REDESCOBRIR
A HISTÓRIA
Martinho Júnior,
Luanda (ler parte antecedente - HAITI
– A APOSTA PELA VIDA
4 – De entre as coisas que a contra revolução liberal pretende ocultar, em
função das ideologias e das práticas por que se nutre no âmbito do “mercado
global” dominado pelos oligopólios, pelos cartéis e pelos seus cada vez mais
mercenários instrumentos de opressão, está a própria história!
Interessa à ditadura do capital e ao fascismo concomitante que por seus
decretos a história seja abolida, para ser esquecida tal qual ela é e, em sua
substituição, seja inventada a mentira na base de seus exclusivos interesses e
de suas egoístas conveniências!
Para o caso do Haiti não é preciso decreto: esquecer a sua história é o que tem
acontecido desde a sua independência… mais um feito glorioso da “civilização ocidental”!
Daí que o Haiti, conforme ainda Eduardo Galeano, é um “país invisível”, em
relação ao qual de há muito vêm apagando a memória!...
5 – É evidente que a história de Haiti é importante para África, desde os
tempos da escravatura!
É uma história que deveria figurar nos compêndios escolares do
continente-berço, que se deveria ensinar desde logo às crianças, para que os
adultos estivessem minimamente avisados… mas África é precisamente um dos
continentes em que a epopeia do povo haitiano é menos lembrada… não vá a
memória contagiar e fazer mexer com os povos, que se querem adormecidos,
anestesiados e… submissos!
É só constatar a proliferação das religiões “importadas” por África, surgidas
em tempo de “mercado”: o tempo que a atenção a elas é devotadamente entregue
por tantos milhões de cordeiros… e comparar com a ignorância completa em
relação ao Haiti, cuja história deveria estar presente em África, para se poder
avaliar da oportunidade dos resgates contemporâneos que há que realizar em nome
da paz, do aprofundamento da democracia, do equilíbrio e da justiça social
imprescindíveis!
Por isso Eduardo Galeano ao fazer ao seu jeito peculiar a recuperação da
memória relativa ao Haiti, tem imenso mérito no seu reparo que não pode ser
mais um acto singular, por que essa memória é um património inalienável para
toda a humanidade… para os encontros e reencontros que deveremos assumir em
toda a humanidade:
… “De todo eso sabemos poco o nada.
Haití es un país invisible.
Sólo cobró fama cuando el terremoto del año 2010 mató más de 200 mil haitianos.
La tragedia hizo que el país ocupara, fugazmente, el primer plano de los medios
de comunicación.
Haití no se conoce por el talento de sus artistas, magos de la chatarra capaces
de convertir la basura en hermosura, ni por sus hazañas históricas en la guerra
contra la esclavitud y la opresión colonial.
Vale la pena repetirlo una vez más, para que los sordos escuchen: Haití fue el
país fundador de la independencia de América y el primero que derrotó a la
esclavitud en el mundo.
Merece mucho más que la notoriedad nacida de sus desgracias”…
6 – A “civilização ocidental” só se lembra do Haiti, precisamente por causa de
nele subsistirem as velhas religiões africanas, tirando partido também do Haiti
se ter tornado num beco, num acantonamento, em relação ao qual o império tira
partido das condições físico-geográficas no terço ocidental da Hispaniola:
… “El cruce de la frontera entre la República Dominicana y Haití se llama El
mal paso.
Quizás el nombre es una señal de alarma: está usted entrando en el mundo negro,
la magia negra, la brujería...
El vudú, la religión que los esclavos trajeron de África y se nacionalizó en
Haití, no merece llamarse religión. Desde el punto de vista de los propietarios
de la civilización, el vudú es cosa de negros, ignorancia, atraso, pura
superstición. La Iglesia Católica, donde no faltan fieles capaces de vender
uñas de los santos y plumas del arcángel Gabriel, logró que esta superstición
fuera oficialmente prohibida en 1845, 1860, 1896, 1915 y 1942, sin que el
pueblo se diera por enterado.
Pero desde hace ya algunos años las sectas evangélicas se encargan de la guerra
contra la superstición en Haití. Esas sectas vienen de Estados Unidos, un país
que no tiene piso 13 en sus edificios, ni fila 13 en sus aviones, habitado por
civilizados cristianos que creen que Dios hizo el mundo en una semana.
En ese país, el predicador evangélico Pat Robertson explicó en la televisión el
terremoto del año 2010. Este pastor de almas reveló que los negros haitianos
habían conquistado la independencia de Francia a partir de una ceremonia vudú,
invocando la ayuda del Diablo desde lo hondo de la selva haitiana. El Diablo,
que les dio la libertad, envió al terremoto para pasarles la cuenta”…
Essa é também uma das razões da implantação da base militar de Guantánamo,
tornada prisão por parte do império, num dos recantos mais orientais de Cuba: é
simultaneamente um constante “aviso” em relação à revolução cubana e ao
tradicionalmente insurgente Haiti, que lhe fica tão próximo!
Guantánamo tem seu próprio poder “sugestivo e persuasivo” enquanto prisão:
contribui para que o império mantenha a pretensão de tornar Cuba e o Haiti como
países bloqueados e, na medida do possível, “invisíveis”!!!
Gravura: Quadro dum pintor haitiano contemporâneo e não referenciado.
Artigos publicados por Martinho Júnior:
- As muitas lições do Haiti – http://paginaglobal.blogspot.com/2011/05/as-muitas-licoes-do-haiti.html
- Vencer os traumas – http://pagina--um.blogspot.com/2011/04/vencer-os-traumas.html
- Memória da escravatura e da sua abolição – http://paginaglobal.blogspot.pt/p/memoria-da-escravatura-e-da-sua-abolicao.html
- Os desafios das terra montanhosas – I – II – http://tudoparaminhacuba.wordpress.com/2012/06/20/os-desafios-das-terras-montanhosas-i/;
http://tudoparaminhacuba.wordpress.com/2012/06/20/os-desafios-das-terras-montanhosas-ii/
Outras consultas:
- Haití, país ocupado – http://www.brecha.com.uy/inicio/item/9182-haiti-pais-ocupado
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