quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

PORTUGAL: A GRANDE FARSA EM QUE VIVEMOS…

 

António Borges
 
Não nutrindo grande simpatia pelo senhor (para o que ele se está, com certeza, absolutamente nas tintas…e muito bem…), sem que estejam em causa os excepcionais dotes literários que possui, e muito menos por uma questão pessoal já que nem sequer o conheço, não resisto no entanto, a respigar neste texto uma parte substancial dum artigo que escreveu, subordinado ao título “Portugal – visto por António Lobo Antunes”, no qual glosa, a meu ver, e de forma brilhante, com alguns aspectos do nosso actual quotidiano.
 
Diz Lobo Antunes: “…Passa uma senhora de saco de compras: não estamos assim tão mal, ainda compramos coisas, que injustiça tanta queixa, tanto lamento…!
 
Isto é internacional, e nós estúpidos, culpamos logo o governo…
 
Quem nos dá este solzinho, quem é? E de graça! Eles a trabalharem para nós, a trabalharem, a trabalharem e a gente, mal agradecidos, protestamos. Deixam de ser ministros e a sua vida um horror, suportado em estóico silêncio. Veja-se, por exemplo, o Sr. Mexia, o Sr. Dias Loureiro, o Sr. Jorge Coelho, coitados! Não há um único que não esteja na franja da miséria. Um único! Mais aqueles rapazes generosos que, não sendo ministros, deram o litro pelo país e só por orgulho não estendem a mão à caridade.
 
O Sr. Rui Pedro Soares, os Srs. Penedos, pai e filho, que isto da bondade, às vezes é hereditário, dúzias deles. Tenham sentido da realidade, portugueses, sejam gratos, sejam honestos, reconheçam o que eles sofreram, o que sofrem!
 
Uns sacrificados, uns Cristos, que pecado feio é a ingratidão!
 
O Sr. Vale e Azevedo, outro santo, bem o exprimiu em Londres. O Sr. Carlos Cruz, outro santo, bem o explicou em livros! E nós, por pura maldade, teimamos em não entender. Claro que há povos ainda piores do que o nosso: os islandeses, por exemplo, que se atrevem a meter os beneméritos em tribunal!
 
Pelo menos nesse ponto, vá lá, sobra-nos um resto de humanidade, de respeito. Um pozinho de consideração por almas eleitas, que Deus acolherá decerto, com especial ternura, na amplidão imensa do Seu seio. Já o estou a ver: senta-te aqui ao meu lado, ó Loureiro; senta-te aqui ao meu lado, ó Duarte Lima; senta-te aqui ao meu lado ó Azevedo. O mínimo que se pode fazer por esses Padres Américos, pela nossa interminável lista de bem-aventurados, banqueiros, coitadinhos, gestores, que o céu lhes dê saúde e boa sorte, e demais penitentes de coração puro, espíritos de eleição, seguidores escrupulosos do Evangelho.
 
E com a bandeirinha nacional na lapela, os patriotas, e com a arraia-miúda no coração.
 
E melhoram-nos, obrigando-nos a sacrifícios purificadores, aproximando-nos dos banquetes de bem-aventuranças da Eternidade!
 
As empresas fecham, os desempregados aumentam, os impostos crescem, penhoram casas, automóveis, o ar que respiramos, e a maltosa incapaz de enxergar a capacidade purificadora destas medidas!
 
Reformas ridículas, ordenados mínimos irrisórios, subsídios de cacaracá? Talvez. Mas passaremos sem dificuldade o buraco da agulha, enquanto os Loureiros todos abdicam, por amor ao próximo, de uma Eternidade feliz?
 
A transcendência deste acto dá-me vontade de ajoelhar-me à sua frente. Dá-me vontade? Ajoelho à sua frente indigno de lhes desapertar as correias dos sapatos…Vale e Azevedo para os Jerónimos, já! Dias loureiro para o Panteão, já! Jorge Coelho para o Mosteiro de Alcobaça, já! Sócrates para a Torre de Belém, já!
 
Fora com o Soldado Desconhecido, o Gama, o Herculano, as criaturas de pacotilha com que os livros de história nos enganaram. Que o Dia de Camões passe a chamar-se Dia de Armando Vara. Haja sentido das proporções, haja espírito de medida, haja respeito, Estátuas Equestres para todos, veneração nacional!
 
Esta mania tacanha de perseguir o Sr. Oliveira e Costa! Libertem-no! Esta pouca vergonha contra os poucos que estão presos, os quase nenhuns que estão presos, como o provou o Sr. Vale e Azevedo, como provou o Sr. Carlos Cruz, hedionda perseguição pessoal com fins inconfessáveis.
 
Admitam-no. E voltem a pôr o Sr. Dias Loureiro no Conselho de Estado de onde o obrigaram, por maldade e inveja, a sair.
 
