Folha 8 - 29 março
2014
O propósito das
mais recentes reportagens que a portuguesa TVI fez sobre Angola, o Folha 8
colocou a José Alberto Carvalho, Director de Informação, algumas questões.
“Não é verdade”, foi a resposta dada a todas elas.
Vejamos. É ou não
verdade que a equipa da TVI, liderada pelo Jornalista Victor Bandarra, teve o
apoio logístico (viaturas e motorista) do Jornal de Angola/Edições Novembro? É
ou não verdade que a TVI contou para a realização dessas reportagens com
outros apoios, institucionais e logísticos, de empresas entidades afectas ao
Governo? É ou não verdade que essas reportagens resultaram de um convite do
Director do Jornal de Angola/Edições Novembro? É ou não verdade que existe um
acordo com o Jornal de Angola/Edições Novembro para um futuro intercâmbio
informativo?
Factos. “O
mais-velho Garcia”, como é apelidado na reportagem o motorista que transportou
a equipa da TVI, é motorista das Edições Novembro/Jornal de Angola na área da
Administração servindo o seu PCA, José Ribeiro.
A viatura (que
aparece na reportagem, conduzida por Garcia), um Toyota Land Cruiser V8 e é o
antigo carro do Director-Geral, agora PCA, José Ribeiro. O outro Land
Cruiser de cor branca que aparece ao lado do V8 é o mesmo tipo de modelo que o
Jornal de Angola usa como carro de reportagem.
As imagens são
inequívocas, a não ser que o motorista se tenha demitido e a viatura tenha
sido oferecida ao motorista, pelo que o peremptório “não é verdade” de José
Alberto Carvalho pode revelar que ele pura e simplesmente mente ou desconhece a
verdade. Isto para além de uma prévia declaração de interesses que Víctor Bandarra
deveria fazer, porquanto em 2011 o Jornal de Angola contratou Víctor Bandarra
para palestrante numa conferência sobre, e citamos, “O Funcionamento da
Redacção”.
Este caso, bem como
o teor das reportagens que foram emitidas em horário nobre da TVI, explicam o
tom muito “Alice no País das Maravilhas” com que Víctor Bandarra mostra uma
Angola que, apesar de se estar a desenvolver, não é aquela que este descreve,
onde a pobreza… existe mas não se mostra, porque é mesmo só os “Novos Caminhos
de Angola”.
Víctor Bandarra
poderá sempre contar com mais palestras nas Edições Novembro e no Jornal de
Angola se continuar neste jornalismo de publi-reportagem, com o suporte da
Direcção de Informação, que de informada ou não está nada, ou por simplesmente
ter poupado uns milhares devido ao alto patrocínio de José Ribeiro, dos carros
do jornal, do seu motorista e quem sabe de umas lagostas na viagem. Mas, de
facto, quem paga é o cidadão porque o Jornal de Angola vive de dinheiro do
Estado, logo vive do dinheiro público.
E como uma mão lava
a outra e o dinheiro lava a cara, já ninguém na TVI tem memória para se recordar
que, em Outubro do ano passado, o Jornal de Angola atacou forte e feio a TVI,
acusando os seus jornalistas de serem analfabetos, virando todas as baterias
para José Alberto Carvalho (director de informação) e Judite Sousa
(directora-adjunta], tratando-a como a “segunda dama de Seara”.
Nesse texto sobre a
“fuga dos escriturários”, o nosso diz que a “TVI apresentou num dos seus
noticiários o Jornal de Angola como ‘a voz oficial do regime angolano’”.
Mostrando ser um paradigma do que de mais nobre, puro e honorável existe no jornalismo
moderno, o jornal de José Ribeiro, Artur Queiroz e companhia, escreveu que “a
TVI é a voz oficial da dona Rosita (Rosa Cullell, administradora delegada da
Media Capital, dona da TVI) dos espanhóis” ou, em alternativa, “voz do conde
Pais do Amaral, então presidente do Conselho de Administração da Media
Capital“.
Mas há mais. “A TVI
é a voz oficial de José Alberto Carvalho, que a jornalista Manuela Moura
Guedes tratou por Zé Beto e apodou de burro”; “o canal de televisão é a voz
oficial da segunda dama de Seara, inesperadamente apeada de primeira dama de
Sintra”.
Com este cenário,
com a reacção do órgão oficial do regime, sendo o nosso país um mercado apetitoso
pelo dinheiro marginal que tem, pelos caixotes diplomáticos cheios de dólares
que aterram em Lisboa, pelos avultados investimentos que faz nas lavandarias
portuguesas, a TVI do – citemos o Jornal de Angola - “escriturário” José
Alberto Carvalho e da “ex-primeira dama de Sintra”, tinha de fazer alguma
coisa, engrossando a sabujice lusa.
E quem melhor do
que Victor Bandarra, um jornalista amigo do presidente do Conselho de Administração
das Edições Novembro, e director do Jornal de Angola, António José Ribeiro,
para lavar a imagem do regime e, dessa forma, sanar as divergências entre os
“escriturários” de Queluz de Baixo e os crónicos candidatos ao Prémio
Pulitzer?
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