A implicação dos
militares no narcotráfico na Guiné-Bissau parece não deixar dúvida à sociedade
civil daquele país. A ponto de ter tido um papel importante no golpe de Estado
de 12 de abril de 2012.
Em Cabo Verde
terminou esta quinta-feira (16/01), na Cidade da Praia, a Primeira Conferência
Internacional sobre Políticas de Drogas nos Países Africanos de Língua Oficial
Portuguesa (PALOP). Na conferência participou também o presidente da Liga
Guineense dos Direitos Humanos, Luís Vaz Martins, que disse à DW África ser
incorreto considerar a Guiné-Bissau um narco-Estado: “Não é a melhor maneira de
resolver o problema, apelidar o país de narco-Estado, porque estaremos a criar
maiores problemas do que o narcotráfico já está a criar no país”.
O ativista dos
direitos humanos acredita que a terminologia narco-Estado foi gerada
internamente, na ganância de arrancar apoios financeiros junto da comunidade
internacional: “Às vezes, nessa lógica de aceder a meios financeiros para
resolver os problemas, não somos muito prudentes nas designações que arranjamos
para determinados fenómenos”.
O narcotráfico “presente” no golpe de Estado na Guiné-Bissau
Luís Vaz Martins
reconhece, no entanto, que as instituições guineenses são frágeis e que há um
défice de responsabilização. Afirma que, por isso, o tráfico de droga tem
contribuído também para a deterioração da situação dos direitos humanos na
Guiné-Bissau: “O narcotráfico tem contribuído negativamente para a afirmação da
democracia e o narcotráfico esteve presente no golpe de estado último. A droga
tem a sua parte nesta realidade nefasta que o país atravessa”.
Luís Vaz Martins entende que os militares são “naturalmente” responsáveis por esta situação, mas ressalva que contaram sempre com a cumplicidade de uma
O Brasil discute a liberalização
No Brasil, o tema é outro: está em curso um debate sobre a liberalização da venda de droga no país. Rubens Casara, juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, afirma: “Discute-se muito a necessidade de mudar de paradigma”. O que implica abandonar a repressão como resposta “preferencial” para a questão das drogas, e “passar a investir em políticas de redução de danos”. O especialista admite tratar-se de um tema muito controverso: “Estamos atentos às experiências de legalização e de regulamentação para além do direito penal noutros países”. Rubens Casara destaca o procedimento do Uruguai e do estado federado do Colorado, nos Estados Unidos da América, como possíveis exemplos a seguir no Brasil.
Cabo Verde quer contribuir para o combate ao narcotráfico
Ao discursar
perante membros de governos dos PALOP, representantes diplomáticos e de
organizações internacionais, especialistas e autoridades nacionais e
estrangeiras no domínio da prevenção da toxicodependência e do combate ao
narcotráfico, o Primeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, deixou uma
mensagem de firmeza do seu Governo e da sociedade cabo-verdiana nessa luta
global: “Asseguro a todos que este país será um parceiro útil e estratégico na
luta contra as drogas”.
Deutsche Welle – Autoria:
Nélio dos Santos (Cidade da Praia) – Edição: Cristina Krippahkl / António Rocha
1 comentário:
Isso é verdade se os militares afastarem do Cadogo no poder porque era a unica pessoa que lutava intensamente contra a corrupçao e contra o trafico de drogas. Na Guiné havia pessoas que recebiam duas ou tres vezes o seu salario ditos salarios dos fantomas e o Cadogo acabou com tudo isso, criando assim muitos inimigos. Havia tambem alguns funcionarios da policia que se colocavam nas estradas e a praticar multas atouas aos automobilista e nem essas muitas iriam a caixa do estado e quem acabou com o sistema? Outra vez foi o Cadogo e ali criou mais inimigos! O general presidente tinha confessado a meses atras que foi enganado por alguns civis por afastar-se do Cadogo julgando que se iria melhor mas agora foi ao contrario do que imaginava.Pergunto,porque que nao deixa entao o senhor Cadogo voltar ao pais e participar nestas novas eleiçoes? porque que estao com medo? O Cadogo nao tem armas e entao medo de quem?
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