Quero o Sr. Mexia no Terreiro do Paço, no lugar de D. José que, aliás, era um pateta.
 
Quero outro mártir qualquer, tanto faz, no lugar do Marquês de Pombal, esse tirano.
 
Acabem com a pouca vergonha dos Sindicatos.
 
Acabem com as greves, os protestos, por favor deixem de pecar.
 
Como pedia o Dr. João das Regras, olhai, olhai bem, mas vede. E tereis mais fominha e, em consequência, mais Paraíso! Agradeçam este Solzinho.
 
Agradeçam a Linha Branca.
 
Agradeçam a sopa e a peçazita de fruta do jantar.
 
Abaixo o Bem-Estar.
 
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Sinceramente, sejamos justos, a que mais se pode aspirar?
 
O resto são coisas insignificantes: desemprego, preços a dispararem, não haver com que pagar ao médico e à farmácia…ninharias. Como é que ainda sobram criaturas com a desfaçatez de protestarem?
 
Da mesma forma que os processos importantes em tribunal, a indignação há-de fatalmente prescrever. E, magrinhos, magrinhos mas com peitos de litro e beijando-nos uns aos outros com os bifes nas bocas seremos, como é nossa obrigação, felizes…”.
 
O tom jocoso do texto de Lobo Antunes não esconde, porém, a triste realidade daquilo que é hoje o nosso país, antes denuncia, com veemência, alguns dos aspectos mais evidentes que vêm caracterizando esta ditadura que se pretende disfarçar de democracia: a corrupção e a protecção dada a corruptos de determinadas castas, a bajulação relativamente à banca e ao grande capital, a sufocante carga fiscal sobre os estratos populacionais mais débeis, o desemprego absurdo (porque resultante na sua maior parte das políticas erradas…maugrado os tais “sinais”…), as penhoras sobre aqueles que vêem, sem apelo nem agravo, os seus rendimentos a diminuir perante o tirânico esbulho por imposição governamental, e a destruição de serviços de apoio social cuja conquista nos orgulhava, tudo sob o olhar “desatento” (ou atrasado…) de uma justiça que tarda em fazê-la!
 
Desatenta a justiça, mas mais que atenta a governação, sempre pronta a iludir com “show-off’s” este estado de coisas, usando tal como nos diz Mário Motta no seu artigo “Fado, Futebol e Fátima voltaram a Portugal. E a Ditadura?”, publicado a 20 de Janeiro no blog “Página Global”, “…para alienar e mascarar a miserável realidade portuguesa, protagonizada pelos verdadeiros roubos aos seus cidadãos, pela pobreza para que os empurraram e continuam a empurrar, pela desigualdade gritante que, sem dúvida alguma, é inadmissível num país que se diz, e era suposto, viver numa democracia representativa dos seus eleitores, onde os eleitos zelassem pelos interesses dos que neles votaram – que é o mesmo que zelar por Portugal sem “efes”, sem aprendizes nem sábios de ditaduras disfarçadas de democracia.
 
E Mário Motta acrescenta que Portugal é muito digno e quando o não é, a causa não é o seu povo mas sim os péssimos políticos que, para serem eleitos, usam e abusam de falsidades inadmissíveis. O resultado, acrescenta ainda Motta, é este engano permanente que tem levado os portugueses a votarem onde e em quem não devem.
 
E esse engano materializa-o o governo com um “foguetório” em que são intervenientes entusiastas os principais ministros do actual executivo, nomeadamente o primeiro-ministro, o vice primeiro-ministro, a inefável ministra das finanças, começando também a aparecer em tal “função” o novo ministro da economia e, muito menos, mas o suficiente…demais até, alvitro eu, o Sr. Poiares Maduro, esse “cavaleiro da triste figura”, cuja função neste governo me escapa…”foguetório” esse em que os ilustres governantes não se cansam de enfatizar os excelentes “sinais” precursores de um futuro risonho, muito embora, advertem prudentes…não estejamos ainda totalmente fora de eventuais dificuldades…” que, a acontecerem, não serão por certo culpa sua (credo…só um cérebro distorcido poderia arquitectar tal alarvidade…) e muito menos das miseráveis políticas que perseguem mas, muito provavelmente…digo eu…dessa corja dos reformados, que insiste, teima mesmo em viver, apesar de suficientemente espoliada dos seus magros rendimentos, de tal modo que, na sua maioria, dificilmente arranja meios que lhes permita subsistir com o mínimo de dignidade…ou talvez mesmo…dos funcionários públicos e dos professores, calaceiros incorrigíveis…para não falar dos militares e dos polícias, essa cáfila de parasitas inúteis, fechados nos quartéis e nas esquadras, a jogar “póker” e a chupar “minis”…sendo por essas e por outras que os nossos competentes e esforçados governantes se obrigam, apesar dos tais “sinais”, a prosseguir com a sua depuradora política de austeridade…para nosso bem, claro! Escumalha! Ingratos…ingratos é o que são, reiterando aquilo que atrás foi dito por Lobo Antunes…
 
