela DW
África, os partidos extraparlamentares criticam ainda o Governo pelo fato de
não aceitar o envolvimento dos facilitadores internacionais. O presidente do
partido Os Verdes, João Massango, diz que a comunidade internacional deve
intervir o mais rapidamente possível: “Que a comunidade internacional de facto
tome o seu papel de não deixar as como estão porque diz-se que em Moçambique
não há espaço para receber os facilitadores”. Massango diz que talvez a
comunidade internacional pudesse ajudar o país “a sair da situação em que
estamos”. E remata: “Não queremos governar mortos”.
Uma “democracia de
sangue”
O Partido
Independente de Moçambique, PIMO, avisa que o país pode entrar em crise
profunda caso o diálogo se circunscreva ao governo e a RENAMO, diz o seu
presidente Yacub Sibinde: “Há muito que dizemos que o Governo e a RENAMO devem
alargar os parceiros de diálogo, para ouvir outros partidos políticos, ouvir os
religiosos, ouvir os académicos, jornalistas, todas as camadas sociais. Sibinde
conclui que Moçambique “tem uma opinião a dar” sobre o diferendo entre a RENAMO
e o Governo: “Mas ninguém quis ouvir-nos e levaram o país aé ao extremo em que
hoje está, que é a guerra”.
Também o PIMO
destaca a importância de uma intervenção da Comunidade Internacional: “Porque
nós não temos dentro dos nossos órgãos algum organismo que se encarregue de
recolher as armas e assim trazer a paz. Estamos muito magoados com o
comportamento do Governo. Da FRELIMO e do partido RENAMO, pois ambos estão a
oferecer a este povo uma democracia de sangue”.
De abril a esta
parte tem vindo a ser derramado com frequência sangue na zona centro do país,
na sequência conflitos armados entre o exército nacional e homens armados
supostamente da RENAMO. Vários círculos sociais já apelaram ao Governo e à
RENAMO para encontrarem um consenso, a fim de parar com a escalada de violência
em Moçambique.
Autoria: Romeu da
Silva (Maputo)/Cristina Krippahl – Edição: António Rocha
Leia mais em
Deutsche Welle
Sem comentários:
Enviar um comentário