sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

ADEUS MADIBA!

 

 
- “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.”
 
- “A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo.”
 
- “Sonho com o dia em que todos levantar-se-ão e compreenderão que foram feitos para viverem como irmãos.”
 
 

Moçambique: GOVERNAR NÃO É DESTINO DE NINGUÉM

 


Verdade (mz) - Editorial
 
A derrota da Frelimo, nas eleições de Nampula, não carece de um estudo profundo para qualquer cidadão que atravesse a cortina de cimento e penetra nos bairros periféricos de Nampula. A explicação da abstenção e do voto a favor da oposição reside em cada rosto que deambula sem eira nem bem beira. A periferia de Nampula é uma espécie de cemitério de expectativas.
 
É como estar numa lixeira, no meio da imundície e de odores que trazem à memória temidas doenças. O esgoto jorra em frente das casas de bloco cru. O lixo é levado pelos pequenos riachos que desempenham o papel da edilidade. A desgraça e imundície impostas por uma governação voltada para a cidade de cimento repete-se de bairro para bairro.
 
“O município só sabe cobrar a taxa de lixo”, diz cansada uma idosa em Namutequeliua. E isso explica o elevado nível de abstenção e o voto no partido da oposição. Trata-se, aliás, de uma explicação bem mais lógica do que a justificação tribal. O voto contra a Frelimo está explícito nas choças erguidas com estacas e argila, cobertas com palha ou zinco e inacabadas com o chão de barro.
 
Nessa encruzilhada entre o barro e o cimento, entre a palha e a laje, é preciso sobreviver. Os seres que desfilam neste mundo invisível compreendem, melhor do que ninguém, que o termo sobreviver significa chegar ao dia de amanhã. @Verdade foi aos mercados e conversou com inúmeros vendedores ambulantes. Encontrámos poucos dedos marcados com a tinta indelével. Ou seja, os informais não foram votar.
 
São experientes demais a desenhar esquemas de sobrevivência para perder um dia numa mesa de votação. É tempo precioso. Votar tem o seu preço e um deles é ficar sem comer pelo menos um dia. Não se trata, portanto, do local de nascimento de um dos candidatos, mas da ausência de expectativas como sintetizou Osvaldo Carlos António: “Se eu voto continuo na rua a vender as minhas lonas. Se não voto continuo na rua a vender as minhas lonas. Mas se vou votar sou capaz de não vender uma lona nesse dia. E se não for votar talvez possa vender uma lona. É lógico que não irei votar”.
 
O poder autárquico representa um governo de proximidade. Conhece os problemas e procura encontrar as soluções com os munícipes. Portanto, a abstenção e a morte das vitórias retumbantes daquele que se designa partido glorioso encontram explicação na extinção da proximidade. É impossível conhecer problemas e falar para o coração das pessoas de carro com tracção às quatro rodas.
 
As pessoas estão cansadas de nascer, casar e morrer na sarjeta. Não há governos eternos. Os frelimistas deviam deixar de acreditar que governar é seu destino divino, sobretudo agora.
 

Moçambique: ECONOMIA EXCLUI IDOSOS

 

O País (mz)
 
O aumento da esperança de vida é um activo ou um fardo para Moçambique”? Esta é uma das questões que a nova pesquisa do IESE levanta no âmbito da situação dos idosos no país, sugerindo, outrossim, que seja adoptada uma pensão universal mensal para a pessoa da terceira idade, fixada em um terço do actual salário mínimo nacional (aproximadamente 800 meticais).
 
O livro lançado ontem pelo Instituto dos Estudos Sociais e Económicos (IESE) revela que os idosos em Moçambique estão entregues à sua própria sorte e que as actuais políticas de protecção social atiram a pessoa da terceira idade para fora da economia, estando predestinada a viver os últimos dias da sua vida na miséria.
 
Dados apurados indicam que um idoso no país vive com menos de um terço de dólar por dia, o mesmo que menos de 10 meticais. O problema é que o actual Subsídio Social Básico é baixo (fixado entre 300 e 500 meticais) e não chega a todos os idosos.
 
Dados disponibilizados pela pesquisa mostram que mais de 60% das famílias moçambicanas com idosos vivem abaixo da linha de pobreza, o que mostra, claramente, que a pessoa da terceira idade é mais pobre que a restante população, na medida em que a pobreza geral em Moçambique está estimada em 54.7%.
 
Intitulado “Envelhecer em Moçambique: Dinâmicas do Bem-Estar e da Pobreza”, a obra alerta que o número de idosos tende a aumentar a um ritmo elevado, devendo merecer uma atenção especial do Governo na delimitação de políticas, tendo em conta a desgraça a que estão voltados os idosos.
 
“A pessoa idosa em Moçambique vive em situações precárias, desde o deficiente acesso à habitação, água, alimentação até a um serviço de saúde precário e distante. Muitas unidades sanitárias estão a mais de 20 quilómetros das zonas onde residem pessoas da terceira idade, o que dificulta o seu acesso, dada a fragilidade do sistema de transporte”, comentou ontem o presidente do Fórum da Terceira Idade, Conde Fernandes.
 
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Populações do leste de Angola vivem na miséria e na nudez - Eduardo Kuangana

 


Líder do PRS diz-se chocado com o que viu
 
Manuel José – Voz da América
 
As populações da região leste do país vivem em extrema pobreza e miséria, constata o líder do PRS que efectuou um périplo de sete dias ao Cuanza-Norte, Malanje, Lundas Norte e Sul e Moxico.

Para Eduardo Kuangana a viagem de carro deu para ver as dificuldades porque passam grande maioria dos cidadãos da zona leste do país.

"Encontramos pobreza, misturada com a miséria,” disse Kuangana que convidou os jornalistas a efectuarem a mesma visita para se inteirarem dessa realidade.

O presidente da quarta maior forca partidária do país diz ter visto outras privações que as populações padecem na região leste de Angola.

"Outro problema que encontramos é a nudez,” disse.

“Não há roupas naquelas populações, sobretudo crianças de um a oito anos de idade, aquilo são farrapos que usam, quando estamos num país independente que se diz rico sobretudo aquela região que se diz rica em diamante," acrescentou.

Outra constatação de Kuangana são os parcos salários auferidos pelos professores e enfermeiros.

"Professores que são muito mal pagos que ganham menos de quinze mil cuanzas (Equivalente a cento e cinquenta dólares) assim como os enfermeiros, imaginem o que fazer com menos de quinze mil cuanzas?" interrogou

O também deputado, Eduardo Kuangana acusou a imprensa de ser instrumentalizada pelo executivo, para propagar mentiras a respeito da vida no leste de Angola.

