Xanana Gusmão,
líder da resistência timorense que na passada semana visitou Portugal, confessa
em entrevista ao Diário de Notícias, publicada este domingo, que está chocado
com “a situação portuguesa” e de outros países como “a Grécia” porque “a
população está a sofrer”. Na sua opinião, “o Mundo anda muito errado e perdeu a
noção do humanismo e o sentido da existência”.
Em entrevista ao
Diário de Notícias, publicada na edição deste domingo, o líder da resistência
timorense, Xanana Gusmão, comenta a situação económica e financeira que o
Mundo, particularmente a Europa, atravessa.
Questionado sobre
se “desconfia dos métodos de ajuda” da grande finança e dos mercados, Xanana é
perentório na resposta: “não desconfio, sei”. Como exemplo, conta que “em 2000,
tive um encontro com Mahathir (antigo primeiro-ministro da Malásia) e vi como é
que aplicaram remédios a todas as doenças e nada resolveram”.
“É como quando se
referem à democracia: ‘Calcem este sapato de democracia’. Só que é um calçado
com a mesma medida para todos e [que] não respeita as diferenças”, afirma. O
atual primeiro-ministro timorense salienta, como “tem vindo a dizer em fóruns
internacionais”, que “o sistema está moribundo e o shut down do governo
americano bem o mostrou e obrigou a que o Congresso tivesse de levantar o teto
da dívida”.
Mas mais do que
isso, o que o “choca são os triliões de euros e de dólares que se evadem. Ou
seja, este sistema está a produzir os grandes e os ricos. Não é correto”,
advoga Xanana Gusmão.
Neste sentido,
também o modelo da União Europeia “está falhado” e, mais concretamente sobre
Portugal revela que está “chocado com a situação portuguesa mas não só, também
a da Grécia e de outros países”.
“Choca-me no
sentido de a população estar a sofrer e fico alarmado que cada país tente
resolver por si o seu problema. E em cada país vejo as pessoas responsáveis a
disputar o papel de herói. Não dá para ser assim nestas ocasiões, temos de
tentar todos juntos resolver porque quem sofre é o povo”, alerta.
O líder da
resistência timorense conclui, por isso, que “o Mundo anda muito errado e
perdeu a noção do humanismo e o sentido da existência”.
Ana Lemos – Notícias
ao Minuto
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