Mansoa,
Guiné-Bissau, 19 mar (Lusa) - O representante das Nações Unidas na
Guiné-Bissau, José Ramos-Horta, classifica o país como "um oásis de
tolerância num continente onde há muitos problemas étnicos e religiosos".
Aquele responsável
falava na terça-feira à margem de um encontro com o líder dos imãs (chefes
islâmicos) do país, em Mansoa, e em que foram discutidos os apoios que estes
podem dar para o sucesso das eleições gerais de 13 de abril.
"A
Guiné-Bissau é um oásis de tolerância num continente onde há muitos problemas
étnicos e religiosos. Vemos os problemas que estão a acontecer, por exemplo, na
Nigéria, República Centro Africana, Mali, Somália", entre outros, notou o
representante da ONU.
Na Guiné-Bissau,
apesar dos problemas causados pela elite política ou classe castrense não há
guerra, acrescentou Ramos-Horta, destacando o papel dos líderes muçulmanos
nesse contexto.
"Os chefes
religiosos, os imãs da Guiné-Bissau, têm uma doutrina de moderação,
apaziguadora, de serenidade", em vez de "confrontação" e
"agressividade", enfatizou o responsável da ONU, prometendo dar mais
apoio às suas ações.
"Devem ser reconhecidos
e apoiados", sublinhou Ramos-Horta, ao anunciar que vai falar com outros
responsáveis de instituições internacionais para que passem a dar mais atenção
às ações dos líderes muçulmanos.
"Vou pedir aos
meus colegas da comunidade internacional para que oiçam mais os imãs sobre como
avançarmos com o processo de paz e de modernização da Guiné-Bissau",
referiu.
Por seu lado, o
presidente da União Nacional dos Imãs da Guiné-Bissau, Bubacar Djaló, destacou
o papel pacificador da figura de José Ramos-Horta no país e disse esperar que
as próximas eleições "decorram da melhor forma".
"Esperamos que
as eleições decorram da melhor forma pelo excelente trabalho que Ramos-Horta
tem feito ao longo desse tempo em que tem estado entre nós", afirmou
Bubacar Djaló.
Os muçulmanos
representam 45% da população (1,7 milhões) da Guiné-Bissau, segundo dados do
Instituto Nacional de Estatísticas e Censo.
A Guiné-Bissau
realiza eleições gerais a 13 de abril, que marcam o fim do período de transição
que se seguiu ao golpe de Estado de 12 de abril de 2012.
MB // VM – Lusa, em
Porto Canal
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