"A informação que a imprensa veicula, muitos de vós são usados para dizer mentiras, tenho aqui um copo de agua, pedem-vos para dizer que 'é vinho e vocês dizem, para quê? Governantes mentirosos a quem vão beneficiar estas mentiras?" interrogou o líder do PRS.
 

Isabel dos Santos e Valentina Guebuza as jovens mais poderosas de África

 


Isabel dos Santos e Valentina Guebuza estão na lista das 20 mulheres jovens mais poderosas de África, publicada pela Forbes. A lista destaca jovens brilhantes e inovadoras.
 
Voz da América
 
Isabel dos Santos lidera o top, Valentina Guebuza está entre as dez primeiras. As empresárias são ambas filhas de chefes de Estado.

Isabel dos Santos, filha de José Eduardo dos Santos, Presidente da República de Angola é a primeira na lista da Forbes. A africana mais rica é também a mais poderosa mulher de negócios de África.

Detentora de 25% da operadora móvel Unitel, tem ainda outros 25% do Banco BIC em Angola, 25% da companhia de telecomunicações portuguesa ZON Optimus e perto de 20% do banco português BPI entre outros negócios em Portugal.

Valentina Guebuza ocupa o 7º lugar
 
A jovem de 33 anos é filha do Presidente moçambicano, Armando Guebuza. Embora o seu património não seja tão vasto quanto de Isabel dos Santos, Valentina destaca-se igualmente no sector das telecomunicações e banca, dentro da Focus 21 Management & Development, uma empresa de família que dirige.

A Focus 21 Management & Development tem também negócios no sector de pescas, transporte, minas e propriedades.

A etíope Mimi Alemayehou é a segunda jovem empreendedora deste ranking.

Foi nomeada Vice-Presidente Executiva da Agência de Investimento Privado para o Exterior (OPIC – sigla em inglês), pelo Presidente americano Barack Obama, em 2010.

A OPIC é uma instituição do Estado americano desenvolvimento financeiro. Mimi gere 16 mil milhões de dólares com o objectivo de encontrar oportunidades em mercados emergentes.

Vera Songwe dos Camarões, ocupa o 3º lugar. É directora regional do Banco Mundial para o Senegal, Cabo Verde, Gâmbia, Mauritânia e Guiné-Bissau.

É a única camaronesa na lista.

Da Nigéria, a Forbes distingue Tara Fela-Durotoye (4º), dona de uma linha de cosméticos (House of Tara); a médica de 25 anos Ola Orekunrin (13º) e Folake Folarin-Coker (17º), designer de moda, fundadora de uma das marcas mais conhecidas de África, Tiffany Amber.

A África do Sul surge com três nomes: Rapelang Rabana (5º), de 29 anos, CEO e fundadora da Yeigo Communications, na Cidade do Cabo; Lindiwe Mazibuko (11º), líder parlamentar da Aliança Democrática, foi nomeada em 2012 a mulher mais influente da África do Sul e Sibongile Sambo (14º), CEO e fundadora da SRS Aviação.

Claire Akamanzi (6º), é a única do Ruanda, bem como Hadeel Ibrahim (8º) única empreendora do Sudão nesta lista.

Uganda e Zâmbia seguem em 9º e 10º com Alegot Oromait de 20 anos e Monica Mussonda, respectivamente.

A lista segue com empresárias de países como o Egipto (Minoush Abdel-Meguid, 12º); Kénia (Lupita Nyong’o em 15º e Wangechi Mutu, 19º); República Democrática do Congo (Amini Kajunju, 16º); Zimbabué (NoViolet Bulawayo, 18º) e Tanzânia (Angellah Kariuki, 20º)

Segundo a Forbes, esta lista é subjectiva e destaca mulheres inovadoras e corajosas abaixo dos 45 anos, com carreiras brilhantes, que desempenham um papel fundamental no mundo dos negócios dos seus países e com bastante sucesso.

ANGOLANOS E FRANCESES FORMAM PARCERIAS

 


A Agência Francesa de Desenvolvimento Internacional (UBIFRANCE) revelou que está em curso a constituição de parcerias entre empresas angolanas e daquele país europeu depois de uma missão liderada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Laurent Fabius, que na semana passada trouxe a Angola representantes de 23 companhias francesas.
 
A UBIFRANCE informa que a vinda de Laurent Fabius visava reforçar as relações económicas e comerciais entre a França e Angola e as 23 empresas foram seleccionadas para a missão com base numa pesquisa sobre as necessidades identificadas no mercado angolano, o qual não conheciam, sendo atraídas pelo dinamismo económico do país. As empresas francesas participaram em seminários de apresentação do mercado angolano, as suas necessidades e sectores prometedores para a oferta francesa, para o que foram realizadas 175 reuniões com eventuais parceiros angolanos seleccionados pela UBIFRANCE e interessados na oferta de produtos e serviços franceses.

A UBIFRANCE declarou que cada uma das 23 empresas francesas teve de oito a 16 encontros específicos para concretizar a sua presença no mercado angolano com parceiros locais.

Além disso, duas visitas às empresas Ponticelli (prestação de serviços à indústria petrolífera) e Refriango (sector a­gro-alimentar), assim como a uma Feira de Enfermagem permitiram às empresas destes sectores “entender melhor as necessidades angolanas”, disse a agência francesa. A fonte declarou que, como prova da vivacidade dos laços económicos entre a França e Angola, os principais actores do mercado local mobilizaram-se para atender os participantes do Fórum de Negócios Angola-França, contando-se entre eles a Sonangol, Total E&P Angola, Refriango, Lactiangol, Sodexo, Newrest, Tecnimed, AngoAlissar, Technip, Subsea 7, MartalFarma, Banco Privado Atlântico, Banco Millenium, Hotel Ritz, TDHotel, Soares da Costa e Teixeira Duarte.

A UBIFRANCE afirmou que o “know-how” dessas empresas é coerente com a estrutura da economia angolana e o Plano Nacional de Desenvolvimento 2013-2017 anunciado pelo Executivo, pelo que, depois do fórum, vão surgir parcerias em sectores tão diversos como o petrolífero, prestação de serviços à indústria petrolífera, construção, agro-alimentar, produtos alimentares, produtos de saúde, de decoração, tecnologias de informação e comunicação ou ainda de e­quipamentos eléctricos.

