Depois da troca de
palavras com a presidente da Assembleia da República - e do polémico "o
problema é deles", de Assunção Esteves -, os capitães de Abril já
decidiram o que vão fazer.
Carlos Abreu e
Manuela Goucha Soares
Os militares que
fizeram o 25 de Abril vão intervir publicamente no dia em que se celebram os 40
anos da Revolução dos Cravos. "Iremos preparar uma intervenção e vamos
torná-la pública no dia 25 de Abril. Ainda não decidimos qual vai ser o local",
diz ao Expresso Vasco Lourenço, presidente da Associação 25 de Abril.
O conteúdo da
intervenção vai ser debatido pelo militares "no âmbito da
Associação". "Não tenho por hábito preparar as intervenções de forma
isolada, mesmo que no final seja eu a redigi-la", refere Vasco Lourenço.
Por sua vez, o
presidente da Associação dos Oficiais das Forças Armadas (AOFA), Pereira
Cracel, considera que "presidente da Assembleia da República tem sido
infeliz na forma como fala e nas posições assumidas".
"Compreendemos
a posição [de Assunção Esteves]. Os governantes não gostam de ouvir as associações
de militares, na medida em que não glorificam a sua atuação. É expectável que
os capitães de Abril fossem colocar em causa o que está a acontecer",
considera Pereira Cracel.
A reação do
ministro da Defesa, que saiu em defesa de Assunção Esteves, não surpreendeu os
militares da AOFA. "Aguiar-Branco já nos habituou a repetir refrões. Foram
os militares que deram ao ministro da Defesa a oportunidade de dizer as
asneiras que vai dizendo", afirma Pereira Cracel ao Expresso.
No ano em que se
comemoram os "40 anos do 25 de Abril, acontecimento promovido pelos
militares, era compreensível que os protagonistas dessa gloriosa data pudessem
usar da palavra", acrescenta o presidente da AOFA.
Entretanto,
o grupo parlamentar do partido socialista pediu a Assunção Esteves a
convocação de uma conferência de líderes por causa da ausência dos capitães de
Abril na cerimónia oficial no Parlamento.
Em carta dirigida a
Assunção Esteves e assinada por Alberto Martins, líder da bancada, os
socialistas escrevem que "a pretensão dos capitães de Abril de falar na
sessão solene do 25 de Abril tornou-se um facto público que a Assembleia da
República deve apreciar em tempo útil."
Assunção Esteves
afirmou, esta quinta-feira, que convidou a Associação 25 de Abril para estar
presente - e "só" isso - na sessão solene comemorativa da revolução e
que se os militares impõem a condição de falar "o problema é deles".
Fonte socialista
aponta ao Expresso que "assunto nunca foi discutido em
conferência de líderes, o único local onde tem de ser discutido". A
próxima reunião está agenda para 23 de abril, data que "pode ser
tardia".
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