Pedro Tadeu – Diário
de Notícias, opinião
Os Estados Unidos
não vão combater a Rússia. A NATO também não. A União Europeia ainda menos.
Porquê? Têm medo. A não ser que os seus líderes estejam loucos. Por isso, a
Rússia pode violar o direito internacional.
E então? A segunda
invasão dos Estados Unidos da América ao Iraque violou o direito internacional:
George W. Bush alegou na altura a "legítima defesa preventiva" por,
supostamente, Saddam ter armas de destruição maciça que poderiam atingir a América.
Se houvesse provas disso, a base jurídica para lançar o ataque estava
encontrada.
Essas provas não
existiam. Apesar do parecer contrário do Conselho de Segurança da ONU (e até da
França e da Alemanha) as tropas americanas avançaram. Isto está contado e
recontado. A contagem dos mortos, no entanto, está por fazer: estima-se entre
100 mil e 500 mil pessoas.
Nesse dia 20 de
março de 2003 voltámos ao tempo em que bastava a vontade de um príncipe para
ser declarada uma guerra internacional. A civilização andou para trás.
Vladimir Putin, o
presidente russo, tem tiques de príncipe, mas quando John Kerry, o chefe da
diplomacia americana, o acusa de comportamento do século XIX por enviar tropas
para a Crimeia está a omitir o precedente que legitimou um membro permanente do
Conselho de Segurança das Nações Unidas a invadir outro país sem base jurídica
válida. Esse precedente proveio dos gabinetes da Casa Branca.
As retaliações
económicas e a queda nas bolsas para a Rússia serão nuvens passageiras. Na
Ucrânia o poder político é frágil, de legitimidade duvidosa e, ainda por cima,
corre para os braços de um empréstimo do FMI que lhe vai proibir qualquer
veleidade bélica. Se, mesmo assim, houver guerra na Crimeia, o mundo ocidental
ficará a assistir à mortandade, a comentar, a condenar e, cinicamente, a
comercializar armas.
Os príncipes dos
países mais poderosos do mundo não precisam saber direito internacional.
PS: José (Zeca)
Mendonça é funcionário do PSD há quase 40 anos e, em 1977, passou a assessor de
imprensa desse partido. Viveu imensos episódios turbulentos, desde Sá Carneiro
até Passos Coelho. No domingo à noite teve, segundo o próprio, "um momento
de descontrolo" quando pontapeou um fotógrafo da agência Global Imagens
(dirigida por mim) que, sem bulício, se aproximava para fotografar do melhor
ângulo possível a chegada de Miguel Relvas ao Conselho Nacional do partido.
Conclusões? Tiro duas: Em primeiro lugar, Mendonça, figura envernizada, revela,
no final da carreira, a pele de um brutamontes reprimido. Em segundo lugar, basta
a presença de Relvas para, no PSD, começarem a aparecer, rapidamente,
"momentos de descontrolo".
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