As empresas francesas e angolanas que participaram no fórum expressaram satisfação em relação aos encontros que a UBIFRANCE afirmou terem sido “frutíferos” e planeiam construir parcerias comerciais a médio prazo. A França é o sexto fornecedor de Angola (atrás da China, Portugal, Estados Unidos, África do Sul e Brasil) e o segundo investidor depois dos EUA, de acordo com a UBIFRANCE, um organismo público afecto aos Ministérios da Economia, Finanças e Comércio Externo da França. Possui uma rede de mais de 1.400 colaboradores na França e no mundo - 80 escritórios em 70 países - dedicada ao apoio das Pequenas e Médias Empresas (PME).

Jornal de Angola – foto AFP
 

CABO VERDE VAI ESTUDAR ABUSO E EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇAS

 


Cidade da Praia, 05 dez (Lusa) - O Instituto Cabo-Verdiano de Criança e do Adolescente (ICCA) anunciou hoje que vai realizar em 2014 um estudo sobre o abuso e exploração sexual de crianças em Cabo Verde, para agir em conformidade com a realidade do país.
 
Cátia Cardoso, técnica do ICCA, falava no ateliê sobre "Exploração Sexual e Comercial de Crianças em Cabo Verde", que começou hoje na Cidade da Praia e é promovido pela União Nacional dos Trabalhadores Cabo-Verdianos - Central Sindical (UNTC-CS), em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
 
"É uma questão preocupante. Mas para se saber a real situação do país, o ICCA vai realizar em 2014 um estudo sobre o abuso e exploração sexual de crianças para poder melhorar as intervenções e adequá-las às políticas que já existem", disse Cátia Cardoso, sem avançar números concretos sobre o total de casos conhecidos.
 
Lusa
 

Guiné-Bissau: KUMBA IALÁ ANUNCIA QUE VAI RECANDIDATAR-SE

 


O antigo Presidente da Guiné-Bissau e fundador do Partido da Renovação Social (PRS), Kumba Ialá, assumiu-se hoje como candidato à presidência do país nas próximas eleições gerais de 16 de Março de 2014.
 
"Naturalmente, eu sou candidato, só que não tenho adversário", referiu, em resposta aos jornalistas, depois de ter recebido o cartão de eleitor numa das mesas de recenseamento instaladas na capital, esta manhã.
 
Kumba Ialá acredita que vai vencer com facilidade, classificando a candidatura como "um passeio".
 
O antigo presidente conta ter o apoio do PRS, principal força da oposição, a qual também já liderou: "O nosso partido foi criado no espírito de unidade e continuará", referiu.
 
"O PRS, neste momento, é o único partido válido presente neste processo eleitoral. Já tem todos os delegados fiscais prontos, enquanto outros partidos estão a guerrear-se", acrescentou, numa alusão ao Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).
 
O PAIGC já adiou por várias vezes o congresso em que se deverá preparar para as eleições gerais.
 
Kumba Ialá devia ter disputado a segunda volta das eleições presidenciais de 2012 com Carlos Gomes Júnior (conhecido como Cadogo), mas contestou os resultados e recusou-se a ir a votos.
 
Entretanto, a segunda volta não chegou a acontecer por causa do golpe de estado militar que levou à deposição de Cadogo, líder do PAIGC e primeiro-ministro (atualmente a viver em Portugal) e conduziu ao atual período de transição política.
 
O antigo líder do PRS assumiu-se hoje como candidato, depois de já ter minimizado as capacidades de outros dois candidatos à presidência, Paulo Gomes, economista e ex-quadro superior do Banco Mundial, e Tcherno Djaló, antigo ministro da Educação da Guiné-Bissau.
 
"Para mim, esses são crianças e vou quebrá-los como pauzinhos (?). Se formos ao debate político, garanto-lhe que vou quebrá-los como uma garrafa", referiu numa entrevista ao semanário "O Democrata", publicada na quinta-feira.
 
Perfilam-se ainda como candidatos à presidência o ex-primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior e o ex-diretor-geral da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Hélder Vaz.
 
Lusa
 

REPÚBLICA CENTRO AFRICANA A FERRO E FOGO - CENTENAS DE MORTES

 


França anuncia ação militar "imediata" na República Centro Africana
 
O presidente francês, François Hollande, anunciou esta quinta-feira uma ação militar "imediata" das forças francesas na República Centro Africana.
 
Numa curta declaração transmitida na televisão, Hollande afirmou que "a intervenção francesa será rápida" e "não será desenvolvida para demorar".
 
"Dada a urgência, decidi agir imediatamente, ou seja, esta noite, em coordenação com as forças africanas e com o apoio dos parceiros europeus", indicou o governante, na mesma declaração, assegurando que "a França não tem outro objetivo que não salvar vidas humanas".
 
O contingente francês destacado atualmente na República Centro Africana, com 650 elementos, será "duplicado dentro de alguns dias, se não em poucas horas", disse Hollande, que se reuniu hoje com o conselho de defesa francês.
 
O chefe de Estado francês, que afirmou estar seguro do sucesso da missão, acrescentou que o governo "irá fornecer todas as explicações ao Parlamento na próxima semana", comprometendo-se igualmente a informar de forma regular os franceses.
 
As declarações de Hollande ocorreram algumas horas depois de o Conselho de Segurança da ONU ter autorizado a intervenção de forças francesas na RCA em apoio a uma força pan-africana para restaurar a segurança na antiga colónia francesa.
 
A resolução, proposta pela França e aprovada por unanimidade, autoriza os soldados franceses na RCA a "tomarem todas as medidas necessárias para apoiar a Misca (força africana na RCA) no cumprimento do seu mandato".
 
A Misca poderá agir "por um período de 12 meses" e tem por missão "proteger os civis, restabelecer a ordem e a segurança, estabilizar o país" e facilitar a distribuição de ajuda humanitária.
 
No quadro desta operação designada Sangrais, a França deve triplicar o seu contingente no país, para um total de 1.200 homens, encarregados nomeadamente de garantir a segurança do aeroporto de Bangui e das principais vias por onde passam os comboios humanitários.
 
O país de 4,5 milhões de habitantes mergulhou no caos desde o golpe de Estado de março realizado pela coligação rebelde Séléka, com origem na minoria muçulmana, que afastou o Presidente François Bozizé.
 
A resolução prevê igualmente a eventual transformação da Misca numa força de paz da ONU, que terá de ser aprovada pelo Conselho de Segurança, devendo o secretário-geral da ONU preparar um relatório sobre a questão nos próximos três meses.
 
O documento aprovado esta quinta-feira prevê ainda a criação de uma comissão de inquérito sobre os direitos humanos e um embargo de um ano às armas para a RCA.
 
A votação nas Nações Unidas ocorreu numa altura em que a situação se degradou na capital da RCA, Bangui, onde apesar do recolher obrigatório se registaram vários tiroteios hoje de manhã.
 
