Henrique Monteiro –
Expresso, opinião
Paulo Portas foi a
Madrid dizer que não quer "nem mais tempo, nem mais dinheiro, nem mais troika".
À primeira vista é uma frase bombástica e cheia de vigor. Porém, se refletirmos
um pouco, não passa de fanfarronice que, infelizmente, segundo penso, tem a ver
com a sucessiva aproximação de eleições.
A troika tem algo
de vexatório, disse ainda o vice-primeiro-ministro. É verdade! Mas sem a troika
- e não é a primeira vez que tal acontece - Portugal não consegue ser um país
equilibrado. Há cinco anos discutia-se um novo aeroporto, uma terceira
autoestrada para o Porto, uma nova travessia do Tejo.
Portugal vai
continuar, com ou sem troika, a precisar de mais dinheiro, de financiamento
externo. E só não precisará de mais tempo e mais troika, se convencer os investidores
que é capaz de uma gestão equilibrada. Mas, como se vê, pelas palavras mais
recentes de todos os atores políticos, a venda de ilusões continua a ser uma
receita. Foi isso que Portas foi fazer: vender uma ilusão com efeitos
eleitorais internos.
Teme-se que os
enormes sacrifícios - o descomunal desemprego, os cortes salariais, os
sacrifícios de famílias e de empresas - não tenha servido de lição aos nossos
políticos. E que mal se vejam livres das obrigações internacionais, voltem à
vida antiga. Talvez àquilo que Portas chama "não estar tutelado" ou
libertar-se do protetorado.
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