A nova diretora da
CPLP defendeu uma ação crítica e continuada por parte da organização no
acompanhamento do processo de adesão plena da Guiné Equatorial à CPLP, ainda
pendente devido a violação dos Direitos Humanos.
A Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa (CPLP) segue com atenção o Plano de Ação acordado com
o Governo de Malabo no âmbito do polémico pedido de adesão da Guiné-Equatorial
a membro de pleno direito da organização lusófona.
Entre as medidas, o
Estado africano chefiado pelo Presidente Teodoro Obiang Nguema terá de banir da
sua Constituição a prática da pena de morte.
Georgina Benrós de
Mello, a nova diretora da organização, disse em entrevista à DW África que
várias missões da CPLP têm feito o devido acompanhamento do referido plano:
"Vai-se continuar a fazer o devido acompanhamento, se os planos acordados
estão ou não a ser cumpridos". E destaca que quando a cimeira entender que
o grau de cumprimento é satisfatório a adesão daquele país poderá acontecer.
A nova diretora da
CPLP aponta ainda os pontos que devem ser mudados por Malabo antes da adesão:
"Que a qualidade da vida das pessoas mudou, que as comunidades estão a
obedecer aqueles cânones que respeitam o príncipios da CPLP, a cimeira em
questão tomará a decisão a seu tempo."
Portugal é, entre os países membros, o único que se opõe à admissão deste país africano, que já goza do estatuto de observador desde 2006.
Malabo primeiro
deve respeitar os cânones da CPLP
Georgina Mello
acredita que a língua portuguesa é um património histórico que poderá
alargar-se à Guiné Equatorial pelo interesse económico subjacente ao desejo de
adesão formulado em 2010. "Eu entendo que é do interesse da CPLP que eles
façam parte, se eles estão a fazer um esforço muito grande, aceitaram cumprir
um plano de trabalho para cumprir, para resolver os problemas de direitos
humanos, a questão da pena de morte", defendeu.
Este dossier, já
adiado na cimeira de Maputo de 2012, voltará a estar na agenda da próxima
reunião dos chefes de Estado e de Governo, que terá lugar na capital timorense,
Díli, em julho deste ano.
Por outro lado,
Georgina Mello, que iniciou funções esta segunda-feira (03.02.), aplaude os
esforços em curso para se ultrapassar a crise político-militar que opõe o
Governo da FRELIMO e as forças da RENAMO, principal partido da oposição em
Moçambique.
E manifestou otimismo em relação ao processo negocial. "É que efetivamente estão em curso esforços de busca de soluções negociadas. Eu acredito que a solução de todos os problemas. Portanto, eu acredito que é esse o caminho e que se vai encontrar a solução, ninguém deseja a guerra, todos querem o progresso", declarou.
No dia em que iniciou funções, a economista cabo-verdiana defendeu uma Comunidade Lusófona com mais conteúdo, aberta – 18 anos depois da sua criação – ao reforço da participação empresarial e da sociedade civil.
Mais concretamente,
ela quer pôr a organização a fomentar iniciativas que possam dar
sustentabilidade aos esforços dos Governos e dos Estados-membros:
"Desenvolver mais as relações entre os nossos países, para que haja mais
relação social, mas também mais relação económica e financeira, mais circulação
de pessoas e bens, de mercadoria e serviços, porque é com o comércio que se
melhora a qualidade de vida das pessoas."
Incremento das
relações comerciais e económicas
Falando de instrumentos de apoio, Georgina Mello aponta vários parceiros, entre estes as organizações e instituições financeiras internacionais.
Uma delas é a Organização Mundial do Comércio (OMC), que tem à sua frente o brasileiro Roberto de Azevedo. "E é um indicador de que poderemos contar com essa organização, vamos ver como para que a sua ação nos nossos países sejam mais efetiva, para que possamos trazer maior suporte as ações dos governos na realização dos seus compromissos de adesão", adiantou.
A produção agrícola e a segurança alimentar nos países membros fazem parte dos desafios.
Segundo a nova
diretora geral, esta nova visão corresponde aos anseios da comunidade
internacional que, ao delinear a Agenda pós 2015, tem em conta a realização dos
Objetivos de Desenvolvimento do Milénio fixados pelas Nações Unidas.
Georgina de Mello substitui o guineense Helder Vaz Lopes, que voltou à vida política na Guiné-Bissau.
A nova diretora da
CPLP já disse que uma das suas principais tarefas será a de dar “mais conteúdo
de sociedade e empresa” à organização lusófona, ou seja, propõe o reforço da
abertura da organização à sociedade civil e empresarial.
Na foto: Georgina
Mello, nova diretora da CPLP
Deutsche Welle – Autoria:
João Carlos (Lisboa) – Edição: Nádia Issufo / Madalena Sampaio
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