Tiago Mota Saraiva –
jornal i, opinião
Em entrevista à
RTP, José Clemente, director do Serviço Urgência na Hospital Garcia de Orta
EPE, afirmou que o caos que se vivia nas urgências do hospital que dirige não
se devia a uma ruptura decorrente dos cortes que o governo impôs. Instado a
aventar causas para o problema, o director do serviço acossado culpou os velhos
por se sentirem doentes e os jovens médicos por demorarem muito tempo com os
doentes. Disse-o certamente por outras palavras, temperadas por um bom lugar de
remuneração acrescida, mas foi este o sentido da sua intervenção. Curiosamente
(ou talvez não) a entrevista depois de ser muito partilhada nas redes sociais
saiu dos arquivo online da RTP.
Não sei se Clemente
é médico de carreira ou um daqueles gestores liquidatário dos serviços públicos,
mas o que fica claro em poucos minutos de entrevista é que é incapaz de gerir
as pessoas que dirige e de respeitar as pessoas que serve. Incomodar
publicamente quem fala assim é, não apenas, um dever de cidadania mas também
uma forma de denunciar quem publicamente desprestigia os seus colegas e humilha
os que merecem os últimos anos de vida que lhes estão a tirar.
O que se passa nos
hospitais públicos, sobretudo com os doentes mais velhos, deve envergonhar-nos
a todos. Não há conversa de café que substitua a denuncia pública.
Permanecer calado
transforma-nos em colaboracionistas.
Escreve ao sábado
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