sábado, 12 de abril de 2014

Guiné-Bissau: Nuno Nabiam e Simões Pereira posicionados para liderar os destinos do país




Bissau - Na recta final da campanha eleitoral, as tendências de voto indicam que o futuro do país deverá ser liderado por duas caras da nova geração guineense: Nuno Nabiam, na Presidência, e Domingos Simões Pereira na Chefia do Governo, os mais bem colocados para vencer as eleições Gerais de 2014.

Nuno Nabiam era, até há pouco tempo, um elemento estranho à política guineense. Oriundo da Aviação Civil, organismo que liderava, Nabiam era de início acusado por muitos de ser apenas uma «marioneta» de Koumba Yalá, ex-líder do PRS recentemente falecido. 

Mas a verdade é que, apesar do seu até agora anonimato, soube ao longo da vida tecer uma teia de relações que o colocaram bem junto dos principais líderes guineenses. Cunhado do ex-Presidente Nino Vieira, parceiro de negócios de António Indjai, e herdeiro político de Koumba Yalá, no PRS, e de Satú Camará, no PAIGC. 

Um conjunto apreciável de apoios, que o colocam como favorito nas Presidenciais e lhe concedem crédito na capacidade de estabelecer acordos internos com vista à estabilidade política guineense. Ao nível externo, Nabiam conta com o apoio dos países da CEDEAO (por intermédio de Koumba Yalá, que tinha garantido este apoio antes da sua morte) e sobretudo dos EUA, país no qual trabalhou e onde casou. 

Uma das dúvidas reside em saber como irá Nabiam conciliar as exigências dos EUA, que ainda há bem pouco tempo voltaram a pedir a cabeça do CEMGFA António Indjai pelo seu alegado envolvimento em acções de narcotráfico, e a importância das FA´s num contexto de estabilização do país.

A segunda grande dúvida reside em qual poderá ser a reacção do eleitorado à morte de Koumba Yalá, e o impacto que isso terá na votação final. Se por um lado, a morte de Koumba poderá afastar parte do eleitorado balanta para o candidato oficial do PRS, Abel Incada (também ele de etnia balanta), por outro lado, há quem defenda que o desaparecimento do ex-Presidente da República poderá ter como efeito cativar os descontentes do PRS e do próprio PAIGC, que olhavam, até agora, com desconfiança para a excessiva influência que Koumba apresentava sobre Nabiam.

O principal opositor de Nabiam na luta Presidencial será o candidato José Mário Vaz, do PAIGC. Beneficia da força da máquina partidária, e sua eventual vitória colocaria o partido na frente da Presidência e da Primatura, uma situação que, à partida, seria também um garante da estabilidade política futura.

Isto porque nas eleições Legislativas, Domingos Simões Pereira, recentemente eleito Presidente do PAIGC, é o grande favorito para liderar o futuro Governo guineense. 

Figura reconhecida a nível internacional pelo seu excelente desempenho enquanto Secretário Executivo da CPLP, goza de crédito na comunidade internacional, que lhe reconhece capacidades de reformar as instituições do país. 

Com um perfil mais técnico que político, espera-se que Domingos Simões Pereira, enquanto Primeiro-ministro, coloque ordem nas contas públicas do país, retome as medidas para o desenvolvimento guineense e dê passos concretos com vista ao restabelecimento da credibilidade da Guiné-Bissau enquanto pais.

À semelhança de Nabiam, ao longo do seu percurso Domingos Simões Pereira foi também capaz de criar uma rede de contactos junto dos países que foram os tradicionais doadores internacionais para o desenvolvimento guineense. 

Após as eleições é esperado que estas boas relações, existentes até ao Golpe de Estado de 12 de Abril de 2012, liderado por António Indjai, venham a ser recuperadas, deixando para trás o percurso acidentado que o Governo de transição impôs à população guineense nos últimos dois anos.

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