O juiz-conselheiro
do Tribunal Constitucional angolano Onofre dos Santos considerou hoje que os
danos resultantes da mais recente tensão diplomática entre Portugal e Angola
são reparáveis, com "tempo e mão de obra".
Em declarações aos
jornalistas, à margem de uma conferência sobre cultura angolana que hoje se
realiza em Lisboa, Onofre dos Santos disse que "todos os danos são
reparáveis" e as relações entre Lisboa e Luanda não são exceção.
"Como num
acidente de carro, não há danos irreparáveis, mas é claro que houve danos que
vão levar algum tempo e mão de obra para serem resolvidos", realçou.
Os danos referidos
dizem respeito à recente tensão diplomática entre os dois países, depois de
declarações do chefe da diplomacia portuguesa, Rui Machete, a propósito de investigações
judiciais a dirigentes angolanos.
Em entrevista à
Rádio Nacional de Angola, em setembro, Rui Machete minimizou as consequências
das investigações da justiça portuguesa e acabou por pedir desculpa a Luanda.
Na sequência disso,
em outubro, o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, descartou, num
discurso perante o Parlamento, uma possível parceria estratégica entre os dois
países.
Lisboa e Luanda
tinham acordado a realização da primeira cimeira bilateral para o próximo mês.
Nesta quarta-feira,
Rui Machete afirmou que a cimeira entre Portugal e Angola não se vai realizar,
mas apenas reuniões bilaterais, insistindo, porém, que as relações entre os
dois países se processam "normalmente".
Questionado sobre
se o Governo português devia pedir desculpa a Angola, o juiz-conselheiro Onofre
dos Santos respondeu: "Tenho a minha opinião, mas não me posso
pronunciar."
Para Onofre dos
Santos, "os agentes agitadores das ideias, que passam por impolutos e
acusam outros de cometerem crimes, como branqueamento de capitais, vão
continuar a usar o processo de denúncia".
Considerando que
tal recurso "é legítimo", o jurista frisa que o é apenas quando as denúncias
partem de factos que "podem ser comprovados". Caso contrário, pode
resvalar em "injustiça" e em fins que não justificam os meios.
Lusa, em Notícias
ao Minuto
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