domingo, 13 de abril de 2014

INDICADORES DE SAÚDE EM ANGOLA CONTINUAM FRACASSADOS



Agostinho Gayeta – Voz da América

LUANDA — Perto do limite das metas do milénio indicadores de saúde em Angola continuam fracassados.

O défice investimento na formação dos técnicos do sector, a escassez de infraestruturas e de equipamentos capazes de dar resposta adequada aos problemas sanitários do país, as mortes materno-infantis e por malária são indicadores mais do que suficientes para se concluir que Angola ainda está muito a quem das metas do milénio em relação à saúde.
 
Sobre os indicadores sanitários o Bastonário da Ordem dos Psicólogos de Angola Carlinhos Zassala aponta a ausência de políticas que visam o desenvolvimento da medicina preventiva.

“Nos países desenvolvido previlegia-se mais a medicina preventiva. No nosso país a medicina preventiva quase não funciona e a medicina curativa é muito deficiente”.

A malária continuar a ser a maior causa de morte em Angola. A doença é um dos indicadores que qualificam os problemas saúde em Angola como sendo crónicos.

O ex-deputado pela Bancada da UNITA Makuta Nkondo aponta como exemplo da gravidade do sector sanitário em Angola o estado dos hospitais dos bairros periféricos de Luanda, o número de pacientes para cada médico e as dificuldades de acesso aos serviços básicos sanitários por parte da população mais desfavorecida.

As doenças de fórum psicológico são muitas vezes ignoradas nos projectos megalómanos de saúde, de alguns países africanos, principalmente em Angola.

O Bastonário da Ordem dos Psicólogos de Angola entende que as patologias de fórum mental deviam estar também na ordem das prioridades do governo angolano. Carlinhos Zassala calcula que 90 porcento dos angolanos padeça de enfermidades, na sua maioria, psicossomáticas.

Nos países onde se dá prioridade a medicina preventiva as pessoas têm hábito de fazer um “check up” pelo menos uma vez por ano para saber o seu estado de saúde. Hoje em dia há muitas doenças que no estado latente quando não se manifestam as pessoas poderão pensar que estão de boa saúde”.

Zassala explica por outro lado que o stress é uma das maiores causas da morte silenciosa em Angola devido a sua forte capacidade de redução as forças de resistência dos organismos contra as doenças.

O Orçamento Geral do Estado para 2014 atribui à Saúde 4.3 porcento do seu valor global, calculado em mais de quatro triliões de kwanzas.

Priorizar o cumprimento dos Objectivos do Desenvolvimento do Milénio, reduzindo a mortalidade materno-infantil e as doenças crónicas não transmissíveis são alguns dos desafios do Ministério da Saúde para o ano 2014.

Para o analista Makuta Nkondo os problemas de saúde em Angola arrastam-se há mais de 30 anos e, resolvê-los em alguns meses é impossível.

O ex-deputado pelo “Galo Negro” aponta igualmente como preocupante em Angola o difícil acesso aos medicamentos.

“Eu não acredito que o MPLA venha a resolver os problemas de saúde em dois anos. Problemas estes que não conseguiu resolver em 39 anos de poder”.

O actual sistema de sanitário angolano reclama igualmente, segundo Carlinhos Zassala, a falta de técnicos farmacéuticos, por isso entende que a sua formação a nível local devia ser prioridade nos planos do Executivo.

O também docente universitário fala da importância do controlo “cerrado” da qualidade dos medicamentos que entram em Angola.

“Deveríamos pelo menos começar a pensar em formar farmacéuticos e estes podiam produzir medicamentos a nível do nosso país. Hoje em dia fala-se de muitos medicamentos que praticamente são piratas, não produzem o efeito desejado. Temos medicamentos que vêm da Índia, da China de todos países do mundo sem qualquer controlo eficiente.”

De 14 á 17 deste mês, Luanda será palco da 1ª reunião dos Ministros Africanos da Saúde.

O objectivo é obter consenso quanto a criação de um Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças, bem como mecanismos de responsabilização conjunta para a implementação das Declarações e dos Compromissos assumidos pelos ministros da saúde do continente.

Consta ainda do programa uma revisão do estado do plano de África para acabar com a mortalidade materna e infantil evitável.

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