O Governo
moçambicano acusou hoje a Renamo, o principal partido da oposição do país, de
recusar o desarmamento do seu braço armado, considerando que "a
desmilitarização" do movimento é fundamental para a paz no país.
No âmbito do Acordo
Geral de Paz (AGP) de 1992, a Renamo (Resistência Nacional Moçambicana)
desarmou a maioria da sua antiga guerrilha, mantendo ativo um contingente
residual destinado à segurança dos seus líderes, mas que o partido tem usado
como um meio de pressão política, como aconteceu agora na sequência do litígio
à volta da lei eleitoral.
O chefe da
delegação do executivo moçambicano às negociações com a Renamo (Resistência
Nacional Moçambicana), José Pacheco, acusou o movimento de pretender evitar a
"desmilitarização" da sua força, em declarações aos jornalistas,
momentos antes do início de mais uma ronda negocial entre as duas partes, no
âmbito dos esforços visando a restauração da estabilidade política e militar no
país.
"A Renamo,
pelos sinais que dá, recusa-se a ser desmilitarizada e só eles sabem
porquê", afirmou José Pacheco, a propósito do impasse que prevalece nas
negociações com o principal partido da oposição sobre o desarmamento da
organização.
O chefe da
delegação do Governo às negociações com a Renamo enfatizou que apenas o Estado
moçambicano deve deter estruturas de defesa e segurança.
"Não faz
sentido nenhum que um partido político tenha homens armados. As forças de
defesa e segurança são monopólio do Estado", enfatizou José Pacheco.
Por seu turno, o
chefe da delegação negocial da Renamo, Saimone Macuiana, manteve a posição do seu
partido de que as duas partes devem entender-se primeiro sobre "o
cessar-fogo", discutindo depois a questão relacionada com o desarmamento
da Renamo.
"Nós viemos
com abertura para tentar concluir a questão relacionada com os termos de
referência dos observadores internacionais sobre o cessar-fogo", afirmou o
chefe da delegação da Renamo.
Os dois lados
chegaram há duas semanas a acordo sobre a presença de observadores
internacionais na fiscalização do cessar-fogo, mas ainda não se entendem sobre
o desarmamento do principal partido da oposição.
Apesar de o
diferendo eleitoral ter sido ultrapassado com a aprovação de emendas propostas
pelo principal partido da oposição, continuam a ser reportadas escaramuças
entre o exército e os homens armados da Renamo, no centro do país.
Lusa, em RTP
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