Logo, a acreditar nesta treta facilmente chegaremos à conclusão que, embora o país melhore (discurso oficial…eles é que dizem, provavelmente a pensar nas próximas eleições…), a vida dos portugueses piora a olhos vistos, com a perspectiva anunciada pela excelsa ministra das finanças de que nada será como dantes! Não percebi essa de que nada será como dantes (deficiência minha…quem sou eu…), pensando no entanto que a Sra. Ministra poderia querer dizer que não esperássemos um novo período de abundância, em tudo semelhante aquele em que andámos por aí a esbanjar muito, muito acima das nossas possibilidades! Um esbanjar parecido ao que se fazia nas empresas públicas…não é verdade Sra. Ministra? Não concorda…?
 
Ó Sra. Ministra, se nada vai ser como dantes, como explica as realidades insertas nas duas fotografias? É que, comparando-as apenas diferencio as designações: “sopa dos pobres” em 1945 e “distribuição alimentar” em 2013…quanto ao resto é a fome que está ali retratada, fome em 1945…e fome em 2013! Os senhores não têm vergonha por estarem ao leme de um país que, dito desenvolvido, oferece ao mundo esta deplorável e trágica imagem?
 
É a degradação geral da nossa sociedade, com retrocessos em tudo o que é canto, sempre justificados, mas impostos em prol não sei de quê…não sei mas desconfio…leis restritivas por dá cá aquela palha, enfim, um povo espartilhado, sem perspectivas, sem emprego, sem saúde, sem educação, enfim, sem futuro, governado por demagogos e incompetentes…mas que mantêm os privilégios para determinadas “castas” à cabeça das quais está a classe política, mas também alguns intocáveis como por exemplo os diplomatas e os juízes (nomeadamente os do TC…), o Banco de Portugal e a CGD…e outros…vamos lá a saber porquê?
 
A degradação política (esta de ordem moral…) acompanha também a degradação social dum povo que esta malfadada governação quer ver empobrecer…para melhor apoiar a alta finança e as grandes empresas, onde esta malandragem espera sempre vir a arranjar, no futuro, um “agasalho” compatível com a sua condição…alta, altíssima condição…temos que dar valor ao mérito!
 
Disso mesmo nos fala o Professor Paulo Morais, quando discursava no XV Encontro Público da Plataforma Activa da Sociedade Civil, a 29 de Novembro de 2013, na Sala do Senado da AR. Disse então Paulo Morais:
 
“…Nesta mesma casa, sede do regime democrático e republicano, e perante aqueles que tinham acabado de o eleger, o Presidente Manuel de Arriaga, ciente de que haviam depositado nas suas mãos um bem precioso – a liberdade – prometeu, em nome dessa mesma liberdade, a eliminação de privilégios que, sendo mantidos à custa da depressão e da ofensa aos nossos semelhantes eram, para ele, malditos.
 
A eliminação de privilégios malditos, porque o são à custa de um país deprimido, deve ser uma preocupação primeira da AR, herdeira do nome e dos princípios da República de Manuel de Arriaga…”.
 
Por esse motivo, é entendimento de Paulo Morais que “…esta Assembleia devia combater todos os privilégios indevidos, na defesa da ética republicana, e dos ideais de liberdade e igualdade que enformam o mundo democrático contemporâneo. Mas, se é verdade que vivemos hoje em liberdade, é também certo que, infelizmente a nossa democracia carece de um enorme aprofundamento e melhoramento. A proximidade entre interesses privados e o bem público é, actualmente, a regra vigente da promíscua política nacional. A vida política é hoje interpretada por actores que, frequentando simultaneamente os dois mundos, o dos negócios e o do interesse público, confundem, em permanência, a lealdade que devem ao povo com a fidelidade a quem os remunera.
 
Este é um problema generalizado que se tem feito sentir nos diversos governos e nas entidades reguladoras, assumindo particular simbolismo naquele que é o primeiro dos órgãos representativos do regime – o parlamento.
 
No parlamento português, nas últimas legislaturas, têm sido inúmeros os deputados que duma forma aparente, potencial ou real, se colocavam ou colocam em situação de conflito de interesses.
 
As ligações empresariais dos deputados fazem-se sentir nos múltiplos sectores, mas principalmente naqueles em que a promiscuidade é mais rentável, das obras públicas ao ambiente, das finanças à saúde, da agricultura ao imobiliário.
 
Há dezenas de deputados que acumulam a função parlamentar com a de administrador, director, consultor ou advogado de empresas que desenvolvem grandes negócios com o estado…”.
 