Perto de 80 cadáveres com marcas de ferimentos de arma branca e de tiros foram vistos por jornalistas da agência France Presse.
 
Jornal de Notícias
 
Tropas francesas matam vários homens armados na República Centro Africana
 
As forças francesas mataram na quinta-feira vários homens armados num incidente registado perto do aeroporto da capital da República Centro Africana Bangui, indicou esta sexta-feira o Estado-maior do exército francês.
 
"Ao amanhecer [de quinta-feira], homens armados que estavam numa carrinha de caixa aberta abriram fogo, por três ocasiões, contra civis e as tropas francesas. Após a terceira vez, as forças francesas retaliaram e destruíram o veículo", indicou um porta-voz do Estado-maior do exército francês.
 
Este confronto ocorreu antes de o Conselho de Segurança da ONU ter autorizado, na quinta-feira, a intervenção de forças francesas na RCA em apoio a uma força pan-africana para restaurar a segurança na antiga colónia francesa.
 
A resolução, proposta pela França e aprovada por unanimidade, autoriza os soldados franceses na RCA a "tomarem todas as medidas necessárias para apoiar a Misca (força africana na RCA) no cumprimento do seu mandato".
 
Poucas horas depois da aprovação do Conselho de Segurança, o Presidente francês, François Hollande, anunciou uma ação militar "imediata" das forças francesas na RCA.
 
Numa curta declaração transmitida na televisão, Hollande afirmou que "a intervenção francesa será rápida" e "não será desenvolvida para demorar".
 
A RCA, país com 4,5 milhões de habitantes, mergulhou no caos desde o golpe de Estado de março realizado pela coligação rebelde Séléka, com origem na minoria muçulmana, que afastou do poder o Presidente François Bozizé.
 
Os Médicos Sem Fronteiras indicaram hoje, a partir de um balanço desenvolvido pela missão da organização destacada naquele país, de que pelo menos 92 mortos e 155 feridos, por armas brancas ou tiros, deram entrada num hospital de Bangui desde o início de uma vaga de homicídios registada na quinta-feira na capital centro-africana.
 
"Hospital comunitário: 155 feridos em dois dias, 92 mortos na morgue", indicou uma mensagem transmitida pela missão local da organização.
 
A organização não-governamental (ONG), que tem uma unidade médica e cirúrgica neste estabelecimento hospitalar da capital, não conseguiu esclarecer se os corpos registados na morgue eram vítimas que tinham sido mortas durante a noite ou se eram cadáveres que tinham sido abandonados nas ruas.
 
Tiros esporádicos de armas automáticas foram ouvidos durante a noite de quinta para sexta-feira em vários bairros da capital, segundo os testemunhos de alguns habitantes contactados pela agência France Presse.
 
Jornal de Notícias
 

África do Sul: Funeral de Nelson Mandela é no dia 15 de Dezembro, na aldeia de Qunu

 

Rita Siza - Público
 
A África do Sul decretou uma semana de luto oficial. O primeiro Presidente negro do país vai ser velado na sede do Governo, em Pretória, e um memorial nacional foi marcado para o estádio de Joanesburgo onde decorreu a final do campeonato do mundo de futebol de 2010.
 
Nelson Mandela vai ser enterrado no dia 15 de Dezembro, na cidade de Qunu, onde passou a sua infância, junto dos seus pais e três dos seus filhos, numa cerimónia íntima, como era o seu desejo, informou o Presidente da África do Sul, Jacob Zuma.
 
Jacob Zuma decretou que este domingo, dia 8 de Dezembro, será um “dia nacional de oração e reflexão”, em memória do antigo líder da luta anti-apartheid e símbolo maior da reconciliação nacional sul-africana. “Peço a todas as pessoas, nas igrejas, mesquitas, templos, sinagogas, que parem para fazer uma oração e pensem na vida de Madiba, e na sua contribuição para o seu país e o mundo.”
 
Jacob Zuma apresentou, numa curta declaração televisiva, o programa oficial de cerimónias fúnebres, tributos e homenagens a Nelson Mandela, que morreu tranquilamente esta quinta-feira, na sua casa de Joanesburgo, depois de vários meses em estado crítico por doença respiratória. Tinha 95 anos.
 
“Vamos trabalhar juntos para organizar o funeral mais digno para este filho excepcional do nosso país e pai da nossa jovem nação”, disse Zuma, que, em nome da África do Sul, agradeceu todas as mensagens de condolências e manifestações de solidariedade e respeito enviadas ao país de todo o mundo.
 
Mas, especialmente, o Presidente agradeceu “sinceramente a todos os sul-africanos pela forma digna como reagiram à dor monumental da perda deste ícone internacional, que era o símbolo da reconciliação, unidade, amor, direitos humanos e justiça no nosso país e no mundo”.
 
A África do Sul declarou uma semana de luto oficial pela morte de Nelson Mandela. A 10 de Dezembro, será realizado um memorial nacional no “Soccer City” de Joanesburgo, o estádio que acolheu a final do campeonato do mundo de futebol de 2010 e que tem capacidade para 95 mil pessoas.
 
De 11 a 13 de Dezembro, o corpo de Nelson Mandela vai ficar em câmara-ardente no complexo governamental Union Buildings, na capital, Pretória. O velório do líder histórico do Congresso Nacional Africano e primeiro Presidente negro da África do Sul será uma cerimónia de Estado, e vários presidentes e chefes de Governo estrangeiros confirmaram já a sua participação nas exéquias fúnebres.
 
No dia 16 de Dezembro, os sul-africanos celebram o “Dia da Reconciliação”, um feriado nacional que assinala a união de negros e brancos depois de séculos de segregação e opressão racial. O programa comemorativo deste ano já incluía a inauguração de uma estátua de Nelson Mandela em frente do edifício-sede da Presidência da República, em Pretória.
 

África do Sul: A “reconciliação impossível”, uma obra-prima da política

 

Jorge Almeida Fernandes - Público
 
1. O jornalista hispano-britânico John Carlin, que durante muitos anos o acompanhou, recusa-se a comparar Mandela com qualquer outro político: “Mandela estava 500 anos à frente dos políticos de hoje.” Menos enfaticamente, explica Cyril Ramaphosa, antigo presidente do sindicato dos mineiros e secretário-geral do Congresso Nacional Africano (ANC): “É um homem histórico. O seu pensamento estava sempre à nossa frente. Tinha em mente a posteridade — ‘como é que eles olharão o que nós fizemos’.”
 
