Bissau - Na recta
final da campanha eleitoral, as tendências de voto indicam que o futuro do país
deverá ser liderado por duas caras da nova geração guineense: Nuno Nabiam, na
Presidência, e Domingos Simões Pereira na Chefia do Governo, os mais bem colocados
para vencer as eleições Gerais de 2014.
Nuno Nabiam era,
até há pouco tempo, um elemento estranho à política guineense. Oriundo da
Aviação Civil, organismo que liderava, Nabiam era de início acusado por muitos
de ser apenas uma «marioneta» de Koumba Yalá, ex-líder do PRS recentemente
falecido.
Mas a verdade é que, apesar do seu até agora anonimato, soube ao longo da vida
tecer uma teia de relações que o colocaram bem junto dos principais líderes
guineenses. Cunhado do ex-Presidente Nino Vieira, parceiro de negócios de
António Indjai, e herdeiro político de Koumba Yalá, no PRS, e de Satú Camará,
no PAIGC.
Um conjunto apreciável de apoios, que o colocam como favorito nas Presidenciais
e lhe concedem crédito na capacidade de estabelecer acordos internos com vista
à estabilidade política guineense. Ao nível externo, Nabiam conta com o apoio
dos países da CEDEAO (por intermédio de Koumba Yalá, que tinha garantido este
apoio antes da sua morte) e sobretudo dos EUA, país no qual trabalhou e onde
casou.
Uma das dúvidas reside em saber como irá Nabiam conciliar as exigências dos
EUA, que ainda há bem pouco tempo voltaram a pedir a cabeça do CEMGFA António
Indjai pelo seu alegado envolvimento em acções de narcotráfico, e a importância
das FA´s num contexto de estabilização do país.
A segunda grande dúvida reside em qual poderá ser a reacção do eleitorado à
morte de Koumba Yalá, e o impacto que isso terá na votação final. Se por um
lado, a morte de Koumba poderá afastar parte do eleitorado balanta para o
candidato oficial do PRS, Abel Incada (também ele de etnia balanta), por outro
lado, há quem defenda que o desaparecimento do ex-Presidente da República
poderá ter como efeito cativar os descontentes do PRS e do próprio PAIGC, que
olhavam, até agora, com desconfiança para a excessiva influência que Koumba
apresentava sobre Nabiam.
O principal opositor de Nabiam na luta Presidencial será o candidato José Mário
Vaz, do PAIGC. Beneficia da força da máquina partidária, e sua eventual vitória
colocaria o partido na frente da Presidência e da Primatura, uma situação que,
à partida, seria também um garante da estabilidade política futura.
Isto porque nas eleições Legislativas, Domingos Simões Pereira, recentemente
eleito Presidente do PAIGC, é o grande favorito para liderar o futuro Governo
guineense.
Figura reconhecida a nível internacional pelo seu excelente desempenho enquanto
Secretário Executivo da CPLP, goza de crédito na comunidade internacional, que
lhe reconhece capacidades de reformar as instituições do país.
Com um perfil mais técnico que político, espera-se que Domingos Simões Pereira,
enquanto Primeiro-ministro, coloque ordem nas contas públicas do país, retome
as medidas para o desenvolvimento guineense e dê passos concretos com vista ao
restabelecimento da credibilidade da Guiné-Bissau enquanto pais.
À semelhança de Nabiam, ao longo do seu percurso Domingos Simões Pereira foi
também capaz de criar uma rede de contactos junto dos países que foram os
tradicionais doadores internacionais para o desenvolvimento guineense.
Após as eleições é esperado que estas boas relações, existentes até ao Golpe de
Estado de 12 de Abril de 2012, liderado por António Indjai, venham a ser
recuperadas, deixando para trás o percurso acidentado que o Governo de
transição impôs à população guineense nos últimos dois anos.
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