domingo, 13 de abril de 2014

CRIMINALIDADE INFANTOJUVENIL ESTÁ A AUMENTAR EM ANGOLA



Folha 8 – 29 março 2014

A crimina­lidade in­fantojuve­nil está a aumentar em Ango­la como demonstram estatísticas da Direcção Nacional de Investigação Criminal (DNIC), que em 2013 re­gistou em todo o país 991 casos contra os 969 do ano anterior envolvendo menores de idade.

Angola prepara-se para substituir o actual Código Penal, que vigora desde 1886, e uma das alterações é a redução da responsabi­lidade criminal de 16 para 14 anos, prevista no pro­jecto de lei a ser submeti­do à discussão e votação na Assembleia Nacional.

No entanto, a redução da idade de imputabilidade criminal não colhe a una­nimidade. Recentemen­te, o Procurador-Geral da República, João Maria de Sousa, à margem da abertura de um seminário sobre Direitos Humanos e Acesso à Justiça para magistrados do Ministé­rio Público, manifestou a sua discordância com essa redução, mostrando-se céptico quanto à eficácia dessa alteração na resolu­ção do problema da crimi­nalidade no país.

“Não sei se será com a re­dução da idade imputável que vamos resolver os problemas que temos no país sobre a criminalida­de”, disse o Procurador­-Geral da República.

Entretanto, a chefe de De­partamento de Prevenção e Combate à Delinquência Juvenil da DNIC, Luísa Paim, mostrou-se favorá­vel à redução da idade na responsabilidade criminal.

“Sou apologista de que deve ser reduzida, mas é preciso que sejam cria­das condições, centros de internamento, para que esses menores possam lá estar internados e a faze­rem algo que seja útil à so­ciedade”, defendeu Luísa Paim.

Segundo aquela responsável, os números falam por si e demonstram a neces­sidade de alteração.

As estatísticas da DNIC sobre o aumento da cri­minalidade infanto-juvenil dão conta que tem havido um crescimento gradual deste fenómeno. Em 2011 foram registados 964 ca­sos, em 2012 o número su­biu para 969 e em 2013 foi de 991.

Luanda lidera anualmente a lista de crimes, marcada maioritariamente por vio­lações e homicídios, se­guindo-se as províncias de Benguela e Huíla, ambas no centro-sul de Angola.

Luísa Paim disse que dia­riamente chegam àquele departamento casos de menores entre os nove e 15 anos, de vários estratos sociais, maioritariamente de famílias em dificulda­des, muitos deles reinci­dentes.

Entre 1996 e o terceiro semestre de 2000, segun­do dados divulgados pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a polícia angolana registou 2.730 casos, tendo deles participado 3.567 menores, dos quais 442 do sexo fe­minino.

Do total de menores, 2.587 foram entregues às famí­lias com um acompanha­mento sócio-educativo, enquanto 980 foram en­caminhados ao julgado de menores e posteriormente entregues aos pais.

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