Médica cubana acusa
revista Veja de distorcer suas declarações. “Saiu tudo diferente do que a gente
falou. Não sei se eles tinham um interesse com a matéria, mas estamos muito
chateados”
“Eu vim para o
Brasil para trabalhar, não para ficar dando entrevistas”, foi assim que Yamile
Mari Min, médica cubana que atua no posto de saúde do Bairro Santa Luzia, me
recebeu no início da tarde desta segunda-feira. Por diversas vezes, ela já
havia sido procurada pela nossa equipe, mas se recusava a falar.
O meu objetivo era
repercutir reportagem publicada pela Revista
Veja, que denuncia suposta tentativa de pressão por parte do Ministério da
Saúde e do governo de Cuba para que os médicos da ilha de Fidel Castro
permaneçam no país. Segundo a revista, Vivian Isabel Chávez Pérez (chamada de
capataz dos médicos na reportagem) exerceria esta função e teria, sob ameaças,
conseguido manter as duas médicas cubanas em Jaraguá do Sul.
O fato foi desmentido
pelo o secretário de Saúde, Ademar Possamai (DEM), que foi citado pela revista.
Segundo ele, em dezembro, as médicas estavam com dificuldades de adaptação e
quase chegaram a se desligar, mas depois de contato do Ministério da Saúde, o
problema foi solucionado e hoje está tudo bem. Depois de alguns minutos de
conversa no consultório, Yamile foi perdendo a desconfiança e admitiu que foi
procurada pela Veja na semana passada, mas disse que se negou a falar por
entender que parte da imprensa vem tratando deste assunto sob a ótica
estritamente política. “Eu e todos os médicos cubanos sabíamos quanto iríamos
ganhar ao vir ao Brasil. Ninguém é obrigado a nada, a gente se inscreve sabendo
de tudo. Eu estou aqui para ajudar o meu país”, resumiu a cubana já com sorriso
no rosto e falando um bom português. Para ela, a prova da importância do
programa é a satisfação da comunidade.
A polêmica em torno
da presença dos profissionais cubanos no Brasil está no fato de que eles
recebem R$ 1mil ao mês, os outros R$ 9 mil a que teriam direito são depositados
em uma conta do governo de Cuba. No término do contrato, quando retornam para
casa, os médicos recebem mais um percentual do valor, o restante fica com os
cofres públicos, funciona como um imposto retido na fonte em um país onde a
educação e a saúde são 100% financiadas pelo governo.
De Cuba para
Jaraguá do Sul
Yamile Mari Min,
médica cubana que atua no Posto do Santa Luzia e foi citada pela Revista Veja
desta semana, critica decisão de Ramona Matos Rodriguez, que deixou o programa
Mais Médicos e entrou com uma ação trabalhista por danos morais de R$ 149 mil
contra o governo federal. Os cubanos recebem R$ 1 mil ao mês, auxílio moradia,
alimentação e transporte.
A matéria da edição
desta semana da Revista Veja denuncia pressão para permanência de médicos
cubanos no país, citando profissionais que estão em Jaraguá do Sul. A
reportagem cita suposta declaração da coordenadora de Atenção Básica no
município, Nádia Silva, que teria dito: “(elas) sofreram um impacto psicológico
muito grande por causa dessa diferença de tratamento (salário). Não havia uma
semana que não reclamassem das dificuldades de viver aqui”. Procurada pela
coluna ontem, Nadia desmentiu as informações publicadas na revista. “Na verdade
saiu tudo diferente do que a gente falou. Não sei se eles tinham um interesse
com a matéria, mas estamos muito chateados”, contesta a coordenadora, que
admite que em dezembro as duas médicas pensaram em deixar o município, mas
acredita que tenha sido por dificuldade de estar longe dos familiares e amigos.
“Está tudo muito bem”, avalia.
Correio do Poovo,
em Pragmatismo Político
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