Uma das razões que engrandeceu o mito foi a aparente impossibilidade duma solução pacífica para a tragédia do apartheid. Mandela foi actor de uma obra-prima da política: a transição do apartheid para democracia, envolvendo a construção duma nação sul-africana, a “nação arco-íris”. A primeira meta — um homem, um voto — foi alcançada. Em Abril de 1994, milhões de sul-africanos votavam em conjunto pela primeira vez na sua história. A nação é que continua a ser a questão crítica da África do Sul.
 
2. Mandela foi preso e condenado em 1962 e de novo julgado em 1964. Escapou à pena de morte. Foi condenado, com os seus companheiros, a prisão perpétua por “alta traição e tentativa de derrube do governo [branco] pela força”.
 
Na sua defesa, fez uma declaração que correu o mundo: “Dediquei a minha vida à luta pelo povo africano. Combati a dominação branca e combati a dominação negra. Acarinhei o ideal de uma sociedade democrática e livre em que todos vivam em conjunto, em harmonia e com igualdade de oportunidades. É um ideal que espero alcançar e pelo qual espero viver. Mas, se necessário, é um ideal pelo qual estou disposto a morrer.”
 
Não era retórica. Esta declaração de princípios sempre o guiará e determinará o que se irá passar na transição. Mandela cedo percebeu que os afrikaners ou boers sentiam-se tão profundamente africanos quanto os negros. E, que antes de oprimirem os negros, os afrikaners tinham sido oprimidos pelos ingleses. E os boers partilhavam de um “complexo de inferioridade” análogo ao dos negros.
 
Mandela nunca foi um pacifista e depois do massacre de Sharpeville (Março de 1960), em que a polícia matou 69 manifestantes negros desarmados, incitou os veteranos do ANC a aceitarem o princípio da luta armada. Não era uma opção ideológica mas pragmática. Explicou no tribunal que são os opressores quem determina os meios de resistência. O governo fechara à população negra todas as vias legais e disparava sobre os que exigiam as liberdades.
 
“A estratégia [de Mandela] era muito mais focada na psicologia do que no combate”, escreveu o historiador americano Ryan Irwin. “O objectivo de Mandela não era aterrorizar a sociedade branca mas ‘destruir a legalidade do governo’, através da conciencialização das massas e do impacto na opinião internacional.” A possibilidade de uma vitória militar sobre o regime do apartheid era “um sonho distante, senão impossível”, confessa Mandela nas suas memórias.
 
Ao longo dos anos 1970-80, motins, manifestações e actos de desobediência civil tornam-se maciços e incontroláveis. E a sua ressonância internacional cresce exponencialmente.
 
3. A situação do regime sul-africano torna-se insustentável e vai tornar possível o impensável: a negociação. Niel Barnard, director dos serviços secretos sul-africanos (NIS) na era de P.W. Botha e Frederik De Klerk, faz o diagnóstico. “No início dos anos 80, o governo doapartheid estava a caminho de chocar com um muro. O ANC tinha conseguido isolar-nos na cena internacional, sofríamos sanções e boicotes. Os motins estalavam nas townships, por toda a parte. Havia duas escolas de pensamento. Ou aniquilávamos definitivamente o movimento de libertação, o que era a solução do assalto militar. Ou optávamos por uma solução negociada. Eu fazia parte deste grupo. Queríamos também tomar a iniciativa de conversações, antes de estarmos encostados à parede, de modo a negociarmos em posição de força.”
 
Em Fevereiro de 1985, o presidente Botha oferece a Mandela a liberdade em troca da condenação da violência. O prisioneiro recusa. Meses mais tarde, propõe-lhe a abertura de negociações. Recebe a resposta de sempre: “Só os homens livres podem negociar.”
 
Para Mandela, os tempos da negociação são uma questão de táctica e não de princípio. Em 1985, é obrigado a fazer uma cirurgia à próstata num hospital onde é contactado por um emissário do governo. Em 1986 sente que a situação se tornou favorável e o problema passa a ser convencer os dirigentes do ANC a aceitarem que ele encete conversações, o que para muitos era um suicídio político. Mandela assumiu um incalculável risco, pessoal e histórico, que se falhasse poderia pôr em causa o futuro do país.
 
Entre Maio de 1988 e 11 de Fevereiro de 1990, Barnard e Mandela participarão em 48 reuniões secretas. Outra figura central na negociação é o ministro da Justiça, Kobie Coetsee.
 
Em Julho de 1989, Mandela encontra-se com o presidente Botha. Este fica surpreendido pela correcção com que o prisioneiro fala afrikaans e pelo seu conhecimento da História boer. Mandela seguiu sempre um princípio: “Aprende a língua e o jogo favorito do teu inimigo”.
 
Prossegue Barnard: “A regra central de toda a negociação é identificar a pessoa que detém realmente o poder. E não havia dúvida de que nessa época o poder estava nas mãos de um homem chamado Nelson Mandela. Se queremos negociar não podemos cair na facilidade e no erro de escolher uma pessoa dócil, que não batalhará muito para obter concessões. E Mandela não era fácil. Fixava-se numa linha e nunca se afastava dela. Sabia mostrar-se intransigente e ter acessos de cólera. Não era um anjo. (...) Diga-se muito claramente que jamais teríamos chegado a uma solução negociada sem a participação activa de Nelson Mandela.” Só ele tinha autoridade para fazer concessões e as impor ao ANC e à população negra.
 
Uma regra básica da negociação é evitar que “a outra parte” sinta que perdeu. Ambas as partes têm de ceder.
 
4. Em Setembro de 1989, Frederik W. De Klerk substitui Botha e o processo negocial acelera-se. Mandela fixa os objectivos: a regra democrática “um homem, um voto”; a legalização do ANC, dos seus aliados — o Partido Comunista e os sindicatos; a libertação de todos os presos políticos; o desmantelamento dos bantustões. Só nestas condições, aceita ser libertado – no dia 11 de Fevereiro de 1990 – para iniciar a grande ronda negocial com o governo de De Klerk.
 
Até às eleições de 1994, o país vive em convulsão: confrontos sangrentos entre o ANC e o partido zulu Inkatha, milhares de assassínios, conspirações da extrema-direitabranca. Mandela torna-se a figura central do país, sendo tratado como se já fosse presidente. Faça-se também justiça a De Klerk, que manifestou uma excepcional coragem política.
 
A batalha que agora se trava já não é o fim do apartheid. É a da “impossível reconciliação” dos inimigos, o seu reconhecimento mútuo com parte da mesma nação. “É libertar ao mesmo tempo opressores e oprimidos, guiar o povo num caminho minado, entre os temores dos brancos e as esperanças dos negros”, resumiu o romancista André Brink.
 
