domingo, 26 de janeiro de 2014

O polémico livro que analisa a teia de ligações entre empresas angolanas e portuguesas

 


O livro "Os Donos Angolanos de Portugal” propõe-se a apresentar as principais redes da relação entre os capitais angolanos e os portugueses, identificando quais os principais protagonistas destes negócios bilaterais.
 
“Os Donos Angolanos de Portugal”, apresentado nesta terça-feira em Lisboa, tem como autores o jornalista Jorge Costa, o sociólogo João Teixeira Lopes e o economista e ex-líder do partido político Bloco de Esquerda, Francisco Louçã. Os três autores desenvolvem ao longo da obra uma profunda análise da rede de ligações entre empresas e personalidades angolanas e portuguesas. Mais concretamente, estudam o poder da burguesia angolana em Portugal e as suas relações com a burguesia portuguesa, considerando que a interligação entre os capitais portugueses e angolanos não tem paralelo na história do pós-colonialismo.
 
Francisco Louçã conta que a obra reflete "a influência estratégica nas telecomunicações, na comunicação social, na banca e no petróleo do capital angolano". Propõem-se a compreender como o capital angolano foi aplicado ao longo dos últimos anos "nos investimentos de todo o grupo que está à volta do Presidente José Eduardo dos Santos".
 
O incentivo ao debate
 
O economista disse à DW África que o livro é o estudo mais completo até hoje realizado sobre a estrutura política e económica do capital angolano em Portugal. O estudo, sublinha, contribui para o conhecimento e debate público sobre uma matéria que é tratada com reticências, relativamente à forma como se processa a acumulação primitiva de riqueza.
 
Francisco Louçã destaca a "enorme riqueza angolana que é transferida para o estrangeiro, nomeadamente para Portugal, através de capitais apropriados pelo pequeno grupo, que em torno da Sonangol, em torno de José Eduardo dos Santos e de Isabel dos Santos investe em bens estratégicos na economia portuguesa que tem uma enorme influência política em Portugal". Louçã ressalva que "conhecermos isso é importante para Portugal e é importante também para Angola, para se saber onde está o dinheiro angolano".
 
O poder profundo do capital angolano em Portugal
 
Jorge Costa, outro dos autores, diz que "há um poder muito profundo do capital angolano em Portugal que resulta também da procura de capitais pelos grupos económicos portugueses descapitalizados", em consequência da crise económica e financeira. O jornalista considera haver um silenciamento das formas como se exerce esse poder e essa influência do regime e da pequena elite angolana sobre Portugal.
 
Tanto mais espantoso é esse silêncio, como a utilização de um país como placa giratória para o branqueamento de capitais, como a utilização que é feita pela elite angolana da praça financeira portuguesa". Para Jorge Costa esse conhecimento é preponderante para a economia portuguesa e mereceria uma atenção que segundo o sociólogo, "não tem".
 
A sala do FNAC no Chiado encheu-se de portugueses e angolanos interessados nesta temática, sobretudo pela reflexão que lança no exercício da cidadania, pelo seu peso na economia portuguesa e na extração da riqueza angolana. Nesta operação, refere ainda Jorge Costa, existe uma cumplicidade profunda de quase todos os partidos políticos e de todos os grandes grupos económicos portugueses. Dá o exemplo da banca.
 
A banca portuguesa em mãos angolanas
 
"Os principais bancos privados portugueses estão hoje na mão de capital angolano, como a Isabel dos Santos ou Sonangol". Para Costa isso não é aceitável "nem na ótica do interesse popular angolano nem na ótica do interesse popular português".
 
No final da apresentação, antes da sessão de autógrafos, o jornalista Nicolau Santos, um dos conhecedores das relações luso-angolanas, surpreendeu a plateia com um poema dedicado ao empreendedorismo de Isabel dos Santos, filha do presidente de Angola, que começou a gerar riqueza vendendo ovos de galinha.
 
Deutsche Welle – Autoria: João Carlos (Lisboa) – Edição: Francisca Bicho / António Rocha
 

1 comentário:

Anónimo disse...

A PSEUDO-ESQUERDA PORTUGUESA segue a trilha da democraCIA:

1 - Nunca se preocupou com os processos internos em Angola enquanto eles tiveram sinal contrário àqueles que perseguiam o objectivo do socialismo (1985/1986)!

2 - Nunca se preocupou pelo resultado disso, ou seja, a aplicação da Doutrina de Choque a Angola e a toda a Região, com a instrumentalização de Savimbi na "guerra dos diamantes de sangue" (1992/2002)!

3 - Também não se preocupou na "síntese entre contrários", que resultou na democracia angolana, mesmo assim uma democracia aberta à RECONSTRUÇÃO NACIONAL, à RECONCILIAÇÃO e à REINSERÇÃO SOCIAL!

4 - A pseudo esquerda, a "cómoda" pseudo esquerda portuguesa, como nada disse em relação à história angolana que deveria ser do seu conhecimento, não tem moral para qualquer tipo de apreciação em relação a Angola!

5 - A pseudo esquerda ao confundir a árvore com a floresta assume algo que não é da esquerda e tem estado visível nas "revoluções coloridas", nas "primaveras árabes" e agora na apodrecida "laranja" da Ucrânia!

6 - Responde assim à voz do dono: usa as técnicas que lhe colocaram nas mão, não só para a decifragem dos tão apregoados conteúdos do livro, mas sobretudo para abrir a via da PROPAGANDA onde esconde inadmissíveis cumplicidades!

7 - Basta de fundamentalismos provocados pela CONTRA REVOLUÇÃO LIBERAL!

Martinho Júnior.

Luanda.

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