Díli, 10 jan (Lusa)
- O antigo vice-primeiro-ministro timorense Mário Carrascalão disse hoje à
agência Lusa que a saída de Xanana Gusmão do cargo de primeiro-ministro
pretende alterar a atual situação governativa e prevê um regresso "em
grande".
"Xanana Gusmão
irá alterar a situação para depois aparecer em grande e implementar o plano de
estratégico de desenvolvimento nacional, que, pelos vistos, não está a ser
implementado como gostaria", afirmou Mário Carrascalão, também dirigente
do Partido Social Democrata.
Para Mário
Carrascalão, "uma coisa é certa", o atual primeiro-ministro não se
vai demitir para ter "benefício próprio".
"Talvez seja
uma forma de conseguir criar condições para conseguir realizar os sonhos dele
para Timor de criar uma sociedade mais justa", disse.
Questionado pela
Lusa se o anunciado abandono do cargo de primeiro-ministro estará relacionado
com uma eventual incapacidade para fazer uma remodelação governamental, Mário
Carrascalão disse que a alteração nunca foi feita por "falta de coragem".
No ano passado a
imprensa timorense falou durante meses de uma remodelação, que acabou por não
ser concretizada e que culminou com um retiro governamental para debater a
execução do programa de Governo.
"A minha
perceção é de que este Governo nunca teve objetivos definidos, com passos
devidamente pensados e definidos no sentido de atingir o objetivo final,
seguiu-se mais aquele sistema de vamos corrigindo à medida que vamos
fazendo", disse.
No entanto, segundo
Carrascalão, não houve correções, nem possibilidade de tomar medidas drásticas,
o que atribui à falta de quadros dos partidos no Governo. "Se calhar este
é o caminho para o tal governo de inclusão nacional", sublinhou o antigo
governante timorense.
Para Mário
Carrascalão, com a segurança garantida, o Governo tinha apenas de desenvolver o
país, de "ter capacidade técnica para levar as coisas avante e os
ministros não conseguiram isso".
"Ele (Xanana
Gusmão) tem de criar outro modelo" e deve ter chegado "naturalmente
chegado à conclusão que cometeu um erro ao criar um governo com mais de 50
elementos", disse Carrascalão.
Segundo o político
timorense, Xanana Gusmão é um "homem de unidade nacional" e "não
será ele a criar condições para tal não acontecer".
Sobre uma eventual
data para a saída do primeiro-ministro, Mário Carrascalão não previu nenhuma,
mas, disse, a "partir do momento que foi manifestado publicamente o desejo
[de demissão] o processo vai entrar em andamento e os preparativos vão ser
feitos".
Para a substituição
de Xanana Gusmão, Mário Carrascalão disse que tudo depende daquilo do grau de
associação com a Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (Fretilin),
que surpreendeu ao votar a favor do último Orçamento do Estado do governo
timorense, aprovado no parlamento por unanimidade.
"Na parte
burocrática e administrativa será talvez o Agio Pereira (atual ministro da
Presidência do Conselho de Ministros) se sair fora do âmbito do CNRT, a pessoa
mais indicada que vejo é o Rui Araújo da Fretilin, mas é da Fretilin, e agora
depende do grau de associação", concluiu Carrascalão sobre a sucessão do
primeiro-ministro.
Xanana Gusmão
anunciou quinta-feira que vai deixar em breve o cargo de primeiro-ministro de
Timor-Leste.
Em novembro, o
primeiro-ministro timorense já tinha afirmado à agência Lusa que iria deixar o
poder até 2015 para dar espaço para a geração mais nova assumir a liderança do
país.
MSE // HB - Lusa
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