A reconciliação passa pelo perdão e pelos sinais de confiança. Uma vez Presidente, Mandela torna-se o grande mestre dos sinais simbólicos. Mantém no seu posto a grande maioria dos altos funcionários brancos. Visita a viúva de Hendrik Verwoerd, o arquitecto do apartheid. Faz questão de apertar a mão ao promotor que em 1964 pedira a pena de morte para ele. Garante a propriedade dos brancos. “O seu sorriso é a mensagem”.
 
John Carlin escreveu um livro de que Clint Eastwood fez um filme — Invictus. O título em português é Conquistando o Inimigo. Mas o original acrescenta um pós-título: “Nelson Mandela e o jogo que fez uma nação.” No entanto, a nação ainda não está consolidada. As identidades raciais subsistem mesmo se o racismo foi ilegalizado. O fim do apartheid deu o poder à maioria e ao ANC, mas não trouxe o paraíso.
 
Houve transições admiráveis — outras “reconciliações impossíveis” — como as da Espanha e da Polónia, que Mandela muito estudou. Mas a África do Sul, com todas as convulsões, será a mais impressionante. Para lá da coragem e liderança, Mandela deixou um derradeiro legado, anota o jornalista e escritor Martin Plaut: “Talvez o maior presente que ele fez à África do Sul tenha sido o de saber abandonar o cargo. Ao fazê-lo, provou que este país pode avançar sem ele. Ao contrário de tantos outros presidentes africanos, não se considerou indispensável.”
 
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EM MEMÓRIA DE NELSON MANDELA

 
 

A morte de Madiba era notícia já esperada mais dia menos dia, mais mês menos mês. Mas nem por isso deixou de constituir um choque e imensa tristeza aos que o admiravam. Não existem elogios que preencham as qualidades de Madiba, nem choros nem desgostos, nem lutos. Para Madiba restam as homenagens singelas, simples como ele o era. As de pompa e circunstância são as que estão carregadas de hipocrisia.
 
Em homenagem a Nelson Mandela interrompemos por algumas horas as nossas publicações no Página Global. Como sejam minutos de silêncio abafados pelas nossas tristezas e choros devido à perda de tão bom e tão grande homem. Nelson Mandela morreu mas a sua passagem por entre todos nós é eterna e universal.
 
Viva Madiba!
 

MORREU NELSON MANDELA, O POLÍTICO GLOBAL

 


Morte de Nelson Mandela foi anunciada pelo presidente sul-africano Jacob Zuma.

Cristina Peres - Expresso
 
Morreu Madiba. Morreu Nelson Mandela. Homem de Estado, Presidente da África do Sul (1994-1999), o mais conhecido presidiário do mundo, defensor da liberdade e dos direitos dos desfavorecidos, paladino da igualdade de oportunidades e do fim de todas as formas de opressão, Nelson Mandela morreu hoje em casa em Joanesburgo. Tinha 95 anos de idade.

A nação sul-africana chora o nonagenário que se encontrava fragilizado pela persistência de uma infeção pulmonar. Mandela tinha passado por um internamento hospitalar rápido, em 10 de março, para revisão do estado da infeção, que o mantivera internado 18 dias em dezembro de 2012. Ainda que ninguém possa estranhar que o fim chegue em idade avançada, Madiba tornou-se no símbolo universal que ninguém vê partir sem desgosto.
 
A morte de Mandela foi anunciada esta noite pelo presidente da África do Sul, Jacob Zuma, em conferência de imprensa.
 
Legado político
 
O seu legado político ficou claramente expresso na frase que dirigiu aos milhares de pessoas que se juntaram em Hyde Park, Londres, em Junho de 2008, para comemorar os seus 90 anos: "Onde quer que haja pobreza e doença, onde quer que os seres humanos estejam a ser oprimidos, há trabalho a fazer. Após 90 anos de vida, é tempo de novas mãos empreenderem a tarefa. Agora, está nas vossas mãos".

A vida de Nelson Mandela personifica a ideia de que uma pessoa tem o poder de fazer a diferença e de deixar a sua impressão digital única no mundo. Nasceu Rolihlahla Mandela em 18 de Julho de 1918, na pequena vila de Mvezo, na província do Transkei, na África do Sul rural. Mandela é filho da segunda de quatro mulheres de um conselheiro Xhosa que estava destinado a ser chefe, mas que acabou por perder o título e a fortuna, morrendo quando Rolihlahla tinha apenas nove anos. A mudança de estatuto forçou a mãe a mudar-se com a família para Qunu, uma aldeia ainda menor a norte de Mvezo, e, por sugestão de um amigo do seu falecido pai, Rolihlahla foi batizado pela Igreja Metodista, foi o primeiro da família a frequentar a escola onde o professor lhe anunciou que passaria a chamar-se Nelson.
 
Da aldeia ao ANC
 
Tinha sido adotado pelo chefe Jongintaba Dalindyebo, o regente do povo Thembu, mudou-se para a capital de Thembuland para a residência real do chefe onde ouviu pela primeira vez falar de como África tinha vivido em paz relativa até à chegada dos brancos. Em 1939, entrou para a única universidade que podia ser frequentada por negros na África do Sul, a University College de Fort Hare, o equivalente no país a Oxford ou Harvard e foi ali que foi eleito para o Conselho de Representação dos Estudantes onde os seus atos, considerados de insubordinação, lhe valeram ser suspenso até ao final daquele ano letivo.

Ao voltar a casa, Mandela viu-se confrontado com o facto de lhe ter sido escolhida uma mulher para casar e fugiu para Joanesburgo, onde trabalhou numa série de funções enquanto terminava o seu bacharelato por correspondência. Entrou na Universidade de Witwatersrand para estudar direito e envolveu-se ativamente no movimento anti-apartheid inscrevendo-se no ANC (Congresso Nacional Africano) em 1942. Sete anos mais tarde, o ANC adotou oficialmente os métodos de boicote, greve, desobediência civil e não-cooperação, tendo como objetivos a plena cidadania, a redistribuição da terra, direitos sindicais e educação gratuita e obrigatória para todas as crianças.
 
Militância e prisão
 
Durante 20 anos, Nelson Mandela liderou uma campanha pacífica e não violenta contra o Governo e as suas políticas racistas e fundou um escritório de advocacia com Oliver Tambo que dava aconselhamento a negros que não dispunham de representação. Mandela e mais 150 pessoas foram presas em 1956 acusadas de traição pela sua prática política embora tenham acabado por ser ilibados. Já menos convencido da eficácia dos métodos pacifistas que defendia, Mandela organizou uma greve nacional dos trabalhadores de três dias em 1961 pela qual foi preso no ano seguinte. Em 1963, foi levado a tribunal e condenado, com outras dez pessoas, a prisão perpétua por ofensas políticas, incluindo sabotagem.