Nada do que ficou dito foi contestado pelo que, como diz o povo “…quem cala consente…”. Mas, a sabedoria popular não se queda por aí, também dizendo que “…quanto mais se mexe na merda mais ela fede…”, o que talvez explique o silêncio em relação ao discurso de Paulo Morais…
 
Por alguma razão Portugal em cerca de 10 anos, desceu 10 lugares (passou de 23.º para 33.º…) no “ranking” mundial da corrupção, ocupando agora uma invejável posição: situa-se entre os mais corruptos do planeta! Na EU apenas tem atrás de si a Itália e a Grécia!
 
Em perfeita sintonia com o discurso governamental estão os “barões” da EU, que decidiu (provavelmente, quem sabe… terão vindo cá ver…viram-nos?) que estamos melhor…nós e os restantes “resgatados”, ou a resgatar…tudo está melhor…um autêntico paraíso na terra… tudo para ver se conseguem passar a tese da austeridade, e de quanto ela foi, e vai continuar a ser, benéfica para os nossos destinos…
 
Neste quadro, em que ninguém acredita, a ministra de Estado e das Finanças afirmou na pretérita sexta-feira, dia 31 de Janeiro, que o país “…está numa fase de melhoria da actividade económica e do sentimento de confiança…”, admitindo que ainda existem muitos desafios a vencer, o que abre a porta a futuras arbitrariedades, muito semelhantes às já cometidas…mas lá estou eu outra vez! Que ingratidão…que ingratidão… em não reconhecermos aos governantes o direito natural (divino até…) de nos conduzir… de nos amarfanhar, e até de nos foder até à medula, caso seja essa a terapia necessária…
 
Por sua vez, o ministro Paulo Portas, considerou, no mesmo dia, ser um motivo de esperança a descida, “…lenta mas consistente…”, da taxa de desemprego…mas, claro, se ninguém acredita na anterior, neste então…
 
E como não há bela sem senão, logo no mesmo dia, ficámos a saber pelo secretário de estado do orçamento que a dívida pública terá atingido em finais de 2013, 129% do PIB (contra as perspectiva governamental que apontava para 127,8%...) adiantando o Sr. secretário de estado que “…apesar dos esforços de consolidação orçamental não foi ainda possível a redução da dívida pública…”. Ainda, diz o homem…
 
Em 31 de Janeiro tomámos também conhecimento de que o número de empresas que antecipa ter de despedir em 2014 aumentou, face aos dados disponíveis, diminuindo, por outro lado, o número daquelas que espera contratar (INE). Como havemos nós de interpretar este “sinal”? E qual a compatibilidade com o que disse P. Portas? E como se compatibiliza isto com a “…melhoria da actividade económica…” de que nos falava a Sra. ministra das finanças?
 
Entretanto, segundo o mais recente Barómetro i/Pitagórica (publicado no pretérito sábado), os portugueses mostram-se pouco ou nada confiantes com a recuperação económica tão badalada pelo governo, situando a sua actuação (do governo, bem entendido…) em 7,1%, numa escala de 0 a 20, o que significa um novo chumbo às suas políticas, com 35,5% dos inquiridos a opinar que 2014 será igual a 2013, logo muito mau, 29,5% a considerar que será ainda pior, e vá lá…25,5% que vão na mesma linha da governação…( famílias, amigos, correligionários, “boys” e “girls”, “primos” e “primas” e demais beneficiários…da distinta classe política, claro, completarão a %...?)
 
O mesmo Barómetro “preocupa-se” igualmente com Cavaco Silva, atribuindo àquele que é já considerado pelo povo português “…o pior Presidente da República desde o advento da democracia…” a brilhante classificação de 7,9% em 20 valores máximos!
 
Podemos portanto estar descansados…a crer nas estatísticas, estamos bem entregues…
 
E por estarmos bem entregues, e porque o resultado da governação é muito promissor, o mundo do trabalho, anunciou já pela voz do SG da Intersindical, que falava nas manifestações que se realizaram no último fim de semana, um pouco por todo o país, sob o lema “…Basta de injustiças e Desigualdades…”, que os meses de Fevereiro e Março serão meses de luta, com greves, paralisações a par de outros eventos, visando “…a resolução dos problemas que afectam a vida dos trabalhadores…”.
 
E agora, para terminar, que já vai demasiado longo este meu arrazoado, permito-me ainda transcrever do artigo “A Farsa”, da autoria de José Manuel Neto Simões, publicado em 15.01 pelo “Público”, a citação que faz de Miguel Torga:
 
“…Estamos de luto pela humilhação e falta de ética de quem nos governa. Há a liberdade de falar e há a liberdade de viver, mas esta só existe, quando se dá às pessoas a sua irreversível dignidade social…”.
 

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