Folha 8 - 8 de Fevereiro 2014
Embora blindado
pelos seus servos, nem sempre o Presidente da República pode alegar
desconhecimento do que se passa no país real. É o caso. No exercício dos seus
direitos legais, que não deveria ser preciso referir se acaso fossemos uma
democracia, o Presidente da CASA-CE escreveu a Eduardo dos Santos
testemunhando o que, in loco, verificou no dia 30 de Janeiro quando visitou o
acampamento onde foram despejados os cidadãos que viviam na Chicala e no
Kilombo, município das Ingombotas.
Embora seja uma
prática corrente e recorrente, Abel Epalanga Chivukuvuku, alertou o Presidente
da República e chefe do Governo também para a “tentativa de impedimento ilegal
e por meios violentos, por parte de efectivos da Policia Nacional e das Forças
Armadas Angolanas, que chegaram a agredir Odeth Ludovina Baca Joaquim, deputada
e secretária de Mesa da Assembleia Nacional da CASA-CE”.
“Abstenho-me de
explicar-lhe o que pude observar no acampamento da Kissama pela dimensão
ultrajante do tratamento desumano a que estão sujeitos os cidadãos Angolanos,
nossos compatriotas”, escreveu o líder da CASA-CE numa clara e inequívoca
manifestação de repúdio e dor perante a prepotência e desumanidade, quase a
raiar a escravatura, dos poderes públicos.
“Tenho clara noção
das múltiplas responsabilidades que pesam sobre os Vossos ombros, no âmbito da
governação do nosso país”, escreveu Abel Epalanga Chivukuvuku, acrescentando
ter também “plena consciência de que, como humano que Vossa Excelência é,
provavelmente pode não ter o total conhecimento do que vai ocorrendo no nosso
país e eventualmente, mesmo aqui em Luanda.”
O Presidente da
CASA-CE admite até como provável “que grande parte dos relatórios de que
Vossa Excelência se serve para ter uma imagem do país não correspondam à
realidade”.
Com essa presunção
e dando o benefício da dúvida a José Eduardo dos Santos, Abel Epalanga
Chivukuvuku refere que, “humildemente, vos suplico, em nome daqueles que
sofrem no acampamento da Kissama, que consagre uma manhã da sua agenda, por
mais carregada que ela esteja, para ir visitar o acampamento da Kissama e ver
com seus próprios olhos para que confirme se o que tem sido feito com as
transferências forçadas de cidadãos, coincide ou não com o Vosso projecto de
governação e se coincide ou não com as Vossas instruções”.
Abel Epalanga
Chivukuvuku diz acreditar que, “depois da constatação” que o Presidente da República
possa eventualmente fazer, “o sofrimento e a injustiça contra os angolanos da
Chicala e do Kilombo terminarão imediatamente”.
Recorde-se que mais
de mil famílias, que habitavam nos bairros Kilombo e Chicala foram coercivamente
transferidas para a comuna do Zango, em Viana, a propósito da dita
requalificação urbana de Luanda levada a cabo pelo Governo Provincial.
Numa acção que não
levou em conta a precariedade dos moradores em matéria de acesso à informação
relativa ao processo, as autoridades iniciaram as demolições resguardadas por
um forte dispositivo militar.
Sendo o processo de
requalificação elaborado em cima do joelho, remendado consoante as urgências,
até há casos de gente que já vira a sua anterior casa demolida, no bairro do Iraque,
por exemplo, e que fora realojada na Chicala mas que, agora, volta a ser
atirada para outro local.
Embora não sejam
exigentes como deveriam, muitos dos realojados garantem que as novas casas não
têm as mínimas condições de habitabilidade. Se a isso se juntar a inexistência
de escolas e de outras estruturas de apoio, como transportes públicos, fica-se
certamente com a noção de que o inferno deve ser mesmo ali.
A
Sua Excelência
Senhor José Eduardo
dos Santos
Presidente da
República de Angola
LUANDA
Excelência!
Aceite os meus
respeitosos cumprimentos.
Na minha qualidade
de Presidente da Convergência Ampla de Salvação de Angola – CASA-CE, e de
servidor do cidadão, visitei nesta manhã do dia 30 de Janeiro de 2014, o
acampamento onde foram despejados os cidadãos que viviam na Chicala e no
Kilombo, município das Ingombotas. E, apesar da tentativa de impedimento ilegal
e por meios violentos, por parte de efectivos da policia nacional e das forças
armadas angolanas, que chegaram a agredir a senhora Odeth Ludovina Baca
Joaquim, Deputada e 4ª Secretária de Mesa da Assembleia Nacional, consegui
fazer a visita.
Abstenho-me de
explicar-lhe o que pude observar no acampamento da Kissama pela dimensão
ultrajante do tratamento desumano a que estão sujeitos os cidadãos Angolanos,
nossos compatriótas.
Excelência!
Tenho clara noção
das múltiplas responsabilidades que pesam sobre os Vossos ombros, no âmbito da
governação do nosso país.
Também, tenho plena
consciência, de que, como humano que Vossa Excelência é, provavelmente pode não
ter o total conhecimento do que vai ocorrendo no nosso país e eventualmente,
mesmo aqui em Luanda. Até é provavel que grande parte dos relatórios de que
Vossa Excelência se serve para ter uma imagem do país não correspondam a
realidade.
Assim,
humildemente, vos suplico, em nome daqueles que sofrem no acampamento da
Kissama, Senhor Presidente, consagre uma manhã da sua agenda, por mais
carregada que ela esteja, para ir visitar o acampamento da Kissama e ver com
seus proprios olhos para que confirme se o que tem sido feito com as
transferencias forçadas de cidadãos, coincide ou não com o Vosso projecto de
governação e se coincide ou não com as Vossas instruções.
Tenho a certeza de
que depois da vossa constatação, e se não coincidir com o Vosso pensamento, o
sofrimento e a injustiça contra os Angolanos da Chicala e do Kilombo
terminarão imediatemente.
Finalmente, informo
a Vossa Excelência, que tenciono voltar a visitar o acampanento da Kissama
para mais uma vez procurar constatar se houve ou não mudança na condição de
vida daqueles Angolanos.
Luanda, aos 30 de
Janeiro de 2014.
Respeitosamente
Abel Epalanga
Chivukuvuku
Presidente da
CASA-CE
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