Nelson Mandela foi detido em Robben Island 18 dos 27 anos de pena que cumpriu. Após 27 anos como o prisioneiro nº 46664 sob o regime de apartheid na África do Sul, Mandela emergiu como cabeça do ANC (Congresso Nacional Africano) para fazer a reconciliação com os seus opressores e conduzir o país pacificamente na sua transição após a era de 46 anos de segregação racial. Quando foi libertado, apelou de imediato às potências estrangeiras para que não reduzissem a sua pressão sobre o regime de Pretória com vista a uma reforma constitucional.
 
Legado
 
Mandela ganhou o Prémio Nobel da Paz em 1993, quando era Presidente Frederik de Klerk e, em 1994, foi eleito o primeiro Presidente da África do Sul democrática. Cumpriu um único mandato, de 1994 a 1999, tendo sido sucedido pelo seu vice-presidente, Thabo Mbeki.

Mandela foi casado três vezes: com Evelyn Ntoko Mase (1944-1957) com quem teve quatro filhos; com Winnie Madikizela-Mandela (1958-1996) com quem teve duas filhas e com Graça Machel (1998).

O Dia Nelson Mandela foi instituído em 2009 para celebrar a sua vida e a chamada à ação que fez ao longo da sua vida. Celebra-se a 18 de Julho e, propositadamente, não é um feriado para que inspire todas as pessoas em todo o mundo a trabalharem pelos valores que Nelson Mandela defendeu ao longo de toda a sua vida.
 

NELSON MANDELA MORREU, NEM TODA A HUMANIDADE ESTÁ DE LUTO

 


Tudo que se possa dizer sobre Mandela será uma infima parte da sua verdadeira estatura política, moral e cívica enquanto ser humano. Como ele já não existe outro ser humano. Outros como ele já nos deixaram fisicamente e agora restam os seus legados de humanidade, liberdade, justiça e democracia, Gandi foi um deles. Não parece que mundialmente os líderes atuais saibam preservar esses mesmos legados, de grandes homens, de grandes líderes, de grandes seres humanos. É impossível que lideranças anãs, em débito total para com os valores que importam e são imprescindiveis à humanidade, saibam fazer prosseguir e desenvolver o legado de Mandela, como não o souberam fazer no exemplo de Gandi.
 
Os atuais líderes  mundiais debitam agora - e sempre que lhes for politicamente oportuno e vantajoso – falsas e elogiosas palavras sobre o gigantesto ser humano que foi Mandela, mas nada mais que isso. Melhor seria ficarem calados e envergonhados por não saberem e/ou não quererem seguir o caminho apontado por Mandela, antes por Gandi, e por outros grandes seres humanos que, esses sim, foram bons homens e mulheres, bons líderes… mas sempre traídos nos seus bons exemplos, nas suas lições. Nas suas grandes caracteristicas de humanidade, liberdade e justiça.
 
Mandela morreu para o mundo mas não para os justos. Nem toda a humanidade está de luto, principalmente a classe dos atuais líderes mundiais medíocres não está de luto mas sim com roupagens de hipocrisia. Os que ele sempre defendeu, os explorados e oprimidos, estão de luto. (Redação PG)
 
Nelson Mandela, um ícone da luta pela igualdade racial, faleceu nesta noite, aos 95 anos.
 
Nelson Mandela, um ícone da luta pela igualdade racial, faleceu nesta noite, aos 95 anos.
 
“Ele partiu pacificamente na companhia de sua família”, declarou o presidente sul-africano, Jacob Zuma, ao comunicar a notícia ao mundo.
 
O ex-líder rebelde e ex-presidente da África do Sul de 1994 a 1999 esteve internado entre Junho e Setembro devido a uma infecção pulmonar, mas faleceu em casa.
 
“Ele agora descansou, ele agora está em paz. Nossa nação perdeu o seu maior filho. O nosso povo perdeu o seu pai”, adiantou o líder sul-africano.
 
Notícias ao Minuto [em actualização]
 
Morreu Nelson Mandela
 
Nelson Mandela, ex-presidente da República da África do Sul e Prémio Nobel da Paz, morreu, esta quinta-feira, na sua casa em Joanesburgo, após uma prolongada infeção pulmonar, anunciou o atual presidente sul-africano, Jacob Zuma. Tinha 95 anos.
 
"Caros cidadãos sul-africanos, o nosso amado Nelson Rohlihla Mandela, o presidente fundador da nossa democrática nação, partiu", declarou Jacob Zuma. "Ele faleceu em paz no conforto da sua casa", acrescentou.
 
Numa declaração transmitida pela televisão, quando eram 21.45 horas de quinta-feira em Portugal continental, o presidente sul-africano indicou que o primeiro presidente negro da África do Sul terá um funeral de Estado, cuja data é ainda desconhecida, e ordenou que as bandeiras sejam colocadas a meia-haste em sinal de luto.
 
Um plano interno de atuação após a morte de Mandela revelado pela imprensa há meses dava conta de um cerimonial de 12 dias. Pelo menos três dias de luto deverão ser reservados à família de Mandela, casado com a moçambicana Graça Machel.
 
Tudo indica que Mandela venha a ser enterrado em Qunu, pequena aldeia vizinha de Mveso, onde nasceu, mas só depois da despedida pública, a que o povo terá acesso.
 
Uma vida pela liberdade e democracia
 
Depois de ter estado quase três décadas na prisão, Nelson Mandela - ou Madiba, o nome tribal pelo qual era conhecido no seu país - tinha já 71 anos quando foi libertado.
 
Era então o preso político mais famoso do Mundo e tornava-se, conforme então se disse, a Grande Esperança Negra da África do Sul. Todavia, apesar de ter um nome conhecido mundialmente, só um reduzido número de pessoas - companheiros de prisão, a segunda mulher (Winnie) e um punhado de amigos leais - sabia muito mais do que isso.
 
Aliás, ao conceder a liberdade a Mandela, o último presidente branco da África do Sul, Frederik W. de Klerk - que contribuiu para o derrube do regime de "apartheid" (política feroz de segregação racial do país) - limitou-se a dizer com algum embaraço: "É um homem de idade, um homem digno e um homem cativante".
 
Narrando e comentando esse momento histórico, a revista norte-americana "Newsweek" recordava então que, ao lado do presidente sul-africano, estava o líder negro, com o cabelo grisalho e o rosto profundamente sulcado pelas rugas. Depois de ouvir as palavras do presidente, Mandela esboçou um sorriso como se dissesse a F. W. de Klerk: "Vamos agora ver quem manda".
 
