Paris – O líder da Frente de Libertação do Enclave de Cabinda/Forças
Armadas de Cabinda (FLEC/FAC), Nzita Tiago, disse à PNN que a FLEC está pronta
para negociar directamente com Angola e aguarda que José Eduardo dos Santos
nomeie «urgentemente» uma delegação para iniciarem os contactos.
Segundo o líder da
FLEC/FAC «várias vezes» transmitiu ao presidente angolano a vontade do
movimento independentista cabinda para negociar e «pôr um termo à guerra no
enclave que se arrasta desde 1974», no entanto nunca obteve uma resposta
concreta, disse Nzita Tiago.
Fazendo alusão ao
encontro em Adis Abeba dos Ministros dos Negócios Estrangeiros africanos, que
antecede a Cimeira da União Africana (UA), Nzita Tiago defende que os Estados
africanos «devem incluir Cabinda na sua agenda para a Cimeira».
Para o líder da
FLEC/FAC o estado de guerra em Cabinda e o prolongado impasse na resolução
desse conflito tem impedido o desenvolvimento do enclave, mas também «tem
fomentado cada vez mais um clima de tensão que subitamente poderá disparar nas cidades
e traduzir-se em violência generalizada».
Por outro lado,
para o líder da FLEC/FAC o conflito em Cabinda não deve ser encarado apenas
como um «problema interno de Angola» dado que «envolve numerosos interesses
económicos e políticos na sub-região» assim como implica directamente a Europa,
EUA e Brasil «porque estes estão directamente envolvidos na questão através da
cooperação, investimentos empresariais e semi-industriais».
Para Nzita Tiago o
recente período de «calma aparente registada em Cabinda não trouxe qualquer
efeito positivo para a abertura de canais de diálogo e negociações, dado que
todas as possibilidades de diálogo foram minadas por alguns angolanos e
cabindas que continuam a beneficiar do estado de guerra no enclave e a fazerem
de Cabinda, assim como de supostas negociações, um verdadeiro comercio e
negócio».
Nzita Tiago
recordou que as tentativas precedentes de diálogo foram «compulsivamente
travadas e boicotadas devido à falta de interlocutores fidedignos de ambas as
partes», assim, defende o líder da FLEC/FAC, «qualquer diálogo deverá ser
estabelecido por uma delegação da FLEC/FAC, e outra nomeada pelo presidente
angolano, devendo estas respeitar escrupulosamente as instruções directas da
chefia da FLEC e de José Eduardo dos Santos».
«Estou realmente convencido
que José Eduardo dos Santos quer a paz em Cabinda, mas as pessoas a quem o
presidente angolano delega o dossier de Cabinda não estão a tratar do dossier
como o presidente quer», concluiu Nzita Tiago.
PNN Portuguese, em Angola 24 Horas
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