Mandela sabia que a sua luta não tinha terminado. As leis do "apartheid" continuavam a sonegar aos negros o direito ao voto, ao acesso à qualidade da educação, à habitação, ao trabalho, às praias, aos parques, aos hotéis, aos restaurantes e aos locais públicos, que os brancos reservavam zelosamente - e frequentemente de forma brutal - apenas para eles próprios.
 
O país, destroçado também pelos confrontos entre negros de dois partidos políticos, estava à beira do caos. Mandela, apesar de desconfiar que esse conflito era estimulado por F. W. de Klerk e pelo regime de minoria branca, também estava ciente de que era seu dever conseguir, simultaneamente, convencer os seus sequazes de que não tinha renunciado aos ideais políticos, e provar aos puros e duros do regime, sobretudo os militares, que não corriam perigo de represálias.
 
Em 1985, quando o antigo presidente sul-africano Pieter W. Botha se propusera negociar com ele a liberdade condicional, Nelson Mandela rejeitou a oferta com a célebre mensagem ao seu povo: "Não posso vender o meu direito de nascimento. Só homens livres podem negociar (...)".
 
Cinco anos depois, ao lado de F. W. de Klerk, ele era um homem livre, pronto a negociar. E, em 1993, partilhava já com o presidente sul-africano o Prémio Nobel da Paz, pelos esforços desenvolvidos no sentido de se pôr termo ao regime de segregação racial, e por se terem estabelecido as bases de uma nova África do Sul democrática.
 
Depois, em 10 de Maio do ano seguinte, Nelson Mandela tornou-se ele próprio presidente da África do Sul, naquelas que foram as primeira eleições multirraciais do país. Terminado o mandato presidencial, em 1999, Mandela decidiu abraçar várias causa sociais e de defesa de direitos humanos.
 
Cinco anos mais tarde, ao completar 85 anos, o homem que foi cognominado a Esperança Negra da África do Sul anunciou formalmente que se retiraria da vida pública - na verdade, continuou sempre presente -, e o seu estatuto de ex-prisioneiro político, o prestígio da sua vida cívica exemplar e a enorme dimensão da sua luta épica pela defesa dos direitos humanos mantiveram-no em guarda como uma das consciências morais do Mundo.
 
Jornal de Notícias
 
Mandela: Ban Ki-moon elogia "um gigante pela justiça"
 
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, elogiou hoje Nelson Mandela como “um gigante pela justiça” que inspirou movimentos de libertação no mundo inteiro.
 
“Muito no mundo inteiro foram influenciados pela sua luta altruísta pela dignidade, igualdade e liberdade humana. Ele tocou as nossas vidas de uma forma muito pessoal”, disse Ban Ki-moon aos jornalistas, em tributo a Mandela, que faleceu hoje.
 
RN // ARA
 
Mandela: Barack Obama ordena bandeiras a meia-haste em sinal de luto
 
O Presidente norte-americano ordenou quinta-feira que as bandeiras dos Estados Unidos na Casa Branca e edifícios públicos sejam colocadas a meia-haste em sinal de luto pela morte do antigo chefe de Estado sul-africano Nelson Mandela.
 
A decisão de Obama abrange também as missões diplomáticas norte-americanas, portos militares, estações navais e navios militares e estará em vigor até ao final do dia de segunda-feira.
 
"Hoje, os Estados Unidos perderam um amigo chegado, a África do Sul perdeu um libertador incomparável e o mundo perdeu uma fonte de inspiração para a liberdade, justiça e dignidade humana", referiu Obama num comunicado.
 
O Presidente dos EUA garantiu que a memória de Nelson Mandela será sempre relembrada pelos norte-americanos.
 
Primeiro Presidente negro dos Estados Unidos, Obama esteve com Mandela apenas uma vez, por breves instantes, em 2005, mas entrou na política inspirando-se no herói anti-apartheid e no seu exemplo de vida.
 
A morte de Nelson Mandela, aos 95 anos, quinta-feira À noite em Joanesburgo, foi anunciada pelo Presidente da República da África do Sul, Jacob Zuma, numa comunicação televisiva.
 
Líder da luta contra o "apartheid", Nelson Mandela foi o primeiro Presidente negro da África do Sul, entre 1994 e 1999.
 
JCS // ARA
 
Mandela: Exemplo vai "guiar os que lutam pela justiça e pela paz" - Dilma Rousseff
 
A Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, afirmou hoje que o exemplo de Nelson Mandela "vai guiar os que lutam pela justiça e pela paz", considerando que os brasileiros receberam "consternados" a notícia da morte do ex-presidente da África do Sul.
 
"Personalidade maior do século XX, Mandela conduziu com paixão e inteligência um dos mais importantes processos de emancipação do ser humano da história contemporânea – o fim do "apartheid" na África do Sul", lê-se numa nota de pesar assinada pela Presidente brasileira, Dilma Rousseff, publicada no portal do Governo do Brasil.
 
A governante brasileira destacou ainda "o combate" de Mandela que se "transformou em paradigma, não só para o continente africano, como para todos aqueles que lutam pela justiça, pela liberdade e pela igualdade" e que "o exemplo deste grande líder guiará todos aqueles que lutam pela justiça social e pela paz no mundo".
 
A morte de Nelson Mandela, aos 95 anos, foi anunciada pelo Presidente da República da África do Sul, Jacob Zuma, numa comunicação televisiva.
 
Líder da luta contra o “apartheid”, Nelson Mandela foi o primeiro presidente negro da África do Sul, entre 1994 e 1999.
 
ND // VM
 
Mandela: Merkel recorda líder sul-africano como "exemplo para o mundo inteiro"
 
A chanceler alemã, Angela Merkel, recordou hoje Nelson Mandela como um "exemplo para o mundo inteiro" e recordou que os anos que passou na prisão não o fizeram desviar-se da mensagem pela reconciliação.
 
"Os muitos anos que passou na prisão não dobraram Nelson Mandela. Da sua mensagem pela reconciliação surgiu uma África do Sul nova e melhor", afirmou Merkel, num comunicado difundido pelo seu gabinete.
 
"O exemplo de Nelson Mandela e o seu legado político a favor da liberdade e da não-violência, assim como o seu repúdio por qualquer tipo de racismo ficarão como uma inspiração para o mundo inteiro e por muito tempo", acrescenta a chanceler alemã no comunicado.
 
A morte de Nelson Mandela, aos 95 anos, em Joanesburgo, foi anunciada pelo Presidente da República da África do Sul, Jacob Zuma, numa comunicação televisiva.
 
Líder da luta contra o “apartheid”, Nelson Mandela foi o primeiro Presidente negro da África do Sul, entre 1994 e 1999.
 
FPA // ARA
 

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